Nos Mulenvos de baixo: ADOLESCENTE DE 15 ANOS MATA IRMÃO MAIS VELHO A TIRO

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O jovem de 20 anos perdeu a vida depois de ser atingido com dois tiros ao peito, pelo irmão mais novo, enquanto o tentava convencer em devolver a arma de fogo que aquele havia trazido para casa. O crime ocorreu no dia 22 de Agosto, nos Mulevos de baixo, no município de Cacuaco. 

Engrácia Francisco

Segundo a irmã mais velha, Neide Mateus João Vicente, o clima ficou tenso depois que Neloy, o autor do disparo, surgiu em casa, por volta das 5 horas, com uma mochila contendo AKZ 45 mil, em dinheiro, e uma arma de fogo do tipo pistola. De acordo com ela, o adolescente havia passado a noite fora de casa sem o consentimento dela e de Mateus, agora falecido. 

“Ficamos toda a noite à sua espera, mas não regressou à casa”, conta Neide, acrescentando que, para além do dinheiro e a da arma, a atitude do irmão já não era a mesma. “Havia nele uma certa prepotência”.

Ao ver aquilo, prosseguiu, Neide chamou Mateus (a vítima), dando-lhe a conhecer o que se estava a passar.  Seguidamente, aquele abriu a mochila e constatou que, de facto, havia no interior a referida soma em dinheiro e uma arma de fogo, algo enferrujada. “Eu não sei onde ele tirou tanto dinheiro e uma pistola enferrujada”, retorqui Neide Vicente.

Naquele instante, referiu, Neloy, o suspeito, chamou o irmão mais velho para um canto e, a sós, contou-lhe sobre a origem da arma e do dinheiro. “Ele disse ao Vivaldo (como também era tratado o malogrado) que foi o Gildo, nosso vizinho, que lhe dera a arma para realizar assaltos e depois dividirem o dinheiro”, explicou, para depois dizer que, durante a conversa entre os manos – enquanto o mais velho tentava convencer o mais novo a devolver a arma ao suposto proprietário, que também é morador do mesmo bairro, foi atingido por aquele com dois tiros ao peito. 

A vítima, segundo a irmã, ainda conseguiu colocar-se em pé, mesmo moribundo, caminhou até ao portão principal, de onde caiu inanimado, mas sem antes adverti-los a fugirem, pois, o irmão mais novo vinha para os matar também. O jovem bem ainda chegou a ser socorrido pelos familiares, mas não resistiu e acabou por falecer  a caminho do hospital da Somague, no Cazenga.

Todavia, apesar de ter matado o irmão mais velho, para Neide, no entanto, não havia intenção da parte do suspeito em tirar a vida do próprio irmão. “Ele não fez de propósito”, afirma. 

Suspeito em fuga

Apôs atirar duas vezes contra o peito do irmão mais velho, Nelo Mateus Vicente, de 15 anos, recolheu os seus pertences e colocou-se em fuga, evitando que fosse enxovalhado pela vizinhança. Aliás, segundo Neide Vicente, os vizinhos saíram em massa, tão logo ouviram os disparos, muitos deles fazendo-se acompanhar de ferros, bastões e outros objectos contundentes, prontos para eventual retaliação.  

Por outro lado, contou Neide Vicente, de forma cautelosa, o irmão homicida apanhou os cartuchos que haviam caído ao chão e os colocou na mochila, juntamente com a arma e evadiu-se. 

Ademais, segundo ainda a irmã, o jovem parecia esquisito. “Ele estava muito estranho, não era droga, mas quando falava os olhos acendiam como se estivesse possuído ou algo parecido!”, exclamou, para mais adiante confirmar que o mesmo já havia sido detido por roubo de um telemóvel, no interior de uma viatura. 

“Desde que ele saiu da cadeia ficou maluco, dizia que podia ser morto na rua, que não teria problema nenhum, e dai começou a envolver-se com o ‘Gildo Black’, proprietário da arma”, explicou. 

Suposto proprietário da arma já detido

Segundo a moça a pistola tinha sido entregue ao irmão no dia 16 do passado mês de Julho, por ‘Gildo Bleck’, entretanto já detido, indiciado ao crime de porte ilegal de arma de fogo.

Outra informação apurada pelo Jornal O Crime dá conta de que quer Mateus Vivente, a vítima, como Nelo Vicente, o suspeito, tinha envolvimento com o mundo do crime, e viviam sozinhos na mesma residência. 

Já o pai dos jovens, também identificado por Mateus João Vicente, disse que recebeu a informação da morte de um dos filhos ainda na igreja, e que não tinha conhecimento de que o mesmo andava de mãos dadas com a criminalidade. 

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