“Desonrou menor de 12 anos”: Juiz disse que o processo estava desaparecido e já nem se lembrava do mesmo, Tribunal de Viana começou a julgar funcionário da Presidência da República acusado de abuso sexual de menor de 12 anos e cárcere-privado

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O Tribunal de Comarca de Viana começou, nesta quarta-feira, 9, o julgamento do funcionário da Presidência da República, identificado por Gelson Brás, acusado de abuso sexual e cárcere- privado de uma menor de 12 anos de idade, Luísa Freitas, ocorrido em 2020, no Zango 3.

Por: Cambundo Caholua e Alfredo Talamaku

O julgamento decorre na sequência de uma matéria publicada pelo jornal Na Mira do Crime em 2020, que dava conta da detenção do cidadão Gelson Brás, no Comando Municipal de Viana, por acusação do crime de violação de menor e cárcere- privado, em que foi vítima a menor já mencionada.

A informação foi inicialmente reportada pelo jornal Na Mira do Crime, pelo facto da mãe da vítima ter procurado este meio de informação, onde denunciou o mesmo.

O réu, insatisfeito, entendeu mover uma acção judicial contra o jornal em referência, depois da mãe da menor se recusar a retirar a queixa na polícia e negar a oferta de uma residência e um milhão de kwanzas, tendo saído sob custódia sob Termo de Identidade e Residência, ele e o seu comparsa dono da residência onde a menor foi abusada, identificado como Marito, este último que não se fez presente na audiência, mesmo depois de ser notificado pelo tribunal.

No entanto, o processo contra o jornal passou pelo Ministério Público e transitou para Juízo, no entanto, para a surpresa, passados cincos anos, o processo do funcionário da Presidência da República havia desaparecido do Tribunal, tendo sido encontrado quase cinco anos depois, por conta de diligências do advogado do jornal Na Mira do Crime, Osvaldo Carlos Salupula, que tudo fez para que o mesmo processo fosse trazido à tona, já que o jornal responde por crime de difamação e calúnia, e o queixoso no crime de violação de menor de 12 anos de idade.

Aliás, o Juiz reconheceu que foi graças a impetuosa batalha efectuada no Tribunal da Comarca de Viana por parte do grupo de advogados do jornal Na Mira do Crime (OCS), que foi possível localizar o processo do arguido Gelson Brás e do seu comparsa.

Nesta primeira audiência, em que envolve o funcionário da Presidência República, Gelson Brás, o Juiz, na fase interrogatória, indagou o arguido como conheceu a menina, por outra, quanto tempo ficou com a mesma no dia dos factos.

O arguido admitiu que conhece a vítima, ambos são vizinhos, alegando que a menor sempre gostou dele, e naquele dia, o mesmo encontrou-a na paragem do Zango 3, onde deu boleia até um local onde permaneceram durante várias horas.

Argumentou ainda, que foram para um local onde consumiram cerveja desde às 18 horas até a meia noite, e posteriormente, por volta das zeros horas, a menor queixou-se que estava com sono, então, Brás levou-a para a casa de um amigo, conhecido apenas por Marito, solteiro, onde deixou a menor.

Segundo o acusado, sendo casado, abandonou a menina no local e foi para a sua casa.

O Juiz recordou ao réu que a menina confessou que fizeram sexo, primeiro na sua viatura e depois terminaram em casa do amigo, sendo o mesmo funcionário da Presidência da República o primeiro homem com quem a mesma se relacionou sexualmente pela primeira vez, ou seja, foi Gelson Brás quem desonrou a menor de 12 anos de idade.

O advogado de acusação, Osvaldo Salupula, por sua vez questionou ao réu se era normal deixar uma menor em casa do amigo a meia noite e se era normal enquanto adulto pagar bebidas alcoólicas numa menor, este respondeu que só a levou porque a mesma reclamou que estava com sono e só tomou conhecimento que a mesma era menor de idade quando esteve detido.

Ouvida pela imprensa, a mãe da menor lamentou primeiro a morosidade do processo, mas sabe que a justiça, finalmente, será feita.

“A minha filha desde que foi abusada não está bem psicologicamente, é obrigada a ir sempre ao psicólogo e psiquiatria porque tem sustos durante a noite, este mesmo senhor não tem o mínimo de coração, ajoelhou para me pedir perdão e tentou me subornar, mas sou mãe e não vendo a honra da minha filha, quanto a família dele que aqui vieram e conheço muito bem, é bom que saibam que tudo que se faz aqui na terra, é também aqui onde se paga, a justiça dos homens está presente, mas a justiça divina é para sempre”, concluiu.

A secção foi adiada depois de várias horas, e retoma no dia 1 Setembro, no mesmo Tribunal.

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