Jovem morre na cela: DEPOIS DE SER VIOLENTAMENTE ESPANCADO

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José Mário dos Santos, 18 anos, morreu no interior de uma cela, na esquadra da Bela Vista, em Viana, antes que completasse 24 horas, depois de ser violentamente espancado, sob acusação de roubo.

Costa Kilunda

Ofacto deu-se por volta das 5 horas da manhã, quando o agora falecido se encontrava na rua, em companhia de três amigos. Na ocasião, de acordo com informações prestadas pelos parentes do defunto, um dos seus amigos teria recebido o telefone de outro jovem que caminhava pela rua, facto que José dos Santos, terá reprovado, por isso recebeu o aparelho e o devolveu ao dono. No entanto, foi apanhado por outros três jovens que acompanhavam a acção à distância e o transformaram “de bom samaritano a vilão”, apesar do testemunho dado pelo proprietário do aparelho.

“Os jovens que bateram no meu filho são liambeiros e criminosos. Às noites, eles andam e praticam assaltos à mão-armada. Não sei se terá sido porque o meu filho tentou descobrir isso, que eles o agrediram”, conta Domingas António, acrescentando que os amigos do filho o abandonaram depois que um deles foi gravemente ferido na cabeça com um pau.

Seguidamente, espancaram-no impiedosamente, utilizando, para isto, vários objectos contundentes, e, depois, levaram-no à para a esquadra da Bela Vista, no KM 9, Viana, onde faleceu algumas horas depois, apontado como meliante.
Domingas António, a mãe do infeliz, fez saber que, quando se deslocou para a referida esquadra, os agentes em serviço “mentiram-na”, alegando que o filho tinha sido transportado para um hospital para receber assistência médica. Porém, explica, uma cidadã chamou-a para contar-lhe a verdade, acrescentando que “vira dois cadáveres a darem saída daquele estabelecimento no mesmo dia”.
“Os jovens que bateram no meu filho, são liambeiros e criminosos. Às noites, eles andam e praticam assaltos à mão-armada. Não sei se terá sido porque o meu filho tentou descobrir isso, que eles o agrediram”, conta Domingas António, acrescentando que os amigos do filho o abandonaram depois que um deles foi gravemente ferido na cabeça com um pau.
Inconsolável, disse que preferia ouvir que o filho fora encontrado a roubar na via pública ou numa residência e lá o terem matado a tiro pela Polícia. “Aí sim, diria que morreu no vício dele! Agora, ser espancado por um vizinho drogado que nada faz pela comunidade? Quem era ele afinal? justiceiro? Vai ficar impune ou a Polícia o aplaude pelo que fez?”, questiona.
Emanuel, um dos três carrascos de José dos Santos, encontra-se agora foragido, juntamente com a família, depois que souberam da morte do jovem.
Segundo informações, trata-se de um indivíduo reincidente e conhecido por agir à margem da lei, e é suspeito de vários crimes.
A mãe do malogrado conta que algumas vezes cruzou-se com o suspeito, estando aquele a delinquir, enquanto saía para ir às vendas, lembrando que, recentemente, Emanuel quase que seria assassinado a tiro por um indivíduo a quem ele e os comparsas tentavam assaltar.
Outrossim, aventa que Emanuel ainda andava com mágoas por conta de um problema que teve com o seu filho, mas que o falecido achou que já tinham ultrapassado e desconfia-se que o mesmo terá tido participação no desaparecimento do irmão mais velho do falecido, ocorrido em Março do ano passado, já que o suposto marginal prometia, de boca cheia, fazer desaparecer o malogrado tal como acontecera com o seu irmão.
Agora tenho provas de que foi ele que fez o meu filho desaparecer. Acreditamos que se tal crime ocorresse entre às duas ou três horas da manhã, quando todos estivessem a dormir, ele colocaria o corpo do meu filho no carro e desapareceria, como fez com o irmão mais velho”, acusou, recordando que o outro filho desapareceu quando regressava de uma festa e nem o corpo foi visto até à presente data.
Dona Domingas reconhece que “o filho não foi um santo”, tal como o seu nome, tendo, inclusive, algumas passagens pela Polícia, porém, afirma que aquele nunca matou ninguém. “Apenas pequenos delitos por causa dos efeitos do álcool e de outras drogas”, notou.
Para ela, nada mais resta se não implorar por justiça, mais a mais pelo filho ter perecido morto no interior de uma cela, supostamente por lhe ser negado auxílio médico.
A equipa de reportagens do jornal O Crime tentou ouvir a Direcção de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP) junto da referida unidade, mas não teve êxitos, porque os mesmos recusaram-se a tecer qualquer comentário sobre o assunto.

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