Na Comunicação Institucional: Encerra o ciclo da mulher mais diplomática da PNA

Num recente decreto do Presidente da República e Comandante-em-Chefe, João Manuel Gonçalves Lourenço, datado de 7 de Outubro do corrente ano, foi determinada a exoneração da Comissária Engrácia Lopes da Costa, do cargo de Directora de Comunicação Institucional e Imprensa da Polícia Nacional de Angola. Desta feita, depois de cinco anos, encerra-se, na comunicação institucional, o ciclo da mulher-polícia mais diplomática da Polícia Nacional de Angola (PNA).
Tia Engrácia, Mamã Engrácia ou simplesmente Chefe Engrácia, como carinhosamente é tratada por todos, em especial pelos jornalistas, Engrácia Lopes da Costa, filha de António Lopes da Costa e de Conceição João Domingos, natural do Cuanza-Norte, município do Golungo Alto, nascida aos 5 de Outubro de 1968, é, sem sombra de dúvidas, a polícia mais diplomática de Angola.
Até parece que a sua exoneração foi uma espécie de presente envenenado, pois a mesma fizera 57 anos de idade dias antes da sua exoneração. Mas puro engano: é que, a uma diplomática, também se deve tratar com diplomacia, e o Comandante-Geral da Polícia Nacional, Francisco Ribas, teve esse cuidado e a informou sobre a sua exoneração meses antes. Entretanto, Engrácia da Costa não foi apanhada de surpresa.
Tia Engrácia deixou um legado de pura diplomacia, harmonia, bom ambiente de trabalho, responsabilidade, irmandade, amor e, acima de tudo, comprometimento com o trabalho.
Com ela na liderança da Direcção de Comunicação Institucional e Imprensa da Polícia Nacional de Angola, ninguém ficou sem obter qualquer informação, pois sempre esteve disponível para atender os jornalistas ou facilitar o acesso a quem quer que fosse. Foi sempre uma excelente profissional de comunicação; o seu ciclo não terminou por incompetência, mas sim porque os ciclos se encerram e os cargos não são eternos.
Para quem não sabe, a título de exemplo ou demonstração do seu comprometimento com o trabalho, “a nossa Tia Engrácia” esteve recentemente em estado de coma por excesso de trabalho, mas, tão logo recuperou, regressou ao serviço sempre com a mesma dedicação. Entretanto, este período, que se encaminha para a reforma, será para cuidar dos netos e da saúde, pois deixou um brilhante legado sem quaisquer mazelas.
Ingressou no Corpo de Polícia Popular de Angola (CPPA) precisamente há 40 anos, isto é, em 1985, no município do Golungo Alto e, em Novembro do mesmo ano, foi transferida para a sede provincial do Ndalatando, ainda na condição de alistada, onde funcionou como agente reguladora de trânsito, na Direcção de Viação e Trânsito do Cuanza-Norte, bem como foi indicada responsável e orientadora do grupo do Círculo de Interesse a nível da província.
No mês de Janeiro de 1986, foi enviada para a Escola Nacional de Ordem Pública “Mártires do Kapolo”, onde frequentou o curso básico de polícia. Terminada a recruta, foi seleccionada para fazer parte da especialidade de Trânsito e colocada na Unidade Rádio Patrulha e Trânsito da Província de Luanda, como agente reguladora de trânsito.
Em 1987, foi seleccionada e transferida para a Direcção Nacional de Viação e Trânsito, a fim de frequentar o curso de Monitora Vial para o Departamento de Prevenção Rodoviária.
Em 1988, foi indicada como orientadora do grupo de crianças e jovens do Círculo de Interesse da Polícia Nacional em Luanda, na especialidade de Trânsito e Prevenção Rodoviária, culminando com a participação em vários actos nos acampamentos, na altura realizados no Futungo II.
Ainda em 1988, em função da guerra que se vivia na província de origem, deu sequência aos estudos, de forma repetida, na Escola 1.º de Maio e, posteriormente, na Escola São José de Cluny, tendo terminado o ensino médio no INE/Luanda.
Em 1989, foi promovida ao grau de 3.º Sargento e, no ano seguinte, isto é, em 1990, ao grau de 2.º Sargento.
Frequentou, em 1990, o curso de Jornalismo na Rádio Escola, actual CEFOJOR, onde foi aluna do professor Mesquita Lemos.
