A urgência da revitalização das campanhas sobre o VH/SIDA*

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A urgência da revitalização das campanhas sobre o VH/SIDAO tempo passa e as pessoas parecem habituar cada vez mais com o VIH sem que, no entanto, haja uma conscientização sobre a necessidade de mudanças de muitos dos hábitos e práticas sexuais, bem como sobre a Saúde Sexual Reprodutiva que possam levar a melhoria da qualidade de vida das pessoas vivendo com VIH-SIDA e não só, assim, como evitar as novas infecções. Se por um lado, é preciso elevar a testagem, por outro é crucial melhorar e garantir maior acesso ao tratamento para que se consiga reduzir a um nível satisfatório a carga viral e produzir um corte na cadeia de transmissão do VIH.

Existe certa habituação perante a epidemia do VIH-SIDA, aceitação passiva do problema, motivado em parte pela estagnação das campanhas tanto de prevenção quanto para a educação com vista ao tratamento, cujo factor primordial consiste em estimular a sociedade a participar de forma activa na definição de políticas de combate a epidemia que dura a mais de 40 anos, mas também na formação de uma consciência positiva que visa combater o estigma e a descriminação, uma das barreiras invisíveis para o tratamento e a mais causa de morte em todo mundo.

Na última década, houve um afrouxamento dos movimentos da sociedade civil na luta contra o VIH-SIDA, motivada pela escassez de financiamentos e também de apoio institucional para promoção de campanhas contra a citada epidemia. O movimento segue timidamente perante um quadro que silenciosamente pode se agravar dado o número elevado de pessoas que convivem inocentemente com o VIH, assim como a elevada taxa de abandono ao tratamento e a sua fraca adesão.

Se, num extremo, existe uma geração que conviveu intensamente com a doença e as campanhas que ecoavam pelas rádios, outdoors, televisão e pelo forte movimento da sociedade civil que galgavam pelos municípios espalhando o activismo no combate a epidemia, no entanto, existe, no outro extremo, uma nova geração cuja doença dispensa apresentação mais que desvalorizam inocentemente a mesma perante as modernas terapias existentes.

A primeira geração, a doença o apontou de surpresa e no auge de sua sexualidade, ou seja, em pleno voo, já a nova carece de educação e preparação desde cedo virada para a saúde reprodutiva crucial para gerar um corte das transmissões a partir da adolescência. Salienta-se que nesta altura, no país, existe uma alta taxa de gravidez na adolescência, senão das maiores de África, um sinal que indica um risco persistente de retoma de novas infecções. Destaca-se que a estabilidade da taxa de prevalência, cerca de 2%, das mais baixas da África subsaariana, depende exatamente de uma estratégia de combate a endemia mais dinâmica e eficaz no espaço e no tempo.

Na generalidade, existe uma janela aberta de oportunidade para as ITS e VIH-SIDA, no etário de 11 a 14 anos, primeiramente, devido a inocência e insuficiência de autoconhecimento sobre si, em geral, e sobre a vida sexual e reprodutiva, em particular. Esta janela de oportunidade se estende a fase jovem, pelo facto de tanto os adolescentes quanto os jovem encontrarem-se reféns do aprender fazendo, tendência que precisa ser revertida com a disseminação de informações e conhecimentos que visam promover atitudes e comportamentos sexuais e reprodutivos mais conscientes – saber fazer e viver.

Se nos primeiros tempos toda a campanha baseava-se, essencialmente, na publicidade e campanhas de sensibilização para a prevenção, actualmente precisa-se agregar educação como vector estrutural de combate a doença, envolvendo todos os actores da sociedade, desde as empresas, as famílias, as Organizações não Governamentais, as escolas e universidades, as instituições públicas. Destaca-se que para levar a diante a revitalização das campanhas implica o acesso e acessibilidade a fundos nacionais e internacionais para financiamento estrutural das campanhas a presença de rostos, pessoas e entidades que abracem a causa e facilitam a consciência da sociedade e bem como ao diálogo entre todos.

Institucionalmente, parece-nos urgente a revitalização da Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA e Grandes endemias para a articulação do dialogo entre as instituições mais também servir para alavancar a sociedade civil, que cada vez mais convive com a falta de recursos e o seu consequente desaparecimento. A constituição de redes entre as organizações da sociedade civil constitui uma factor de unidade e união de esforços crucial para o acesso aos fundos para também elevar a capacidade de resposta perante a realidade concreta das PVVIH.

É importante realçar o papel das redes para a monitoria e percepção no terreno dos problemas com que se debatem as estratégias e políticas públicas em torno das grandes endemias e para redefinição e reformulação das estratégias em tempo real por forma a dar maior resposta aos desafios que se colocam no terreno. O quadro actual mostra que o VIH/SIDA atingiu o seu enquadramento estrutural e carece de resposta estrutural pelo que demanda-se por uma estratégia reestruturada internamente visando o alcance das metas 90, 90, 90 já expirada ou as metas 95, 95, 95 até 2030.

Qualquer uma das estratégias consiste em testar o máximo possível 90% ou mesmo 95%, 90% ou 95% tratados e o mesmo se dá com a redução da carga viral (90% ou 95%). Tudo isto depende da ousadia estratégica e dependem campanhas transversais de prevenção para os diversos grupos etários, de tratamento e de educação para o tratamento, salienta-se a municipalização dos serviços pode jogar um papel primordial no aumento da eficácia do acesso e também do tratamento com a disponibilização de testes de VIH, profilaxia pós-exposição entre outras terapias indisoensáveis.

Será fundamental a promoção institucional e legislativa de acções que possam contribuir para a revitalização da Sociedade Civil e o seu empoderamento no intuito de mais cabalmente poder actuar como parceiros do Estado no combate as grandes endemias e consequentemente dotar as ONG´s e Redes de condições para poderem concorrer e absorver ao máximo os recursos provenientes dos fundos internacionais e que em muitos casos retornam a fonte, bem como mitigar o vazio que se vai abrindo com o desaparecimento de muitos parceiros da sociedade civil ligados a luta contra a pandemia do VIH-SIDA, Malaria e Tuberculose.

É preciso articular as campanhas e projectos entre os diversos grupos etários com intenção de garantir a eficácia intra e intergeracional das diversas estratégias adoptadas. Se por exemplo, o nascer livre para brilhar proporciona um corte da transmissão à nascença, contudo a educação para a saúde reprodutiva, na adolescência e juventude, poderia dar consistência e extensão ao nascer livre para brilhar contribuir não bloqueio na transmissão na fase da adolescência, mas também reduzir o índice de gravidez precoce. Enquanto as campanhas de incentivo a testagem voluntária a partir da juventude, adultos e a terceira idade, que também se apresentam como um grupo vulnerável. Paralelamente, é imprescindível tornar o preservativo mais acessível e disponível.

*Por: Ong Acção Humana.

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