Empresa SOGESTER despede trabalhador injustamente

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Afastado há três anos pela direcção da SOGESTER, por suspeita de participação no furto de dois contentores de frango e óleo alimentar, José Mukeba desmente as acusações e desconfia que alguém esteja a encobrir os verdadeiros autores. Insatisfeito, espera que a empresa prove em tribunal, caso contrário, esta, terá de indemnizá-lo pelos danos causados.

Leal Mundunde

José Mukeba, pai de quatro filhos, aos 29 anos de idade, isto em 2008, começou a trabalhar na empresa Sociedade Gestora de Terminais (SOGESTER), em Luanda, onde assinou um contrato válido por tempo indeterminado.

Com o salário que auferia, conseguia sustentar a família, mas o quadro mudou tão logo o seu nome foi arrolado no desvio de dois contentores, em 2021, no interior da empresa SOGESTER.

Conta que no dia 5 de junho daquele ano, um dos seus colegas interceptou indivíduos com documentos falsos no interior da empresa, efectuando carregamento de um contentor cheio de óleo.

Os mesmos, tentaram pôr-se em fuga, mas foram detidos com a pronta intervenção dos efectivos dos Serviços de Investigação Criminal(SIC), do Porto de Luanda.

Depois do episódio, narra que em nenhum momento, os membros da direcção da SOGESTER se pronunciaram sobre o incidente ocorrido naquela altura.

Passados 17 dias, a 22 de Junho, foi trabalhar, no final do turno, por volta das 17h30 minutos, enquanto elaborava o relatório do dia, agentes do SIC e da Polícia Nacional, o surpreenderam, sem informação prévia, receberam o seu telemóvel e solicitaram que os acompanhasse.Sem mandado de captura, mais três colegas seus foram ao SIC-Porto, onde receberam a informação da alegada participação destes, no furto de um contentor de frango de galinha.

“Pensavamos que fosse o contentor que tentou ser desviado no dia 5 de junho, mas os homens do SIC disseram que não, porque a empresa denunciou que havia saído outro a 23 de Maio do mesmo ano, as 19h00”, revela.

José Mukeba, ficou surpreso com a versão dada, pois, jamais tinham sido comunicados pela direcção, do desaparecimento deste contentor.

Ainda detidos, no dia 23 de Junho, de modo a confessar a autoria do crime, narra que sofreu agressão por parte dos efectivos do SIC.

Até hoje, diz que continua a enfrentar as consequências da acção dos efectivos do SIC, pois, o seu ouvido direito não goza de boa saúde.

No local, soube que o contentor em questão, saiu da SOGESTER sem documentação.

Perante este cenário,o mesmo duvida da veracidade da informação, em função do sistema de segurança existente na empresa e do rigor dos seus profissionais, que considera excelente.

Enquanto pensava que a sua vida voltaria a rotina normal depois da soltura que ocorreu no dia 25 de junho de 2021, foi orientado para não se ausentar de Luanda, nem mudar de residência, enquanto decorre o processo.

Cinco dias depois, regressa a empresa para retomar a jornada laboral, recebeu uma convocatória para responder a um processo disciplinar, na direcção de Recursos Humanos.

Com a insistência da direcção, de que o mesmo era um dos responsáveis pelo furto dos contentores, com a sua advogada, no dia 6 de julho daquele ano, exigiu provas, mas as que foram apresentadas, diz que não foram convincentes.

Triste pela situação, uma vez que tem família por cuidar, refere que chegou a ser persuadido pelo advogado da empresa,para assinar um documento no dia 12 de Julho, sem que antes tivesse a oportunidade de ler, o que achou ser “uma armadilha”, tendo recusado.

Pela sua tristeza, recebe a carta de despedimento datado do dia 29 de julho do mesmo ano.

A nossa equipa de reportagem, teve acesso a esta carta, onde a direcção da SOGESTER, esclarece que a referida empresa decidiu mover o processo disciplinar por furto qualificado de “dois contentores contendo óleo alimentar e frango de galinha, pertencentes a MAFCOM”.

A SOGESTER afirma no documento, que a direcção soube do facto devido a reclamação apresentada pela titular dos contentores, que depois de pagos os direitos aduaneiros e o terminal, não tiveram acesso aos meios.

“Tudo aconteceu quando José Mukeba, na qualidade de Conferente do Gate(funcionário com função de verificar os dados do bilhete de entrega, se estão correctos, carimbados e assinados pela segurança e confrontá-la com a informação física), deixou sair o contentor sem documentação necessária apresentada, com o efeito de apropriar-se de toda mercadoria”, argumenta a instituição, que aponta como prejuízos à proprietária dos contentores, avaliados a 150 mil Euros.

A entidade empregadora, acrescenta que ficou comprovado por documentos, filmes gravados e depoimentos, o envolvimento de José Mukeba, o que a parte acusada negou várias vezes ao longo da entrevista e exige que as sejam apresentadas em tribunal.

*José Mukeba presume que verdadeiros autores estejam em liberdade*

A fonte, desconfia haver pessoas que possivelmente estejam a encobrir os reais culpados do desvio dos contentores, por isso, vê o seu nome nesta lista por não fazer parte do grupo dos trabalhadores protegidos por certos membros da direcção.

“Não é possível um contentor que desapareça, numa empresa como esta, seja responsabilidade de um conferente. Primeiro, deve ser ouvido o despachante, o homem que trabalha no Guiché e os directores. Eles querem responsabilizar um inocente”, desabafa.

Hoje, com 45 anos de idade, mora com a família em casa de renda, com dificuldades para pagar propinas e custear outras despesas, espera há três anos que o processo chegue ao tribunal, onde promete responsabilizar a sua antiga empresa.

O mesmo desconfia que há pessoas influentes, que não querem que o assunto avance, para que a verdade não venha a superfície, por isso, o processo continua no SIC-Porto.

Em função das denúncias que tem feito, diz sofrer várias ameaças, sentindo o perigo de sua vida, mas promete ir as últimas consequências para provar sua inocência.
Após a denúncia feita pelo antigo trabalhador da SOGESTER, dirigimo-nos a sede desta empresa, no Porto de Luanda,para obtermos esclarecimentos do assunto, o que nos foi exigido, uma carta dirigida a direcção.

Nesta senda, demos entrada a carta, no dia 23 de Janeiro de 2024, mas até ao fecho desta matéria, não obtivemos resposta.

Por isso, decidimos publicar a matéria, mas o Jornal O Crime, continua de portas abertas para ouvir a outra parte.

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