SEM SALÁRIOS HÁ MAIS DE DEZ ANOS: trabalhadores da UNACA cogitam protestos a nível nacional

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Os trabalhadores da Confederação das Associações de Camponeses e Cooperativas Agro-pecuárias de Angola (UNACA), a nível Nacional, reivindicam salários em atrasos há 12 anos e caso o problema persiste,  almejam realizar protesto a nível do país, a pesar do receio de alguns.

Leal Mundunde

Depois de vários anos, vivendo na esperança de receberem os seus ordenados, alguns trabalhadores da UNACA,recorreram a este jornal, para narrarem os momentos difíceis que têm passado.

Os funcionários olham para o cenário com tristeza e testemunham regularmente a desestruturação de várias famílias, onde algumas optaram pela separação, deixando os filhos em casa dos parentes.

Tenho seis filhos e sou também avô. Todos com idade escolar, sendo que duas deviam frequentar o ensino superior, mas com a minha fraca capacidade financeira, tiveram que perder o ano lectivo”, disse um dos trabalhadores.

Diante deste dilema, sem poderem observar a cor dos seus ordenados, afirmam ter colegas  que foram retirados das casas de renda com evoluir da dívida.

Outra fonte, acrescenta que têm colegas acamados, sem condições para custearem as despesas, dependendo muitas vezes de ajuda de familiares e amigos, o que nem sempre acontece. Situação esta, que poderia ser evitada se beneficiassem regularmente de seus salários.

Para terem o que comer, muitos sentem-se obrigados a venderem os seus pertences, muitas vezes a preços muito baixo.

Com nervos “a flor da pele”, afirmam que são mais de 80 trabalhadores e ao longo destes anos, alguns  morreram  sem que fossem a reforma.

O Jornal O Crime sabe que os trabalhadores estão inscritos na Segurança Social, mas com pagamentos por serem feitos, o que aumenta a preocupação pensando nas consequências tão logo deixarem de trabalhar.

Agastados, esperam que o problema se resolva o mais rápido possível.Inclusive, uns, pensam em realizar protestos a nível nacional, mas o medo que muitos colegas têm sob pena de sofrerem represálias, os leva a recuar.

Numa fase em que se testemunha a subida constante dos preços dos produtos no mercado, estes trabalhadores que falaram em anonimato, perspectivam dias piores para as suas famílias.

Os mesmos, auguram que as autoridades competentes ajudem a resolver o problema salarial,pois, alguns sobrevivem de ajuda externa e outros tiveram que encontrar outras fontes de receitas, para terem algo para sobreviver.

Uma das fontes avançou que os salários dos trabalhadores rondam entre os 30 a 150 mil kwanzas.

Vice-Presidente da UNACA esclarece que há membros que confundem a instituição como entidade empregadora

Contactado por este jornal, o Vice-Presidente da direcção executiva da UNACA, José Muambeno Luís disse que a situação salarial dos membros é do domínio público.

Por ser uma organização de utilidade pública, recebem subsídio por parte do Estado, onde retiram uma parte para pagamento de salários.

De acordo ao responsável, os subsídios estão cabimentados na categoria de outras despesas, pelo que sai directamente do Ministério das Finanças, para o Ministério da Agricultura e este por sua vez, faz chegar a parte correspondente à UNACA.

“Quando não há disponibilidade dos valores, não podemos fazer nada”, esclareceu José Muambeno Luís, por isso, os membros estão há muitos anos sem receberem os seus ordenados, porque a direcção não tem recebido do Estadoo valor destinado a instituição.

José Muambeno Luís afirmou que, quando o Ministério das Finanças não disponibiliza as verbas, para esta instituição do Estado, não conta como atraso, um facto que vários colegas seus não acreditam.

Para o interlocutor, alguns membros desta organização pensam que estar na UNACA significa ter um empregogarantido, onde regularmente vão obter os seus salários.

A UNACA não tem outra fonte de receita para que consiga reverter o quadro o mais rápido possível, sem que o Estado disponibilize as verbas, mas promete continuarem a dialogar com as autoridades.

O mesmo, apela unidade por parte dos membros, para que consigam vencer esta dificuldade.

Fundada em 1990, a Confederação das Associações de Camponeses e Cooperativas Agro-pecuárias de Angola (UNACA), recebe o estaututo de instituição de utilidade pública em 2008.

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