Mulheres agastadas com a situação: ROUBO DE PERUCAS AUMENTA NO MERCADO DO CATINTON

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O número de denúncias de assalto de perucas, em que as mulheres são vítimas, subiu significativamente no bairro do Catinton, em Luanda. O mercado com o mesmo nome é a principal área de actuação dos marginais.

Leal Mundunde 

Como relatam os moradores, o aumento dos assaltos deveu-se à redução da intervenção da associação de jovens que se dedicava no combate ao crime, por constantes ameaças de agentes da Polícia na zona.

As ameaças por conta da Polícia, como contam, levaram com que vários jovens deixassem de patrulhar o mercado acirradamente, facilitando deste modo a acção dos marginais, que sem medo interpelam até mulheres no interior das viaturas, para subtrair perucas e outros pertences. “As mais atentas evitam usar perucas nestes locais”, relataram. 

“Está demais”. Exclamou uma cidadã que diz ser obrigada a se deslocar ao mercado com cabelo maltratado, para não despertar a atenção dos marginais, que seleccionam as vítimas de acordo com a aparência. 

Normalmente, as vítimas têm sido moradores de outras zonas de Luanda que, por alguma razão especial, se dirigem ao mercado a fim de adquirirem diversos produtos, cujos preços são mais baixos, se comparado a outros mercados. Por vaidade, que é característico das mulheres e sem conhecimento nenhum sobre a área, muitas acedem ao mercado de forma caprichada, com vários acessórios que não passam despercebidos aos olhos dos meliantes. 

“Está demais”. Exclamou uma cidadã que diz ser obrigada a se deslocar ao mercado com cabelo maltratado, para não despertar a atenção dos marginais, que seleccionam as vítimas de acordo com a aparência. 

Ousados, os criminosos invadem táxis nas paragens, revistam e levam tudo de valor, incluindo perucas das senhoras, uma prática que tem sido constante, pelo que apelam maior intervenção da Polícia na área.

A par das perucas, os criminosos coleccionam também roubos de telemóveis e motorizadas que, para o modo operandis, “chegam a se passar por mototaxistas, vindo a desviar inclusive motorizadas dos seus patronos”. Alertou Coli Satchova, que diz existir infiltrados nesta actividade.

A criminalidade no bairro Catinton, sito no distrito urbano da Maianga, tem ganhado espaço devido ao surgimento de novos grupos, compostos maioritariamente por adolescentes que, por falta de orientação, “chegam a associar-se em outros grupos de bairros vizinhos, como Golf 2, bairro Huambo e Terra Vermelha”, lamentou João Calunga.

Como fizeram saber a este jornal, o mercado 1º de Agosto, vulgo Praça Nova ou mercado do Catinton, a zona da lavagem de viaturas, localizada junto à ponte que divide o bairro e o município do Kilamba Kiaxi, zona da Jamaica entre outras ruas adjacentes constituem as áreas de maior actuação dos marginais. Nestas áreas, principalmente na fronteira com o Kilamba Kiaxi, os taxistas alertam maior atenção aos passageiros e por cautela, os aconselham a guardar devidamente os pertences.

Associação de Jovens Unidos Contra Criminalidade reduz intervenção por ameaças

O ápice da criação desta associação deveu-se a morte de um jovem inocente, durante uma rincha entre grupos rivais, há 3 anos. A situação gerou revolta por parte dos moradores que, imbuídos do sentimento de perda, puseram mãos na massa no combate à criminalidade. E durante o tempo de actuação, vários marginais foram entregues às autoridades para fins subsequentes.

O Presidente cessante, Coli Satchova, conta que o trabalho desenvolvido pela associação ajudou de forma significativa, na mudança de comportamento de vários jovens envolvidos na criminalidade. Mas lamenta o facto da não continuidade das acções por conta das constantes ameaças, não somente dos marginais, como também da Polícia na zona. “Somos ameaçados por agentes quando levamos criminosos para a esquadra”, revelou.

O também músico e activista social, Coli Satchova, enfatizou que a redução das actividades da associação contribuiu no aumento da criminalidade no Catinton, sendo que outrora, após uma acção correctiva, os marginais eram sensibilizados à mudança de comportamento e agraciados com cursos técnicos para serem lançados no mercado de trabalho, uma vez que o crime atrasa no desenvolvimento do próprio cidadão.

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