CASO DR. LAURINDO VIEIRA: SUPOSTOS ASSASSINOS NEGAM AUTORIA DO CRIME

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Dois dos cinco implicados no assassinato do Doutor Laurindo Vieira, no passado dia 11 de Janeiro, na zona do Patriota, em Luanda, negam envolvimento no crime e alegam que assumiram publicamente a autoria, fruto da agressão física e ameaças de morte por parte dos efectivos do Serviço de Investigação Criminal(SIC).

Os dados preliminares colocavam dúvidas, se era uma execução ou um assalto, pois, muitos questionavam os modus operandi em que aconteceu o assassinato do Dr.Laurindo Vieira, parecendo uma acção devidamente planeada.

O Jornal O Crime, numa equipa coordenada pelo Jornalista Mariano Brás, foi atrás dos factos durante meses, no sentido de obtermos mais dados em volta deste assunto que chocou a sociedade angolana.

Depois de um árduo trabalho investigativo, conseguimos chegar a dois suspeitos, neste caso, Adriano de Jesus Fragoso Júnior “Mula”, de 33 anos de idade, considerado como o vendedor do telemóvel pertencente ao malogrado e Hélder Ricardo Dala de Carvalho ou simplesmente “Pambala”, de 23 anos de idade, o suposto autor confesso dos disparos.

Já sem pressão ou persuasão de supostos elementos do SIC, ambos negaram categoricamente ter participação neste crime.

Adriano lembra que no dia 11 de Janeiro, manteve contacto com o motorista Raul Francisco Domingos Gayeta, Ivan e o cidadão identificado por Camaro( que está foragido) e posteriormente com Hélder, em momentos diferentes, mas não com intuito de planearem um assalto, nem tão pouco o assassinato do Dr.Laurindo Vieira, que mal conhecia.

A pedido de Camaro, dirigiram-se no mesmo dia na zona do Patriota, por volta das 13horas, saindo do bar em que se encontravam a consumirem, no Projecto Nova Vida.

Aproveitando a oportunidade, como não tinha o que fazer naquele dia, Adriano também chamado de Mula, pretendia passar algumas horas num espaço onde sempre que possível tem almoçado, na zona do Patriota, para posteriormente regressar a casa.

Com Camaro, um dos principais suspeitos do assassinato do Sociólogo e docente Laurindo Vieira, chegaram naquele perímetro onde exactamente foi morto, tendo ambos entrado antes num dos bancos, “para fazer um movimento financeiro nas suas contas”, como narra a fonte.

Ambos esperavam encontrar -se com Hélder, que os havia deixado no Projecto Nova Vida, para cumprir uma missão proposta por Camaro, concretamente no Mártires do Kifangondo, no distrito urbano da Maianga, em Luanda, dada a demora, cada partiu para o seu destino.

Questionado onde estava neste dia, Hélder Ricardo Dala de Carvalho “Pambala”, confirmou exactamente o que Adriano descreveu, tendo acrescentado que supostamente encontrou-se mais tarde, com Camaro, na zona do Mártires, onde este que o devia uma quantia não especificada, prometeu efectuar a devolução mediante a venda de um telemóvel de marca Samsung, cinzento, que dizia ser seu.

Na ocasião, Hélder optou em manter comunicação com Adriano e partilhar a ideia da venda do aparelho.Este, como não tinha valor completo, avaliado em 150 mil kwanzas, optou em partilhar a ideia com o irmão e conseguiram comercializar o artigo, obtendo também a sua percentagem resultado da venda efectuada.

Relativamente a este telemóvel, Adriano, confessa que em nenhum momento observou uma foto do Dr.Laurindo Vieira, no ecrã ou nos ficheiros, mas confirma que o aparelho era novo, sem código de segurança, com conteúdos pornográficos.

Lamenta o facto de ter eliminado o que encontrou no telemóvel, antes de ter vendido o meio,o que seria como prova de suas palavras, dada as acusações que pesam sobre si, que considera de graves.

Adriano, no dia 11 de Janeiro, depois de estar com Camaro e Hélder no acto da venda do telemóvel diz que em nenhum momento o semblante destes indicava preocupação de que teriam cometido uma acção ilícita, alegando que estavam calmos e não observou que alguém estava armado.

