Assalto ao carro-forte: TERMINA COM A MORTE DE SEGURANÇA

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Um funcionário da empresa de segurança privada ‘D. Carlos – Segurança Privada’ foi morto durante um assalto, no Cazenga, enquanto fazia a escolta de um carro que transportava valores monetários. No total, foram roubados 15 milhões de kwanzas, e detido o supervisor da referida empresa, acusado de ser o autor moral do crime.

Por: Engrácia Francisco

Sexta-feira, 23 de Outubro, por volta do meio-dia, nas imediações do mercado Asa Branca, no município do Cazenga, quatro funcionários da empresa D. Carlos- Segurança Privada faziam a escolta de um total de AKZ 24.000.000,00 (vinte e quatro milhões de kwanzas), distribuídos em dois sacos, divididos em 15.000.000,00 (quinze milhões de kwanzas) e AKZ 9.000.000,00 (nove milhões de kwanzas), que pertenciam a um armazém de venda de produtos diversos.

No trajecto, soube ‘O Crime’, à entrada da Rua do Comércio, no Cazenga, a viatura Toyota, modelo Hilux, na qual se faziam transportar o referido gerente do estabelecimento comercial e Walter Diogo, 23 anos, foi abordada por seis  indivíduos, fortemente armados, que se faziam transportar por três motorizadas, tendo, na sequência, anunciado o crime.

Seguidamente, contou uma testemunha, os marginais efectuaram quatro disparos, tendo dois deles atingido e perfurado a região peitoral de Walter Diogo, que se encontrava sozinho na carroçaria do veículo, tendo morte imediata, e outro disparo atingiu o braço esquerdo do gerente do armazém, que estava na parte interna.

Acto contínuo, os marginais exigiram que lhes entregassem o saco de dinheiro, uma ordem prontamente acatada pelo supervisor da empresa de segurança e, em seguida, colocaram-se em fuga, levando consigo, para além dos 15 milhões de kwanzas, duas AKM.

Segundo informações, depois do assalto, os colegas tentaram socorrer a vítima, levando-a para uma unidade hospitalar próxima, mas sem sucesso.

Familiares da vítima indignados

Os familiares do malogrado mostram-se, agora, indignados, uma vez que, contam, o seu ente, para além de ser inexperiente, estava na empresa há, apenas, dois meses, pelo que, segundo eles, não poderia ser escalado para aquela missão.

“Ele era novo no serviço, nunca tinha participado de uma escolta de valores durante os dois meses que trabalhou naquela empresa”, disse Vunje Augusto Diogo, tio da vítima, que prosseguiu dizendo que, pela forma como se deu o assalto, indicia a participação do supervisor no crime, já que “ele protegeu mais o saco que continha os nove milhões, e colocou, à vista, no colo o de 15 milhões”.

Todavia, fizeram saber, também, que os responsáveis da empresa ‘D. Carlos – Segurança Privada’, para qual labutava o seu ente querido, responsabilizaram-se com as despesas do óbito, como a alimentação e outros meios necessários, incluindo as exéquias.

Do lado da empresa, falou o seu administrador, António Domingos, que lamentou o sucedido e garantiu que tem seguido o processo junto das autoridades. “Não estamos parados, queremos que os autores, morais e materiais, deste crime sejam responsabilizados.

Por outro lado, assegurou a continuidade dos ordenados do malogrado, que passarão a ser recebidos pela viúva deste, por sinal em gestação.

“A investigação deve abranger os superiores da referida empresa”

Mário Kabeya, criminólogo, começou por colocar em causa a posição do supervisor da referida empresa, afirmando que “o facto de ter colocado, na retaguarda, um agente inexperiente, sem provas de capacidade de treino para o efeito, indica que o cúmplice do facto está mesmo aí”.

O especialista acrescentou que, “enquanto supervisor experiente, que já tem feito escolta a avultadas somas em dinheiro, é claro que tinha domínio de quantos homens deveria colocar atrás, a fim de manter a segurança dos colegas e do dinheiro”, não se podendo, ainda assim, limitar no supervisor, pois “ele poderia apenas estar a supervisionar, a cumprir orientações superiores. Pode ser que ele tenha recebido uma informação dos seus superiores para que colocasse o jovem naquela posição. Então, estamos ainda no processo de dúvida e não se pode afirmar, nem descartar”.

“Há um chefe de operações que faz a maquete operacional”, acrescentou o criminólogo, para depois dizer que, de acordo com a zona, para quem faz esse tipo de actividade, já tem noção de quantos indivíduos deve levar para escoltar o dinheiro. O facto de colocar um jovem inexperiente, alega, já cria dúvidas, “daí que se deve investigar o supervisor, o chefe das operações e até mesmo os superiores”, aconselha.

O criminólogo diz que é importante chamar a atenção das pessoas a não olhar apenas para a acção (roubo de valores, concorrido com homicídio voluntário), mas questionar o porquê de um jovem, com dois meses de trabalho, lhe foi incumbido essa missão e estava sozinho na carroçaria, o que nos leva a concluir que, “tinha alguém com intenção de matá-lo. Porém, essa pessoa poderá ser identificada com uma investigação aprofundada”.

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