EX-COMBANTES SAEM À RUA PARA REIVINDICAR DIREITOS

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Um grupo de ex-combatentes e viúvas de antigos militares sairão, no sábado, 17, às ruas de Luanda, para manifestar o descontentamento pela crise social que enfrentam há mais de dez anos.

 Jurelma Francisco

No dia 13 de Novembro de 2015, os ex-militares moveram  uma exposição, na qual reclamavam o não pagamento de uma dívida contraída pelo Ministério da Defesa Nacional, no período de 2009 a 2014, no valor de 341.208.584.65 (trezentos e quarenta e um milhões, duzentos e oito mil, quinhentos e oitenta e quatro kwanzas e sessenta e cinco cêntimos), referente a cortes de subsídios dos oficiais das Forças Armadas Angolanas.

Para os ex-militares da Associação, que controla 2.550 membros, é preciso que as autoridades paguem essa dívida que é reclamada há anos, mas sem sucesso, mesmo depois de o ex-Presidente da República, José  Eduardo dos Santos, ter dado ordens aos ministérios da Defesa e das Finanças, para o fazerem de forma imediata.

“É injusto que não nos paguem, quando os que estão à frente dos destinos de Angola vivem bem, em casas e carros de luxo… até aparecem supostos majores com malas de dinheiro. Sinceramente!”, 

“É injusto que não nos paguem, quando os que estão à frente dos destinos de Angola vivem bem, em casas e carros de luxo… até aparecem supostos majores com malas de dinheiro. Sinceramente!”, desabafou o brigadeiro José Limukueno, representante da Associação dos Oficiais, Generais, Superiores, Capitães, Subalternos e Reformados.

Por outro lado, o representante da Associação esclareceu que um oficial, general no activo ou não, deve gozar dos seus direitos até à morte. “Ninguém tinha competências de cortar este dinheiro, como concordou, um dia, num documento, a  Dra. Flor Bela Araújo, actual provedora da justiça”, realçou.

“Nós só exigimos a pensão correspondente ao grau militar, uma vez que o montante subtraído a cada um de nós é muito elevado, situação que nos tem arrastado a uma pobreza extrema”, referiu 

O brigadeiro deixou claro que, dessa vez, o grupo de ex-militares e viúvas de antigos combatentes não aceitarão argumentos sem cabimento da parte do Executivo, que, desde 2009, tem “recorrido a truques”, para não resolver o problema dos associados.

Para ele, o que os deixa revoltados é o facto de, no passado, terem defendido a Pátria, mas os que dirigem, hoje, o país “querem comer-nos a carne e os ossos. Somos os heróis da batalha do Kifangondo e do Cuito Cuanavale. Nós transformamos Angola em grande potência militar a nível de África e do mundo!”.

Dívida do Estado

Revelou que na última reunião que o grupo teve com o Ministro da Defesa, fez-se os cálculos para avaliar a dívida do Estado para os associados e o montante ficou em 130.000.000,00 (cento e trinta milhões de kwanzas).

Por isso, o major Miguel de Oliveira, secretário da associação, fez saber  que a manifestação conta com o apoio de todos os filhos dos oficiais e reformados. “Só vamos   acabar com as manifestações quando o Governo disser que o dinheiro está nas nossas contas bancárias “, alertou.

Viúvas clamam por socorro

Algumas viúvas dizem ter os nomes na Caixa Social, mas continuam privadas de usufruir de qualquer subsídio. Diante desta situação, as mulheres de ex-militares sentem-se excluídas dos seus direitos e clamam por ajuda.

Dona Emília Contreiras, viúva de um ex-oficial das FAPLAS, disse que, para minimizar os problemas com a família, tem-se dedicado à “zunga”, ou seja, à venda ambulante de água. ” Estamos a sofrer. Por isso, peço socorro à senhora ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher e à governadora de Luanda, por serem mães. Elas sabem que ser ‘pai e mãe’, viver de renda e sem emprego não é fácil!”

Questionou, igualmente, ao Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas, João Lourenço, se os associados não  merecem o apoio?

” O Presidente tem certeza que, em Angola, as famílias conseguem viver com 23.000 kwanzas?”, deixou a pergunta no ar.

O brigadeiro João Bota,  delegado Provincial da Associação, no Cuanza-Sul, mostrou-se sensibilizado com a situação das viúvas  e órfãos de ex-militares e, por isso, pediu ao Estado para dar resolução ao problema.Que enfrentam há mais de dez anos…

Explicou que a manifestação terá como ponto de partida o cemitério Santa Ana e término na Cidade Alta.

José  Limukueno assegurou que a iniciativa de manifestação pública foi comunicada ao Governo Provincial de Luanda.

“Vamos manifestar fardados ou sem algumas peças de roupas e junto das viúvas dos nossos irmãos já tombados”, avisou para acrescentar que, “se a Polícia quiser que nos proteja, e, caso não der, que nos matem como fizeram com as pessoas em Cafunfo”.

José Limukueno referiu que os manifestantes são ex-militares das FAPLA, ERNA, FALA e FLEC.

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