Carnificina familiar: ENTEADO CONFESSA SER O MANDANTE DO TRIPLO HOMICÍDIO

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Edilásio Wander Fortes, o enteado, que havia sido expulso de casa por mau comportamento, confessou, em interrogatório no SIC, ser o mandante e partícipe das mortes do seu irmão de mãe, do padrasto e de um sobrinho deste, bem como da intenção de roubar os cerca de quinhentos mil dólares que o padrasto tinha recebido de indemnização. 

Maiomona Paxe

Com os suspeitos, foi também apreendido um telemóvel de marca Samsung J10, pertença de Kamukotele Anderson, o padrasto, encontrado em posse de Ludy Justino Pinto, o comparsa de Wander.

“seguindo as pontas soltas” deixadas pelos autores do crime. “A investigação está num bom caminho, com tempo ou menos tempo vamos chegar até ao assassino”, disse, dado que viria a se confirmar, passadas 24 horas depois. Na quarta-feira, 26, Wander, o enteado, e seu amigo “Ludy”, acabaram detidos pelo SIC, suspeitos de envolvimento na morte de três membros da mesma família.

De acordo com o que apurou o jornal O Crime, as mortes não aconteceram no mesmo instante. Aliás, segundo declarações do próprio Wander Fortes, proferidas em sede de interrogatório no Serviço de Investigação Criminal (SIC), na quarta-feira, 26, na tarde daquele fatídico domingo, 23, em horário que não soube precisar, ele, enteado, e o cúmplice, partiram da centralidade do Kilamba, onde Wander reside, e rumaram para o condomínio Vereda das Flores, localizado nas imediações da via expresso, avenida Fidel de Castro. 

Como antigo morador do condomínio, não foi difícil o jovem de 29 anos e o amigo, da mesma idade, convencerem os seguranças, e entraram, tendo se dirigido até à casa Nº  33, na rua Flor de Lís, pertença do seu padrasto.  no interior da mesma, explicou, estavam apenas o seu meio-irmão, Kamukotele Anderson Manuel, de 13 anos, e o sobrinho do padrasto, Delvany Manuel, de 9 anos, tendo começado por matar estes, por asfixia, usando travesseiros e outros objectos contundentes. 

Por esta altura, contaram, Kamukotele Anderso, de 51 anos, havia deslocado-se à casa de uma irmã, em busca de comida, já que a esposa se encontrava na província do Cuanza Sul. Já à noite, quando este chegou à casa, foi de igual modo espancado e asfixiado até perder a vida. Em seguida, colocaram os corpos das três vítimas no porta-malas da viatura do malogrado, de marca Ford Edge, de cor cinzenta, tendo esperado até às 4 horas da manhã de segunda-feira, 24, altura em que seguiram para a centralidade do Kilamba, e no parque do edifício X-15, no quarteirão X, abandonaram a viatura e os corpos das vítimas no interior.

De acordo com o irmão de Kamukotele Anderson, Fanuel Pindi, as câmaras de vigilância do condomínio revelara as imagens da viatura do malogrado a sair do condomínio por volta das 4 horas da manhã de segunda-feira, 24, não mostrando, no entanto, quem seguia ao volante da mesma. Ademais, segundo Fanuel, as imagens de vídeo vigilância do condomínio mostram ainda a chegada do enteado, por volta das 9 horas, tendo este justificado a sua ida naquele complexo habitacional com o facto de os seus familiares ali residentes estarem desaparecidos.

Todavia, a informação do desaparecimento das três vítimas veio a ser comunicado horas depois, com uma publicação na rede social facebook, feita pela esposa do malogrado.

Entretanto, a grande questão tem, precisamente, que ver com o facto de como Wander ficou a saber do valor da indemnização que o padrasto recebera, já que fazia tempo que o mesmo havia sido expulso de casa por má conduta e desavenças com o padrasto.

Contactada para mais esclarecimentos sobre o assunto, Elizabeth Manuel, esposa do malogrado, referiu não estar em condições de se pronunciar sobre o caso e que deixa tudo nas mãos do SIC.

Aliás, antes mesmo de autoridades virem a público confirmar o envolvimento de um membro da família no triplo homicídio, familiares de Kamukotele Anderson já aventavam esta possibilidade, já que o jovem apresentava comportamento suspeito e tinha muitos desentendimentos com o padrasto.

Em declarações à rádio Luanda, antes da sua detenção pelo SIC, como mandante do crime, o enteado havia confirmado ter ido à casa da vítima, e que, na ocasião, apenas havia encontrado o seu meio-irmão e o sobrinho, e que não sabia como os menores tinham sido encontrados na viatura junto com o pai, já que ele os havia deixado em casa antes que o padrasto tivesse chegado. 

Ainda sob mistério na altura, o crime parecia ser executado por alguém que conhecia a vítima e, sobretudo, que conhece perfeitamente o quarteirão onde o carro da vítima foi encontrado. Um dos edifícios próximo ao parque de estacionamento possui duas câmaras de vigilância, mas que ainda assim não inibiu a acção dos suspeitos, pois, como se presumia, o mesmo sabia que as duas câmaras já não funcionavam fazia algum tempo. Daí que tenham escolhido aquele lugar para abandonar a viatura.