De seguida, foi inserida como redactora, repórter e locutora dos espaços radiofónicos da PNA, na Televisão Popular de Angola e na Rádio Cidade, actual Rádio Luanda, nos programas “Finalmente Domingo” (TPA), “Café para Fogo” e “Café sobre a Mesa” (Rádio Cidade), e “Trânsito em Foco” (Rádio Nacional).
Em 1993, com a necessidade da criação do Gabinete de Imprensa do MININT e do Comando-Geral da Polícia Nacional, fez parte da equipa fundadora do órgão, colocada como redactora, locutora e repórter dos programas “Polícia Angolana” e “Alvorada da Polícia”, que, na altura, eram emitidos pelas antenas da Rádio Nacional de Angola, três vezes por semana, no horário das 5h da manhã, com duração de 30 minutos.
Ainda em 1993, foi promovida ao grau de Aspirante e, no ano seguinte, 1995, ao grau de Subinspectora.
Em 1999, foi indicada como representante da Polícia Nacional para os órgãos de comunicação social, como elo em benefício da corporação, por orientação do Comandante-Geral da Polícia Nacional, na altura Comissário-Geral José Alfredo Ekuikui.
Em 1999, foi, em representação do CGPN, para a TPA, como orientadora de Trânsito e Prevenção Rodoviária, no programa “Carrossel”.
No ano de 2004, por intermédio de uma bolsa de estudo da Polícia Nacional, iniciou a sua formação superior na Universidade Privada de Angola, “ISPRA”, actualmente “UPRA”, no curso de Comunicação Social, onde concluiu a licenciatura na especialidade de Relações Públicas.
Em 2005, foi nomeada para o cargo de Chefe de Repartição de Audiovisuais e Relações Públicas do Departamento de Imprensa do CGPN, posteriormente promovida ao grau de Inspectora.
Exerceu a função de Porta-voz da AAMPA (Associação de Apoio à Mulher Polícia de Angola).
Foi fundadora e editora da revista Prudência da Direcção de Viação e Trânsito.
Foi 1.ª e 2.ª vogal do Conselho Fiscal do Cofre de Providência do Pessoal da Polícia Nacional.
Foi colaboradora da Direcção de Programas da TPA, no programa Carrossel.
Foi coordenadora do programa “Vanguarda Policial TV e Rádio/MININT e PNA” por mais de cinco anos.
Fez parte do quadro docente do Instituto Superior de Ciências Policiais e Criminais “General Osvaldo de Jesus Serra Vandúnem”, na cadeira de Legislação Rodoviária.
Foi produtora do programa radiofónico “Labor Policial”, da responsabilidade do CGPN, e emitido nas antenas da LAC, num período de mais de seis (6) anos.
Em 2006, fez parte da Comissão de Redinamização para a Prevenção Rodoviária Angolana, em função de um despacho do Comandante-Geral da Polícia Nacional.
Em 2008, foi promovida ao grau de Inspectora-Chefe e graduada ao posto de Intendente, em Janeiro de 2012.
No mesmo ano (2012), foi transferida para o Comando Provincial da Polícia Nacional em Luanda, onde exerceu a função de Directora do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do referido órgão, durante oito anos.
Em 2017, por inerência de funções, foi promovida ao grau de Superintendente e graduada a Superintendente-Chefe.
Foi colaboradora e docente universitária no curso de Comunicação Social, nas universidades UPRA e ISTA.
Em 2019, por decreto presidencial, foi nomeada para o cargo de Directora-Adjunta de Comunicação Institucional e Imprensa da PNA, função que exerceu durante um ano.
No ano seguinte, 2020, por decreto presidencial, foi nomeada para o cargo de Directora de Comunicação Institucional e Imprensa da PNA, função que exerceu até à data presente.
Ainda no ano de 2020, foi promovida ao grau de Subcomissária. Por inerência de função, foi elevada ao grau de Comissária no ano de 2021, posto que ostenta até à data presente.
Assim foi a brilhante caminhada desta polícia diplomática. Mas a pergunta que não quer calar é:
Tia Engrácia, agora quem me vai ajudar quando tiver aquelas mazelas com a polícia, uma vez que com o Mateus Rodrigues, apesar de resolver, demora muito, e com o Nestor Goubel é só “calma, calma, calma e calma”?
Brincadeira, pois sei que poderei contar consigo e com um desses meus irmãos que deixas. Entretanto, em meu nome, da minha família e dos meus colegas do Jornal O Crime, muito obrigado por tudo o que fez e faz por nós. Eternamente grato, Tia, Mãe Engrácia Costa.