A contas com a miséria: VIÚVA DO ANTIGO MOTORISTA DO GENERAL MIALA VIVE DE ESMOLAS

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Com cinco órfãos para cuidar sozinha, dentre eles um menor que carece de cuidados especiais, Judith Emília enfrenta actualmente situações de extrema carência desde que no passado dia 12 do mês de Março um grupo de meliantes, até agora desconhecidos, assassinou barbaramente o seu companheiro, à data, motorista do chefe da Secreta, Fernando Garcia Miala.

Por: Costa Kilunda

Se a vida já era difícil mesmo com a presença do marido, com a partida deste para outra dimensão, as coisas só pioraram ainda mais. Judith e filhos, o mais novo a necessitar de cuidados especiais, vivem em situação de extrema carência, onde nem uma fralda descartável ou um pacote de leite de 60 kwanzas é capaz de comprar.

A família do malogrado Domingos Luís Samba, que até à data da sua morte exercia o cargo de motorista do chefe dos Serviços Secretos da República de Angola, Fernando Garcia Miala, vive agora da solidariedade de vizinhos. “Estou mal, muito mal mesmo”, diz Judith Emília ao repórter do ‘O Crime’, acrescentando que nos últimos dias tem sobrevivido da solidariedade de vizinhos e outras pessoas que se compadecem com a sua situação, sendo que até fraldas descartáveis tornaram-se utensílios luxuosos para ela.

Com o filho mais novo a necessitar de cuidados especiais, o drama torna-se ainda pior quando, por razões desconhecidas lhe é vetado o salário do marido falecido. “Até agora não consigo obter o salário do meu marido e sempre que vou ao banco dão-me muitas voltas. Estou de mãos atadas e dentro de casa nem comida tenho”, lamenta.

Segundo ela, a inacessibilidade ao salário do marido tem a ver com o facto de, a dada altura, ela ter errado nas três tentativas a combinação numérica do multicaixa do marido. “Desde então, mandam-me ir junto do departamento jurídico do banco para resolver esta questão”, conta, acrescentando que uma das obrigações para ver esta questão resolvida é apresentar o original do boletim de óbito. “Mas para o meu azar este ficou com os familiares no Kuando Kubango, onde fizemos o funeral”, explicou.

Agora a braços com a miséria, enfatiza que “até os deuses estão contra ela”, fazendo alusão à actual cerca sanitária imposta sob a cidade capital. “Não sei mais o que fazer, até porque maior parte da família dele reside lá, no Cuando Cubango”, notou, para mais depois acrescentar que o prazo de arrendamento da casa onde moram termina em Novembro próximo.

Segundo a senhora, a questão da casa é que mais a aflige, pelo que lança o grito de socorro a quem a possa ajudar com a renda da casa. Por isso mesmo lança o apelo a quem de boa-fé que a possa ajudar, com uma cadeira de rodas para o filho mais novo, uma cama e alimento para dar de comer aos seus filhos.

Aliás, Judith roga às forças de defesa e segurança que redobrem os esforços a fim de se encontrar os assassinos do seu falecido marido.

Conheça os factos

Domingos Luís Samba foi assassinado na noite de quinta-feira, 12 de Março último, em Luanda. O agente de 1.ª classe da PNA trabalhava como guarda do Chefe do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), Fernando Garcia Miala.

De acordo com dados da reconstituição do crime, depois das suas obrigações laborais, Domingos Samba, trajado a informal (de calções), encontrava-se, naquela noite, no perímetro do condomínio Vilé, ao lado oposto do supermercado Kero, do bairro Nova Vida, em Luanda, quando uma motorizada que trazia dois elementos posicionou-se em sua direcção com os faróis focado para o seu rosto. Samba estava a teclar ao telefone.

A motorizada passou-lhe, e minutos depois os assaltantes regressaram em sua direcção, tendo um dos ocupantes feito dois disparos para o chão, retirando-lhe o telemóvel das mãos e meteram-se em fuga. O guarda-costas do patrão da secreta angolana foi atrás dos assaltantes puxando, para o chão, o ocupante do pendura que estava de capacete.

Em reacção, o assaltante fez-lhe um disparo atingindo o braço mas mesmo assim Domingos Samba continuou a lutar contra o mesmo. Ao ver que Domingos Samba resistia lutando, o outro marginal pegou na sua arma e fez-lhe dois disparos na cabeça e um terceiro no peito pondo fim a vida do guarda-costas. De seguida, os meliantes colocaram-se em fuga.

O malogrado deixou viúva e cinco filhos, dentre eles um bebé com patologia que requer atenções acrescidas. Os restos mortais de Domingos Luís Samba foram transladados para a sua terra natal, Menongue, província do Cuando Cubango, onde foi enterrado no cemitério municipal.

Oriundo do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), Domingos Luís Samba fez parte dos quadros desta instituição que passou para Polícia Nacional, trabalhando nas vestes de guarda e motorista de Garcia Miala.

Segundo uma fonte ligado ao SIC, os dois marginais terão já sido identificados pelo que poderão, em tempo oportuno, ser apresentados para as devidas responsabilidades criminais.

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