No distrito da Sapu: BRIGA ENTRE MARGINAIS TERMINA COM FERIDOS E UM MORTO

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Desde Maio que o bairro Bakhita regista várias lutas entre grupos rivais, que têm acabado com o sossego das famílias locais. Porém, esta última foi, de acordo com os moradores, uma das mais sangrentas.

Honorina Kiampava

Apesar da agitação que se registava nos dias transactos, ninguém imaginava mais uma briga no meio da semana. Eram aproximadamente 18 horas, quando um grupo de marginais consumia bebidas alcoólicas num ambiente com muita música e mulheres que aproveitavam ganhar algum dinheiro.

. “Aqueles meninos não nos deixam dormir em paz, agora quase todos os dias há desavenças entre eles, o barulho da música é um total incómodo”

Entretanto, o clima ficava tenso, mas, por causa do barulho da música, não dava para escutar a confusão que saía do bar, situado no canto da rua G. “Aqueles meninos não nos deixam dormir em paz, agora quase todos os dias há desavenças entre eles, o barulho da música é um total incómodo”, diz a vizinhança.

Tão logo escureceu, a confusão tomou terreno. A música foi desligada e ouvia-se apenas o som das garrafas partidas, dos tiroteios e pessoas a clamarem por socorro, o que tornou a rua num completo caos, onde vários carros e casas foram negligenciados.   

Entre tapas e tiroteios, um jovem, que pertencia ao grupo dos ‘Faca Mata’, foi esfaqueado, esquartejado e queimado. Enquanto alguns queimavam André Manuel, mais conhecido por Pai Loy, outros, do grupo rival, se encarregavam de saquear quem quer que seja.

Engrácia de Sousa saía da escola, quando foi surpreendida por um grupo e obrigada a entregar tudo o que tinha: telefone, computador e a carteira que continha AKZ 5.000. “Era isso ou eu morria, pois eles não estavam para brincadeiras, um deles estava com uma catana”, revelou.

“Perdi todo o meu material de trabalho, estou de mãos atadas, não sei como recuperar tudo e nem sei se será possível, corro o risco de perder os meus clientes e, por consequência, arrastar muitas dívidas”, desabafou aquela que foi apenas uma das vítimas naquele dia sangrento.

Além do que passou em particular, a família de Engrácia sofreu um assalto em casa, tendo os meliantes levado os plasmas, sofás, gerador e AKZ 123.000. Desolada, a sua mãe, Joana de Sousa, não encontra palavras para descrever tamanha crueldade. “Levei uma vida para ter condições mínimas, para dar um pouco de conforto às minhas filhas, mas num estalar de dedos, simplesmente perdi tudo…”.

Mesmo com muito sangue derramado, os meliantes não estavam dispostos a abandonar a rixa, era o seu desejo terminar com todos os seus inimigos e não só. Os agentes da esquadra do Kapolo 2 chegaram, porém, em uma altura em que já não havia nada por se fazer, sendo que de Pai Loy sobraram apenas cinzas que se espalhavam por todos os lados. 

Naquele dia, a rixa resultou em inúmeras pessoas assaltadas, um morto e quatro feridos, que se encontram no Hospital Geral de Luanda em estado moderado, segundo Adilson Matondo, um dos vizinhos que os socorreu. “Um deles era meu irmão e outros três, amigos dele, então não tinha como deixá-los à beira da morte. Falei com os médicos e eles garantiram que a situação não é crítica, são ferimentos ligeiros”.

 A Polícia tem noção dos estragos que estes dois grupos causam no bairro e arredores, pelo que prometeram investigar profundamente este caso, porém, a população diz estar cansada de falsas promessas.

“Não queremos apenas palavras, queremos atitude. Das várias vezes que esses marginais são pegos, nem fazem uma semana na cadeia e saem três vezes pior, o sentimento de vingança só aumenta, as pessoas já não circulam em paz, porque eles existem. Tenham piedade das nossas vidas!,  exclamou Joana de Sousa.

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