Por causa da subida de preços nos mercados: FAMÍLIAS OPTAM EM SÓCIA E CORTE DO “MATA-BICHO” PARA SOBREVIVER

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Após o anúncio da retirada da subvenção do preço da gasolina e subida de divisas, os preços nos mercados, em Luanda, dispararam levando a que muitas famílias se sujeitassem à famosa “sócia” para o garante dos produtos da cesta básica.

Leal  Mundunde

Face à subida dos preços da cesta básica, muitas famílias foram obrigadas a cortar o pequeno-almoço do cardápio diário, sob pena de não ter o que comer no resto do dia. Algumas, para garantir o básico da alimentação, são sujeitadas a juntar dinheiro com outras famílias para adquirir diversos produtos, senão, acabam por se endividar.

Numa ronda efectuada em alguns estabelecimentos comerciais, em Luanda, o saco de arroz de 25 kg, que outrora custava dos bolsos do cidadão 9.500kz, encontramos no valor de 16.000kz. O mesmo procede aos produtos como a caixa de óleo alimentar, que passou de 16.000kz a 17.500kz, caixa de massa alimentar, de 4.000kz a 10.000kz e 25 litros de óleo alimentar, de 24.000kz para 25.400kz.

Nos mercados retalhistas, a realidade é idêntica, o quilo de açúcar passou de 400kz para mil kwanzas, farinha de milho, de 250kz para 400kz e a fuba de bombó 150kz o quilo. O arroz subiu para 700kz, o quilo, o litro de óleo a 1400kz.

Nos produtos congelados, a caixa de coxa de frango de 15 kg, no valor de 20.000kz e azas de frango de 12 kg a 36.000kz.

Os preços não são uniformes, registando apenas uma pequena diferença entre os mercados. Esta subida tem gerado constante insatisfação de cidadãos que dizem enfrentar grandes dificuldades em adquirir bens alimentares.

“Várias famílias não têm o que comer”, desabafou uma das interlocutoras. A sócia, acto de juntar dinheiro entre pessoas para aquisição de um produto, para a divisão equitativa, tornou-se numa das vias para garantir o básico da alimentação. “Antes, a sócia era apenas entre duas pessoas”, relatou Luzia Pacavira, para enfatizar que actualmente é feita entre mais pessoas e sem possibilidade de levar vários produtos para casa.

 Com baixo poder de compra, várias famílias estão enfrentando lutas diárias para garantir o que comer, algumas por exemplo, chegam a separar-se de seus membros para que o custo de vida diminua. “Alguns são obrigados a enviarem os filhos em casa de parentes com mais possibilidades”, rematou Madalena Paulo. 

O problema se tornou maior para aqueles cujo salário não é suficiente para suprir as necessidades que, no jogo de cintura entre a renda e as despesas da casa, vejam como alternativa, a retirada do “mata-bicho” do cardápio diário, variando o almoço em dia sim, outro não. Pelo que apelam a intervenção urgente do executivo, sob pena de assistirem a um caos a nível nacional.

Especialistas exortam Presidente da República a rever elenco de trabalho  

Vários gestores são de opinião que as actuais políticas económicas não são positivas e devem ser revistas com urgência.

“Por não surtirem efeitos positivos para os cidadãos, o presidente da República deve rever com máxima atenção, o elenco que monta as estratégias e políticas económicas a serem implementadas, pois o fracasso das mesmas, implica mais sofrimento ao povo”, recomendou Matondo Pedro Komba,

Armindo Esteves, considera ser difícil ultrapassar esta situação tão sedo, mas aconselha os governantes a acatarem conselhos de especialistas, que há muito já falaram sobre o assunto. 

Ambos acreditam que a desvalorização do kwanza é fruto da má gestão de servidores públicos (governantes) e da implementação de políticas não adequadas para a realidade angolana.

Nesta fase conturbada da economia nacional, os dois especialistas contactados por este jornal, exortam o presidente da República a olhar de forma sábia aos recursos humanos existentes no país, delegando desta forma responsabilidades a quadros com visões clarificadas sobre a mudança de paradigma.

Ministro de Estado para a Coordenação Económica descarta aumento de exportações 

O Ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, disse recentemente que o executivo não tem capacidade nesta altura para aumentar de forma repentina as exportações. 

José de Lima Massano disse que o país não pode continuar a importar mensalmente cerca de 23 milhões de dólares em coxas de frango, 20 milhões de dólares em óleo alimentar e mais 20 milhões em açúcar.

O ministro de Estado para a Coordenação Económica avançou que a aposta do executivo será na agricultura, por considerar ser uma medida sustentável e que dará segurança ao país. 

ANIESA promete responsabilizar comerciantes que estejam a especular preços

No relatório a que tivemos acesso, referente ao segundo trimestre de 2023, da Autoridade Nacional de Inspecção Económica e Segurança Alimentar (ANIESA), admite-se existir casos de especulação de preços. 

Para ANIESA, alguns comerciantes estão a aproveitar-se da desvalorização do kwanza face ao dólar norte-americano para, de forma ilegal, alterar os preços dos produtos no mercado.

ANIESA, por sua vez, admite aplicar medidas sancionatórias a agentes económicos que estejam a praticar preços fora da margem permitida por lei.

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