LUANDA “AGORA É RESIDENCE” DA MBOA ANA

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2007

Está na berra as exonerações no país, mormente a de governador de Luanda, e o que se fala e escreve perde-se como horas mortas; pior, soa a alertas em ouvidos moucos que despertarão em pleno voo irreversível a consumar o suicídio.

 Liberato Furtado

No  consulado mais recente da governação do país, a poucos meses de completar quatro anos, Luanda já experimentou três regentes e se apresta a mais uma, depois do último ensaio se ter mostrado um descalabro total que não deixará saudades, mas fará levantar velhas memórias e perguntas entaladas.

Se fez coro e diríamos sim, Luanda, efectivamente, tornou-se a casa da mãe Joana com a entrada de Joana Lina ao Palácio do Alto do Carmo da Mutamba, quando, atabalhoadamente, mexeu na colmeia de abelhas que é o “dossier lixo”, que revirou e veio ao de cima o cheiro, as moscas e, consequentemente, doenças, mortes e a desesperança por maior o andor…

Joana (Lixo), a olho de ver, demonstrou total despreparo para o cargo, insensibilidade de arrogante incompetência e, também, nos parece que lhe terá animado a ambição de procurar tirar o seu quinhão dessa mina generosa, mas não foi, até nisso, competente.

O seu defeito é trabalhar, diria, despudoradamente, a ex-governadora de Luanda Joana Lina. O trabalho que deixa, entretanto, é de remoção de toda a trapalhada que fez e do lixo que tornou as moscas obreiras com horas extras, emulando 24/24 horas.

Procuramos e convidamos à obra, mas não encontramos realização que seja de Joana Lina. Que nos perdoe a incapacidade, nesse exercício cívico, mas, sinceramente, o  esforço foi feito no sentido, porém,  para nosso desalento, por mais que matemos a cachola, não sobressai nenhuma virtude em seu legado.

Tal como, a título de exemplo, vem à tona, e sem esforço algum, os feitos do jovem Luther Rescova, de início contestado por tudo e por nada, mas em poucos meses deixou marcas indeléveis no Prenda, no Ensino, aos mais velhos do Beiral e, antes que nos esqueçamos, também ao caluanda marcou a divícia da sua empatia de quem quer governar, tudo em sentido contrário ao de Joana Lina.

Em democracia, Joana Lina não seria exonerada com essa dignidade, mas sim passível de destituição  por improbidade sanitária e, subsequentemente, julgada por alegada culpa por tantas mortes que derivam, cremos, da sua ominosa governação, nos termos do n.º 2 do artigo 91.º da Constituição da República.

Improbidade sanitária se chama à colação, quando os actos do governante atentam contra a segurança sanitária dos governados. Já quando os recursos públicos não são geridos com probidade, da melhor forma ou de modo a acautelar a saúde do colectivo, como é obrigação do gestor público, em outras paragens , poder-se-ia ainda associar o crime de responsabilidade, algo que em nossos domínios é coisa doutro mundo.

Uma fonte em defesa de Joana Lina contou-nos que aquela cometeu as sandices no “negócio do lixo”, não por mote próprio, mas por voz de mando superior e, posteriormente, foi abandonada em mato sem cachorro.

A ser verdade, ainda assim, não removemos uma vírgula nesse texto, porque acreditamos que só vem agregar outros itens ao pacote de incompetências. Se servem do país, quando se espera que sejam servidores públicos e,  “pra bobear”, a garantia do tacho sobrepõe-se a mais ínfima dignidade…  

Em despedida à Joana Lina, não seríamos mais fiéis que o poeta brasileiro, Gregório de Matos.

“À despedida do mau governo que fez o governador da Bahia” (de Luanda/nossa adaptação)

Senhora Governadora Joana Lina (nossa adaptação) 

“ Quem sobe ao alto lugar, que não merece,

Homem sobe, asno vai, burro parece,

Que o subir é desgraça muitas vezes.

A fortunilha, autora de entremezes

Transpõe em burro o herói que indigno cresce:

Desanda a roda, e logo homem parece,

Que é discreta a fortuna em seus reveses.

Homem sei eu que foi Vossenhoria,

Quando o pisava da fortuna a roda,

Burro foi ao subir tão alto clima.

Pois, alto! Vá descendo onde jazia,

Verá quanto melhor se lhe acomoda

Ser homem em baixo do que burro em cima”.

Governar Luanda

Para governar Luanda e mal justificar o desaire, muito se recorre ao óbice das interferências do poder concentrado, chamado à liça pela primeira vez pelo carismático escritor e político Uanhenga Xitu, enquanto, também, governador de Luanda. 

Naquela altura e até bem pouco tempo, ainda se podia engolir e atribuir alguma verdade nessa justificativa em determinados assuntos. Mas não pode servir de bode expiatório para todos os que descarrilam. Já não é uma verdade absoluta, se alguma vez foi, salvo melhor entendimento.

Negamo-nos, por outro lado, a aceitar também que se mude governadores ao ritmo de fraldas descartáveis, fazendo vénia à falta de respeito à eticidade dos processos na nossa já adulta independência e governação feita por angolanos, que depois de mais de 40 anos ainda não se desenvencilhou do terreno lodoso.

