E o crime compensou mesmo!: PGR LIBERTA ADOLESCENTE ASSASSINO

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José Cassua, de apenas 15 anos, tem no seu currículo vários crimes, com assassinatos à mistura, sendo que, na sua maioria, o adolescente seguiu impune, talvez pela sua idade, a exemplo do que aconteceu no passado dia 4 de Fevereiro, no bairro Campismo, no Cazenga, em que foi vítima uma cidadã de 36 anos.

Costa Kilunda

Contrariamente ao ditado popular “o crime não compensa”, para este adolescente a coisa é diferente: “pois os seus crimes compensam mesmo”.
E para confirmar isso, mais uma vez o menor foi restituído à liberdade, sabe-se lá sob quais termos, depois que o seu nome foi associado ao crime de homicídio, em que foi vítima uma cidadã de 36 anos, que em vida atendia pelo nome de Luísa Moisés Chindombe, a seguir a uma tentativa de assalto frustrada.
“Ainda não me deparei com ele, mas, se o vir, acredito que o darei o mesmo destino que deu à minha mulher”, desabafou Feliciano Henriques Cachindele, ao aperceber-se que o carrasco da esposa passeia impune pelas ruas do Campismo, como se de herói se tratasse.

Os factos

Com apenas 15 anos, consta do currículo do petiz vários crimes de assaltos na via pública, usando armas de fogo, sendo os mototaxistas, os principais alvos da sua acção criminosa.
Foi precisamente na tentativa de assaltar um mototaxista, no feriado prolongado, em alusão ao dia do início da Luta Armada, quinta-feira, que o marginal adicionou mais um crime à sua extensa lista. Luísa Moisés Chindombe, conhecida do adolescente, decidiu interrompê-lo quando este se preparava para assaltar o jovem com a motorizada.
Mas a intenção custou-lhe caro, pois o jovem, gorados os seus intentos, insurgiu-se contra a jovem, dirigindo-lhe uma série de obscenidade, que só parou depois que a mãe do menor interveio.
Quando todos acreditavam que estava tudo terminado, lá vinha novamente o garoto, empunhando uma faca de cozinha, e sem dó nem piedade, desferiu sucessivos golpes no pescoço da infeliz, tendo a mesma conhecido a morte imediatamente. Os vizinhos ainda tentaram reanimá-la, mas era tarde demais.
Na sequência, o agressor foi apanhado e conduzido ao Comando da 3.ª Divisão da Polícia no Cazenga, onde permaneceu por alguns dias, acoberto do processo-crime número 1473/2021/CZ, instruído pelo procurador da República junto daquela unidade, que o indiciou do crime de homicídio. Todavia, foi colocado em liberdade poucos dias depois.
“Eu ouvia o barulho dos vizinhos a partir de casa, mas pensei que se tratasse de uma luta entre grupos rivais.”, Afirmou o viúvo, acrescentando que simplesmente ordenou os filhos a entrarem para casa, distante de pensar que a sua esposa estava a ser esfaqueada.
Aliás, disse, “o Cassua é um miúdo que vi a crescer, levava-o para os estádios de futebol sempre que a minha equipa jogava. Por isso quando a minha mulher o viu a tentar realizar o assalto decidiu falar com ele no sentido de persuadi-lo a deixar o jovem seguir o seu caminho em paz”.
Segundo Salomão, o adolescente abraçou o mundo do crime por influência do irmão mais velho.
Desempregado e com cinco filhos para cuidar, diz não saber como enfrentar esse desafio sozinho. Vive numa casa arrendada e quem o apoiava era a falecida mulher, a quem descreve como guerreira. “Era uma batalhadora”, recorda, com nostalgia, a companheira com quem partilhou tecto por mais de uma década.
Por conta da perda da mãe, disse Salomão, os familiares da esposa, residentes em Benguela, levaram os filhos para aquela província, por causa das dificuldades que atravessa e, mais a mais, porque até aos 17 anos, o filho mais velho do casal se encontrava fora do sistema de ensino.
Apesar da libertação do assassino da esposa, Salomão Cachindele acredita na justiça. “Nós não agimos pelas próprias mãos porque, quando tudo aconteceu, falamos com a Polícia e eles pediram que os deixássemos trabalhar. Só lamentamos que nenhum familiar do agressor apareceu para solidarizar-se connosco, tampouco se dispuseram a participar nas despesas das exéquias”, concluiu.

20:44:22

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