DENÚNCIA: Funcionários de casas de pesos compram objectos roubados e furtados

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Cidadãos em Luanda, acusam funcionários de estabelecimentos de pesos, de procederem a compra de objectos diversos, roubados ou furtados em residências e na via pública.

Leal Mundunde

O negócio de pesos de plásticos, alumínio, cobre, latas, ferros e outros, tem se tornado em uma das fontes de renda das famílias em Luanda.

São vários os habitantes, dentre eles crianças, que circulam pelas ruas, a procura destes meios, muitas vezes obtidos em contentores de lixo, em troca de 80 a 3200 kwanzas por quilo.

A luta em conseguir tais objectos, não tem sido tarefa fácil, pois, nem sempre quando os cidadãos saem as ruas, têm a mesma sorte, conta Paulo João,que está neste negócio há um ano.

Com que consegue,Miguel Júlio, de 22 anos de idade, afirma que auxilia nas despesas de casa, mas reconhece que é muito sacrifício que faz, porque, corre-se o risco de contrair doenças.

Miguel e Paulo, garantem que tem dias, que chegam em casa com mãos vazias.

No dia seguinte, procuram acordar mais cedo(algumas vezes as 5horas), a fim de encontrarem os objectos nas ruas, contentores ou lixeiras, antes que passem outros colegas, também conhecidos por “Djoleiros”, no calão, é o nome atribuído ao indivíduo que vai pesar qualquer objecto nos estabelecimentos em causa.

Os mesmos, afirmam que as vezes tem colegas seus que sofrem assaltos, perdendo o pouco dinheiro, os plásticos, ferros e outros objectos conseguidos durante o dia.

Sobre os roubos e furtos, a preocupação vem também dos moradores de diversos bairros da capital do país, que a pesar de reconhecerem a importância das casas de pesos para a sustentabilidade das famílias, olham com tristeza a forma ilícita como alguns cidadãos obtém os objectos.

Para Edna Manuel, residente no distrito de Ramiros, estes estabelecimentos que funcionam geralmente em contentores,seus funcionários também têm culpa no aumento dos assaltos.

A mesma justifica, que estes espaços, não têm capacidade para averiguarem a natureza dos meios,por isso, adquirem das mãos de qualquer indivíduo, até meios roubados.

“Até mesas de plásticos, ferros,panelas e cabos de electricidade, são roubados e vendidos nas casas de peso”, denuncia Maria Luísa, que espera maior intervenção da Polícia e dos Serviços de Investigação Criminal (SIC).

Milton Diogo, afirma que no bairro Boa Esperança, chegaram de encontrar nestas casas, as cadeiras de plásticos, que tinham sido retirados pelos “homens do alheio”, na residência do seu vizinho.

O interlocutor confessa que sempre acreditou no envolvimento de funcionários destes espaços na compra de meios roubados, na via pública ou em residências.

O municipe de Luanda, cogita haver acordo entre alguns proprietários destas casas com marginais, para terem acesso a meios que necessitam, sobretudo cobre,que chega a custar o quilo mais de 3 mil kwanzas.

Os cidadãos, garantem que as casas devem continuar, por ser um dos meios de sobrevivência das famílias, mas o governo deve criar estratégias para fiscalizar o trabalho.

Residente no bairro Cassequel, Simeão André, recorda que há dois meses, por volta das 23h30 minutos, ouviu batimentos perto de casa.
Quando saiu, encontrou jovens com picareta, a escavarem os ferros postos na ravina perto de casa,mas conseguiram escapar graças a sua intervenção.
Pelo seu espanto, no dia seguinte, observou que os ferros haviam sido retirados e desconfia que sejam os mesmos indivíduos.

Actualmente, pelo que apuramos, durante o dia, certos jovens passam pelas ruas a pesquisarem locais onde tenham objectos para pesar, caso não conseguirem retirar fruto da movimentação populacional, optam no período noturno.

NEGÓCIO DIFÍCIL E ARRISCADO

A nossa equipa de Reportagem, dirigiu-se ao bairro Boa Esperança,no distrito de Ramiros, para ouvirmos um dos responsáveis destes espaços destinados ao peso e comercialização de objectos diversos, mas o cidadão da Guiné Conacri não aceitou falar.

Num outro local,encontramos Manuel Francisco,angolano, indicado pelo seu chefe da Guiné Equatorial, narra que trabalhar neste sector é difícil e arriscado, pois, já sofreram vários assaltos.

“Os jovens do bairro fazem confusão, levam nossos meios de trabalho e já roubaram dinheiro, ao ponto de ficarmos em casa por algum tempo”.

Manuel afirma que, quando aparecem menores de idade no seu estabelecimento, antes de serem atendidos são investigados e chamam os pais, para evitarem a compra de “coisas roubadas”,mas certifica que nem todos têm esta cautela.

A fonte disse que atendem somente objectos estragados, para que não tenham problemas com a população e Polícia Nacional.

Recentemente, a Polícia em Luanda, deteve vários cidadãos implicados no furto,venda e compra de
armação de postos de electricidade de betão, cujo quilo era comercializado nestas casas, no valor de 80 kwanzas.

De acordo a tabela das casas de pesos a que este Jornal teve acesso, no geral um quilo de plástico custa 250 kwanzas, de alumínio 80 kwanzas, de cobre está a custar 3200 kwanzas.

Já o quilo de latas de refrigerantes ou de cerveja, chega a ser comprado a 500 kwanzas, um quilo de bidão está no valor de 150 kwanzas.

Por sua vez, o quilo de chapa, ferro e chinelas custa 100,160 e 150 Kwanzas respectivamente.

Maioritariamente, o negócio pertence a cidadãos estrangeiros, mas há relatos de entrada de angolanos neste sector que cresce sobretudo nos vários bairros de Luanda.

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