CONFISSÃO NUM AMBIENTE DE TORTURA E AMEAÇAS DE MORTE

Depois da detenção por parte dos Efectivos do SIC, Adriano e Hélder foram unânimes ao revelarem que assumiram o crime, num ambiente de tortura, ameaças de morte, ao ponto de receberam promessas que os familiares pagariam pela “mesma moeda”, se não admitissem.

No caso específico de Hélder, atingindo com disparo de arma de fogo por supostos elementos do SIC, garante que os investigadores deste órgão castrense, almejavam enterrá-lo vivo caso não aceitasse o que estava planeado:”assumir o crime e autoria dos disparos”.

O mesmo diz que as suas palavras proferidas publicamente foram prontamente preparadas pelos Efectivos deste órgão de investigação criminal, afecto ao Ministério do Interior.

HISTÓRIA INVERTIDA

Antes da sua detenção, Hélder Ricardo Dala de Carvalho ou simplesmente “Pambala”, disse que havia sido escolhido Mula, ou seja Adriano, para assumir que era o indivíduo que estava na motorizada e responsável pelos disparos.De salientar, Adriano dias antes do alegado assalto mortal conta que havia feito acidente de motorizada deixando ferimentos numa das pernas.

Com a sua presença “inverteram a história” pelas razões que desconhece e foi orientado o que diria à imprensa.

“Mesmo dizendo que não fui eu,com tortura, choque elétrico, puseram-me no saco preto… é uma confusão que nunca passei”, recordou.

ONDE ANDA CAMARO?

Camaro é dos indivíduos considerado como um dos principais suspeitos do assassinato do Dr.Laurindo Vieira, mas, pouco ou nada se fala desta figura, desde o dia 14 de Janeiro, altura em que os demais foram apresentados publicamente, com excepção de Ivan, detido no dia 19 do mesmo mês, na província do Cuanza Norte, onde havia foragido para evitar a sua detenção.

Quer seja Adriano, como Hélder negam ter informações do outro suspeito, alegando que no momento da detenção o seu telemóvel já estava desligado e jamais obtiveram qualquer dado do mesmo.

“Não sei se foi agarrado ou morto para não falar nada, talvez sabe de alguma coisa”, acresceu Hélder.

JULGAMENTO MARCADO COM ADVOGADO INDICADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO

Ambos têm o desejo de serem inocentados no Tribunal, para que saiam e tenham a possibilidade de limparem a sua imagem de um crime que dizem não ter cometido, assumido num ambiente de agressão verbal e física, mas temem o perigo de suas vidas e o desfecho desta história.

O julgamento está marcado para o dia 6 de Agosto, na 1ª sessão do Tribunal de Comarca de Belas, no Benfica, mas até ao fecho desta matéria, todos os acusados tinham um advogado indicado pelo Ministério Público,mas esperam que a sociedade os ajude de modo a provarem sua inocência.

Entretanto, circularam informações segundo as quais,o Dr. Laurindo Vieira, naquela altura Consultor do SISM-Serviço de Inteligência e Segurança Militar, chegou de participar de uma sessão do Conselho de Segurança nacional em 2023.

Na ocasião, supostamente havia proposto alteração da lei de segurança nacional, que atribuí poderes ao SISM de supervisionar actos do Ministério do Interior e o Serviço de Investigação e Segurança de Estado(SINSE) a supervisionar directamente o SIC.

Cogitava-se que a ideia de silenciar a vítima, era para evitar que fosse nomeado a um cargo de destaque dentro da segurança nacional e prosseguir com a materialização da sua proposta, antes do dia 25 Janeiro, época prevista para aprovação da mesma lei.

Recordar que, no dia 14 de Janeiro, o Director de Comunicação Institucional e Imprensa do SIC, garantiu que este órgão chegou até os suspeitos da morte do Dr.Laurindo Vieira, mediante um trabalho árduo de investigação, que em pouco tempo conseguiram deter os quatro implicados nesta acção criminal e tudo fariam para deter Camaro.

Manuel Halaiwa referiu que fruto desta detenção permitiu o esclarecimento de outros crimes, por estes, estarem envolvidos no cometimento de outros crimes.

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