De acordo com alguns moradores do quarteirão X da centralidade do Kilamba, a viatura do malogrado já se encontrava parqueado naquele lugar desde às 16 horas de segunda-feira, 24 de Maio. Segundo relatos de Jacob Gomes “Bruno”, prestador de serviços naquele quarteirão, a presença do carro da vítima era uma novidade, pois nunca tinha visto na zona. 

Ainda assim, disse, estavam longe de imaginar que no interior da viatura estariam três cadáveres. “Nunca tinha visto aquele carro, os vidros estavam todos fechados e julguei que fosse de algum morador”, explicou. 

Todavia, por volta das 5 horas de terça-feira, 25 de Maio, pronto para mais um dia da sua rotina diária, Bruno deparou-se com dois agentes da Polícia Nacional que efectuavam um ronda naquele quarteirão, que acharam estranho um veículo estacionado com vidros semiabertos e sem ninguém ao volante. Ao aproximaram-se do veículo, contou o jovem, os agentes constataram o óbvio.

“A chave do carro estava no tapete do banco do motorista, o banco de trás estava inclinado e no porta malas estavam três cadáveres”, explicou Bruno, para mais adiante dizer que algumas horas depois veio a confirmar-se que se tratava dos cidadãos Kamukotele Anderson, 51 anos, Kamukotele Anderson Manuel, 13, e Delvany Manuel, de 9 anos, os mesmo que haviam sido dados como desaparecidos há dois dias.

Presume-se que os suspeitos tenham regressado ao parque, pela madrugada, inclinando o banco traseiro para frente e deixado em semiaberto os vidros, bem como abandonado as chaves no tapete. 

Nas primeiras declarações à imprensa, o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do SIC-Geral, Manuel Halaiwa, afirmou que as investigações estavam em andamento, as pessoas estavam a ser ouvidas e que, com cautela, foram “seguindo as pontas soltas” deixadas pelos autores do crime. “A investigação está num bom caminho, com tempo ou menos tempo vamos chegar até ao assassino”, disse, dado que viria a se confirmar, passadas 24 horas depois. Na quarta-feira, 26, Wander, o enteado, e seu amigo “Ludy”, acabaram detidos pelo SIC, suspeitos de envolvimento na morte de três membros da mesma família.

Kamukotele Anderson, de 51 anos, era Mestre em economia, formado na universidade de Oxford, Inglaterra. Estava desempregado há aproximadamente 7 meses, depois da rescisão de contrato com a petrolífera BP.

Apesar de confessar o crime:

FAMILIARES DO ENTEADO DE KAMUKOTELE INOCENTAM O JOVEM E APONTAM O DEDO A ANTIGO FUNCIONÁRIO DO CONDOMÍNIO CONDOMÍNIO

Os familiares de Edilásio Wander Fortes, de 29 anos, que na passada quarta-feira, 26, após a sua detenção teria confessado, em interrogatório no SIC, a autoria do crime, afirmaram, em exclusivo ao Jornal O Crime, que o enteado de Kamukotele Anderson não é o mandante, como se propalou, e imputaram a responsabilidade a um antigo funcionário da gestão do condomínio. 

Engrácia Francisco

Segundos os familiares do suspeito, as acusações que estão a ser imputadas ao jovem de 29 anos, e o amigo, Ludy Justino Pinto, também de 29 anos, não correspondem com a verdade. Segundo eles, Wander Fortes “amava muito o irmão e não faria isso com aquele”. 

Para eles, o jovem até podia matar o pai, mas nunca o irmão mais novo. “Pois quando o irmão nasceu ele já tinha 15 anos e cuidava muito bem dele”, alegam. 

Entretanto, uma fonte da família conta que há alguns meses, o malogrado Kamukotele Anderson, de 51 anos, teve problemas com um dos responsáveis do condomínio Veredas das Flores, onde residia com a família, por ele, o malogrado, ter denunciado uma burla avaliada em 1 milhão de kwanzas. Os valores, disse, eram, alegadamente, cobrados, mensalmente, por aquele suposto funcionário, como imposto de condómino. “Esta denúncia infelizmente custou o posto de trabalho do indivíduo em questão”, afirmou a fonte, que preferiu anonimato, para depois acusar o mesmo antigo funcionário como sendo o verdadeiro mandante da morte de Kamukotele Anderson, o filho e o sobrinho, de 13 e 9 anos respectivamente. 

Para cruzar as fontes, um exercício recomendado pelas regras do jornalismo, o jornal O Crime tentou contactar o administrador do condomínio, para o confrontar com as informações prestadas por um membro da família do acusado, mas não teve sucesso.

Ademais, dão ênfase às afirmações destes familiares o facto de a viatura de Kamukotele ter saído do interior do condomínio por volta das 4 horas da manhã, supostamente com os corpos das vítimas no porta-malas, sem que, no entanto, os acusados fossem vistos ou interpelados pelo corpo de segurança, já que se trata de um condomínio fechado, segurado pela empresa ‘MIEM – CAPSULA GROUP-LDA, Divisão de Segurança Privada’.

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