Entre amigos: BRIGA POR 30 MIL KWANZAS TERMINA EM TRAGÉDIA

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A confusão ocorreu dias depois de Pedro Mwando, a vítima, e Nélson, o acusado, realizarem um biscate, que os teria rendido AKZ 30 mil. No entanto, desavenças na divisão dos valores estão na origem do crime.

Por: Costa Kilunda

O crime ocorreu por volta das 18 horas de sábado, 23 de Outubro passado, no bairro Patriota, município de Talatona, em Luanda. Ao que apurou o jornal ‘O Crime’, Pedro Mwando, a vítima de 17 anos, foi encontrado, sem vida, jogado numa vala, apresentando ferimentos de faca na zona das axilas.

O mote do crime, de acordo com informações prestadas pelo proprietário da residência onde os amigos residiam como inquilinos, mas em casas separadas, teve que ver com uma alegada desavença, entre ambos, na divisão dos lucros, fruto de um biscate realizado há vários dias. “Parece que o malogrado havia reclamado pela sua parte, no negócio realizado, e, daí, alguma coisa correu mal”, disse Américo Mwanza.

O certo é que no dia do infausto acontecimento, segundo o senhorio, ao cair da noite, a vítima dirigiu-se à casa do amigo, de quem recebera uma chamada, com vista a acertar os termos da divisão dos AKZ 30.000,00 (trinta mil kwanzas). Juntamente com o acusado, explicou Américo, estavam a esposa deste e o irmão que, possivelmente, terão ajudado no cometimento do crime.

“Pessoas há que afirmaram ter visto Nélson e o irmão, por volta das 22 horas, a carregar um corpo e o deixar ficar na vala”, revelou, acrescentando que, inicialmente, estes pensaram que os irmãos haviam pego um marginal, mas depois aperceberam-se que se tratava de Pedro Mwando, vizinho e amigo de Nélson.

Américo Mwanza disse que a vítima e o amigo moravam no seu quintal há cerca de quatro anos, mas nunca os tinha visto a discutir ou a brigar. Segundo ele, a vítima, “era um miúdo dedicado e muito trabalhador”, órfão de pai e filho único. “Era bonzinho”, enfatizou.

Lindo, antigo mestre de pedreira do falecido, fez saber que o conheceu há alguns anos, quando aquele manifestou o interesse pelo ofício. Disse, também, que horas antes da tragédia, terá visto o malogrado envolvido numa discussão com o irmão de Nélson.

“O Pedro não era do tipo que discutia, mas naquele dia o vi discutindo com o irmão do amigo, logo percebi que alguma coisa estava mal”, disse, acrescentando que, segundo os que viram Nélson e o seu irmão a transportarem o corpo do antigo ajudante para vala, aquele ainda apresentava sinais vitais.

“Acusado segue impune”

Ainda de acordo com Lindo, pessoas há que confirmam que Nélson, o acusado, segue impune. Questionado se, eventualmente, terão participado o caso às autoridades, respondeu positivamente, entretanto, disse não ter muitas informações a respeito do andamento das investigações. Porém, volvidas pouco mais de duas semanas, ninguém é responsabilizado pelo assassinato do jovem.

Por seu turno, Elisa Ngueve, tia materna do malogrado, declara que a morte de Pedro Mwando, filho único da sua mãe e do também falecido pai, trará repercussões catastróficas para a a mãe deste. “Está muito mal! Arrasada!”, disse, acrescentando que teve de ser internada de emergência, no Hospital Psiquiátrico de Luanda. Aliás, lembrou, desde que a irmã perdeu o marido, era Pedro, o filho, quem a ajudava com as despesas da casa.

“É difícil, não mais sabemos o que fazer”, lamentou. A tia do jovem referiu, também, que tiveram conhecimento de que o acusado se tinha apresentado às autoridades, mas outras informações dão conta de que o mesmo passeia impune. “Só pedimos que seja feita a justiça”, apelou.

A reportagem do jornal ‘O Crime’ tentou contactar a unidade policial local, para mais esclarecimentos a respeito do assunto, mas não foi bem-sucedida.

Referir que os restos mortais de Pedro Mwando foram a enterrar no dia 28 do passado mês, no campo santo do Benfica, em Talatona.

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