No Camama: INÉRCIA POLICIAL FORÇA MORADORES A FAZER JUSTIÇA POR MÃOS PRÓPRIAS

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Mais dois supostos assaltantes morrem nas mãos de populares, depois de uma tentativa de assalto frustrado. À semelhança da edição anterior deste jornal, em que noticiámos a morte de um alegado marginal, por moradores, no Dangereux, desta vez o cenário voltou a repetir-se, mas no Golfe II, mais concretamente por detrás do Hospital Geral de Luanda, no município do Kilamba Kiaxi.

Por: Costa Kilunda

Trata-se dos cidadãos Anderson Daniel Vemba e Henriques António Diogo, de 20 e 18, anos respectivamente, que tiveram morte imediata, em consequência do espancamento a que foram vítimas.

O caso ocorreu na manhã do passado dia 6 de Agosto, quinta-feira. Em plena luz do dia, perante o olhar de dezenas de curiosos, Anderson Vemba e Henriques Diogo foram surpreendidos por populares, enquanto tentavam assaltar um motociclista. Embora munidos de armas de fogo, tipo AKM, não foram a tempo de safar-se.

Depois que o proprietário de uma motorizada a quem tentavam assaltar resistiu ao acto e gritou por socorro, num ápice, o local encheu-se de pessoas e, aí mesmo, começaram a ser apedrejados e batidos com ferros, paus e tudo que permita ser usado como arma. Sem dó nem piedade, a agressão aos dois comparsas só terminou quando os moradores certificaram-se que ambos estavam mortos!

Entretanto, o jornal ‘O crime’ conversou com os familiares dos dois supostos assaltantes que descreveram, cada um, que aqueles nada tinham a ver com comportamento que se lhes imputa agora.

Alberto Diogo, por exemplo, o pai de Henriques Diogo, disse que o que ficou a saber, mas não tem certeza, é que ambos pretendiam roubar uma motorizada, mas mostrou-se céptico quanto ao crime que lhes é agora acusado. Questionado se o seu filho possuía antecedentes criminais, respondeu que não, sublinhando que está bastante admirado com o que aconteceu. “Era um bom amigo e companheiro”, descreveu o filho, para depois dizer que “ele não era de muitos amigos”.

Todavia, afirmou, no dia incidente, o filho só saiu de casa depois das várias chamadas de um amigo, no caso Anderson.

Já a mãe de Anderson, Delfina Vemba, fez saber que, por volta das 7 horas do fatídico dia, “Catorze”, como era também tratado o amigo do filho, apareceu em sua casa, “para fumar liamba” com o seu filho. Entretanto, revelou, o expulsou da sua residência, por reconhecer que “era má influência para o seu garoto”.

Por outro lado, disse, depois que ambos saíram de casa, já na rua, o filho telefonou à namorada, para que lhe trouxesse uma mochila. “Afinal era a pasta onde estavam as armas!”, admirou.

Outrossim, contou a mãe, em Junho passado, “a namorada havia oferecido ao seu filho uma pistola que roubara do seu pai, um suposto agente da Polícia Nacional”. “O senhor ainda conversou com o meu filho sobre o paradeiro da pistola, mas ele disse que não sabia e depois o senhor foi-se embora”, recordou.

Sobre as circunstancias em que o filho perdeu a vida, explicou que, depois destes tentarem roubar uma motorizada e ao serem surpreendidos por populares, o amigo tinha sido atingido com uma pedra. Ele, Anderson, no entanto, voltou para ajudar o amigo e ambos acabaram por ser alcançados e apedrejados até à morte.

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