Acusado de ter assassinado a ex-namorada: RÉU PROVOCA ADIAMENTO DA AUDIÊNCIA DEPOIS DE SURPREENDER O TRIBUNAL COM NOVO ADVOGADO

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O julgamento do réu Alcides Pedro dos Santos, acusado de ter atropelado a ex-namorada, Josefa Tâmara Quisseguele, em Setembro do ano passado, por se negar a reatar a relação, prosseguirá apenas na sexta-feira, 21, no Tribunal Provincial de Luanda, sedeado em Viana.

Por: Felicidade Kauanda

Por ordem da juíza da causa, a imprensa foi impedida de entrar à sala de audiência. Sem nenhuma justificação, fomos informados apenas que seríamos comunicados para aparecer no dia da leitura da sentença.

O julgamento, marcado para dar início no passado dia 6, foi suspenso, pelo facto de o réu, Alcides Pedro Florindo dos Santos, então namorado da malograda, Josefa Tâmara Quisseguele, ter surpreendido o tribunal com um novo mandatário, sem que tenha previamente comunicado ou reunido o auto de renúncia do seu anterior advogado, que lhe assistira em sede da instrução preparatória.

O réu responde pelo crime de homicídio qualificado, que tem a moldura penal de 20 a 24 anos de prisão maior. O advogado assistente, José Piedade, disse, em síntese, em entrevista a este jornal, que espera que a justiça seja feita.

Dos factos

Sustentam os autos que em Setembro do ano passado, Josefa, a infeliz, encontrava-se a festejar o aniversário de uma amiga, em Viana, quando o ex-namorado, o réu Alcides, apareceu, convidando-a a saírem daquele ambiente, o que foi negado, tendo desembocado uma discussão entre ambos.

Assim, Alcides começou a agredi-la, puxando-a pelo braço, a ofender verbalmente e fazendo promessas de revanche, alertando, ainda, que tem familiares influentes. De acordo os autos, o réu teria dito que faria desaparecer de Luanda Sul, a infeliz e seus acompanhantes.

Josefa foi, então, ao encalço do ex-namorado, implorando que parasse com as ofensas e prometendo procurá-lo na residência dos seus familiares no dia seguinte. Em resposta, o réu atirou-lhe um tapete no rosto, tendo, de seguida, entrado à viatura.

Desnorteada pela agressão que acabava de sofrer, Josefa seguiu-o até ao veículo, mas esse manobrou a viatura e lançou-se contra ela. Hélder Rogério da Silva, que estava a um metro do agressor, conseguiu esquivar o atropelamento.

Com a viatura parada e não satisfeito com o resultado, vendo Josefa a se levantar, arrancou novamente o veículo e passou-lhe por cima, arrastando-a por alguns metros, tendo, de seguida, se posto em fuga.

Socorrida por quem estava próximo, Josefa acabou por morrer depois de quatro dias hospitalizada, em função do atropelamento, que lhe provocou contusão bilateral do pulmão e fractura da clavícula e costelas, resultando em stresse respiratório, em função do exame médico-forense.

Uma testemunha do processo esclareceu que o namoro daqueles durou pouco mais de um ano, que o réu, há muito tempo, fazia ameaças, porque era inseguro e dizia que se a malograda não ficasse com ele, não ficaria com mais ninguém.

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