Sem que nos esqueçamos de continuar a falar sobre a descontinuidade nos processos, que o faremos mais adiante, diríamos que o fandango que se observa na constante troca de governadores não respeita qualquer razão lógica de governação, tampouco demonstra inteligência e estabilidade emotiva governativa.

O jeito enviesado ou pouco ortodoxo com que se escolhe “o peru da vez” (perdoe a analogia ou colação) faz, cada vez mais, convencer-nos que o MPLA não conhece os seus quadros. É lugar comum dizer-se que a meritocracia não faz aqui morada, que o seja e confirmamos, todavia, a esfera pública, o Estado Democrático de Direito e o projecto nação não se compadece com tais derrapagens, as necessidades sociais não se revêem nesse conceito que configura uma perspectiva individualista, isolada e partidária.

Hoje, Luanda, diante da conjuntura social, está à beira de um ataque de nervos,  ou melhor, de um AVC isquémico (porque o hemorrágico já ocorreu), que se manifestaria contra o MPLA. Assim, se esperava, na atitude retardada de se nomear novo maestro da província, uma escolha sem margens para erro e com um presente que revolucionaria a governação na capital do país. 

Sem que sejamos paranormais, vamos dizer que não nos parece que tenha sido assim. Todavia, também é justo que nos lembremos do caso Luther Rescova ou até mesmo Aníbal Rocha que, quando baixou voo no Palácio do Alto do Carmo da Mutamba, poucos lhe davam crédito. 

Inobstante o benefício da dúvida que assiste a novel governadora de Luanda, a despeito de como será o seu desempenho ou que valências traz, não é demais lembrar que piar baixinho terá que ser a sua forma de estar e agir diante do famoso poder instituído em Luanda e será mais uma para o cadafalso.

“Sumbalá” Bento Bento e Adriano Mendes, a exemplo, reclamaram das interferências dos generais e companhia limitada… é a Ana Paula de Carvalho sem galões ao ombro, na biografia ou no nome?! Preferimos engolir em seco essa espécie de premonição daqui a alguns tempos, mas não vemos, à partida, predicados que nos convençam do contrário, não por falta de capacidade intelectual da governante, porém, de outros adjectivos que imperativamente devem fazer parte do seu perfil e lá nunca estiveram.

Repetimos, as interferências não podem servir de resguardo das incompetências que por lá passaram, entretanto, de algum modo existem e não será por belos olhos que elas se evaporam. 

Luanda em seu comando precisa de alguém que tenha lugar no Bureau Político, Comité Central, no Conselho de Ministros, tenha ‘Carte Blanche’ e saiba usar os seus trunfos sem receios do que  pode vir a posteriori.

Ocorre-nos que se quer uma mulher no cargo para capitalizar votos femininos, tendo em atenção a população votante de Luanda.  Sendo, que se faça muito bem o escrutínio, o momento não admite “abuçaite”.

Ana Paula Chantre Luna de Carvalho, não sabemos se é ilustre mas certos estamos que é desconhecida, terá “peito”? Estará temperada para governar Luanda/país com a actual apelante situação social  e as eleições à perna?         

A capital terá à volta de dez milhões de habitantes, ou seja, é um país dentro d’outro, porém, o centro das atenções. Para a governar, tem de ser um presidenciável… Quem, dentro do “Kremlin”, tiver estofo para governar o país, o seu primeiro teste de fogo seria governar Luanda. Enfim, não nos parece que “ La Luna” esteja tarimbada para o cargo!

Paradigmas inexistem

Ora, desconstruindo a nossa passagem que versava sobre o desprezo aos processos, se verificar, notará que em cada director, administrador, governador, secretário de Estado, ministro ou qualquer outra prole de responsável cá entre nós, ou seja, em Angola, salvo parcos exemplos diferentes e em extinção, quando assumem um cargo, mudam tudo: do pano de chão passando pelo pessoal do gabinete ao plano estratégico da instituição. É uma autêntica varredura!

Não se respeita processos que inspiram a continuidade para um trabalho que se torna adulto com a observância das diferentes etapas. Se o bicho-careta sai do cargo, o lobisomem vem e não quer saber dos bons ofícios do seu predecessor. Começa tudo ao ritmo dos seus caprichos e às favas vão quaisquer possibilidades de ganhos com experiências que se acumulam com a governação, respeitando processos. É como se estivéssemos num círculo vicioso dum eterno reiniciar, envolvidos continuamente num tubo de ensaio.

Quer um simples exemplo? Nós demos-lhe: Aníbal Rocha teve uma governação em Luanda que, passados quase vinte anos, ainda serve de exemplo. No entanto, o seu sucessor, assim que assumiu, mudou o slogan, “Luanda nossa casa comum”. Agora, perguntamos: o que tinha de mal no slogan que até se tornou viral de tão acolhedor? Mudaria para melhor a nova governação? Está a ver, até isso se mudam! Ooooohhhh céus….!!!                         

Alguém nessa carruagem é capaz de dar primazia à harmonia colectiva, respeitando o pleno interesse desse povo, desse país que se quer nação?! O egoísmo humano está a retardar esse país, precisamos de um tratado de compromisso com Angola!

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