Passados seis meses: SIC NÃO ESCLARECE MORTE DO SEGURANÇA DO 2.º COMANDANTE-GERAL DOS BOMBEIROS

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O Serviço de Investigação Criminal (SIC) revela-se incapaz de esclarecer o mistério em volta do suposto suicídio de Aldimiro Ayrton Neto Francisco, então segurança de Manuel Lotango, 2.º Comandante Nacional do Corpo de Protecção Civil e Bombeiros, tido pelos familiares da vítima como o principal suspeito. 

Costa Kilunda

Passaram-se pouco mais de cento e oitenta dias, desde que Aldimiro Ayrton Neto Francisco, de 30 anos, então efectivo dos Bombeiros e segurança de Manuel Lotango, 2.º Comandante-geral dos Bombeiros. morreu, alegadamente, por conta de um tiro disparado por si mesmo na mandíbula, quando se encontrava em serviço, na residência do oficial.

Ainda assim, continua por se esclarecer o mistério em volta da sua morte, numa altura em que a família não tem dúvidas de uma coisa: o Comandante Manuel Lotango está envolvido. “E se os homens não fazerem justiça, Deus a fará”, acredita. 

À data dos factos, por conta das contradições entre o comunicado oficial da PNA, que apontava como suicídio a causa morte do jovem, e a posição da família, que redundantemente descartava tal possibilidade, o Serviço de Investigação Criminal (SIC), através do seu porta-voz, Manuel Halaiwa, terá prometido trabalhar, para, num curto prazo, esclarecer a verdade em torno deste caso, mas, de lá para cá, nenhum pronunciamento a respeito foi apresentado por aquele órgão castrense. 

Todavia, a família da vítima prossegue expectante de que a justiça deve e vai ser feita pelos tribunais ou pela “misericórdia de Deus”. “Tudo anda parado”, recorda Deolinda Agostinho Neto, mãe do malogrado, acrescentando que “não ligam e nada dizem  nada sobre o assunto”. Aliás, explicou, têm ido sempre ao SIC, mas sem sucesso. “Parece que colaboraram na morte do rapaz”, desconfiou.

Disse também que, apesar de ter sido ouvido e colhido as declarações de quatro dos parentes do então agente, no processo 55/021, instruído pelo SIC-Luanda, tais depoimentos não serviram para nada. “Até parece que esse comissário está a pagar as pessoas que estão a trabalhar no caso ou tem pacto com demónio”, vociferou. 

Para ela, a morosidade pode ser propositada, de modos a fazer crer à família que Aldimiro Francisco terá realmente posto fim à própria vida. “Mas eu não acredito, o meu filho era incapaz de tirar a sua vida”, atesta, para depois dizer que as autoridades devem dar atenção ao caso, já que a vida do comissário não é mais importante que a dos filhos dos pobres. 

Por outro lado, fez saber que um advogado já foi contratado para legalmente representar a família, mas, lamentavelmente, apesar deste já ter recebido parte dos valores para o serviço, nada diz sobre o curso do processo. “Toda hora pede para termos calma e quando assim não o diz, o telefone está desligado”, lamentou. 

Por fim, apelou às autoridades por um trabalho justo e transparente. “Os homens não devem ter pedra no lugar do coração, ao ponto de não perceber a dor e a aflição de uma mãe”, implorou. 

Aldimiro Ayrton Neto Francisco morreu no dia 14 de Janeiro do ano em curso, vítima de um disparo de arma de fogo na região mandibular, quando se encontrava de serviço na residência do citado comandante, no bairro Kifica, município de Belas. 

À data, Deolinda Agostinho Neto dissera à nossa equipa de reportagem que o seu finado filho alegara, enquanto em vida, que Manuel Lotango, o então patrão, o tratava como “escravo”. 

Segundo ainda aquela mãe, o filho fazia serviço de guarnição na casa do comandante, apesar de não ter experiência para tal, pelo que desconfia que, eventualmente, o chefe o encontrara a dormir no posto e, por conta disso, terá ficado nervoso ao ponto de disparar contra o seu filho.

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