CASO LAURINDO VIEiRA: CRIA CONFLITO ENTRE SINSE E SIC
Novas investigações estão em andamento, para confirmar ou refutar as alegações do Serviço de Investigação Criminal, sobre a morte do sociólogo Laurindo Vieira, que foi assassinado no pretérito dia 11 de janeiro, na rua dos bancos, na zona do patriota, município de Belas, alegadamente quando saía de uma dependência bancária.
Maiomona Paxi
Após a morte do sociólogo e comentarista televisivo de assuntos políticos, docente e reitor da universidade Gregório Semedo, Doutor Laurindo Vieira, o Serviço de Investigação Criminal-SIC, apresentou no domingo, 14, cinco elementos suspeitos de assassinar o sociólogo e membro do comitê central do partido político MPLA, dentre eles, Hélder Ricardo Dala de Carvalho “Ricardo Pambala”, de 23 anos, que assumiu a autoria do crime. Segundo o mesmo, em declaração pública aos órgãos de comunicação social, o plano foi arquitetado por um comparsa de nome Ivan, que se encontrava no interior de uma dependência bancária do BCI (Banco de Comércio e Indústria), enquanto do lado de fora, estavam outros elementos que aguardavam a saída da vítima, numa motorizada e uma viatura de apoio de serviço personalizado de táxi, da empresa Ugo, de marca Toyota, chapa de matrícula LD – 66-36-HQ. Prosseguindo as declarações do acusado confesso, a orientação era assaltar os valores monetários que, supostamente a vítima teria levantado ao banco.
No momento do suposto assalto, segundo o declarante, a vítima teria tentado sacar uma arma de fogo e de forma não intencional, na tentativa de defesa, o marginal o disparou contra a perna do sociólogo, atingindo a artéria femoral, caindo numa poça de sangue.
Depois do infortúnio, vários vídeos postos a circular nas redes sociais, levantaram várias questões em torno da morte do sociólogo e membro do MPLA, sobre se tratar de uma execução e não assalto como veiculado nos órgãos de comunicação social, pelo SIC.
Especula-se que seja um trabalho feito por profissionais dos serviços secretos, que visava de forma clara, silenciar o também consultor do Serviço de inteligência e Segurança Militar – SISM e quadro do gabinete da primeira dama da República, Ana Dias Lourenço, doutor Laurindo Vieira. Informações postas a circular, revelam que o docente foi marcado para morrer, quando participou da última sessão do Conselho de Segurança, do ano transato, que culminou na exoneração de várias figuras do aparelho de segurança nacional, tendo proposto também a alteração da lei de segurança nacional, que exara poderes ao SISM de supervisionar actos do Ministério do Interior e da Polícia Nacional e, o SINSE (Serviço de Investigação e Segurança de Estado) a supervisionar o SIC (Serviço de investigação criminal).
A ideia, segundo informações, era silenciar e evitar que o malogrado fosse nomeado a um cargo de destaque dentro do aparelho da segurança nacional e prosseguir com sua proposta de lei, antes do final de Janeiro, época prevista para aprovação da mesma.
Um dado curioso a ter em conta, diante deste infausto acontecimento, foi o vazamento de informações que davam conta de que, o SIC havia preparado alguns reclusos presos na Comarca Central de Luanda (CCL), para assumir a autoria do crime, na terça-feira, 16. Porém, na tentativa de contrapor o vazamento e assegurar o sucesso do “plano”, o Serviço de Investigação Criminal, antecipou e apresentou os suspeitos numa tarde de domingo, 14, acção pouco comum do itinerário deste órgão de investigação, que normalmente faz apresentações nos dias úteis de trabalho.
A pressa e as movimentações do SIC em torno do caso, levantaram suspeitas não só da opinião pública, bem como de familiares do malogrado. Uma fonte interna, que preferiu anonimato, revelou estar em andamento outras investigações para apurar a veracidade dos factos veiculados pelos órgãos de comunicação social, através do SIC.
Outro sim, são as várias análises feitas em volta da restituição do crime que, segundo imagens captadas pelos pedestres, mostram ser pessoas bem treinadas e que dominavam a área. As imagens de acordo alguns especialistas, revelam a finalidade única de matar Laurindo Vieira, com várias equipas preparadas para execução e despiste de provas. No entanto, a morte era inevitável; o disparo foi efectuado na artéria femoral, uma zona de alto risco e de muito sangramento, para além da bala incendiária que foi utilizada.
Suspeita-se, de que a vítima já recebia mensagens de morte e que seus assassinos conheciam a sua rotina; convertendo as apresentações do SIC sobre os possíveis suspeitos do crime, numa autêntica “peça teatral”.
Contudo, após a morte do sociólogo e reitor, Laurindo Vieira, na tarde de quinta-feira, 11 de janeiro, no patriota, o Serviço de investigação criminal, apresentou vários suspeitos: Hélder Ricardo Dala de Carvalho “Pambala”, 23 anos, suposto autor do disparo, Adriano de Jesus Fragoso Junior “Mula”, 33 anos, Raul Francisco Domingos Gayeta, 36 anos, motorista da viatura de táxi personalizado, Gelson Manança e Julieta Colombo, estes dois últimos soltos pelo juiz de garantia, por se envolver apenas no crime de receptação de um telemóvel da vítima de marca Samsung A3. Ou seja, pelo facto de Gelson Manança ter comprado o telefone do malogrado nas mãos do primo criminoso, Adriano de Jesus Fragoso Junior e ter revendido a sua prima, Julieta Colombo, no entender o juiz, os mesmos deveriam responder em liberdade, pagando uma caução de 1.000.000 kz e outra de 200.000kz, respectivamente.
O suposto cérebro da operação, Ivan, foi capturado na sexta-feira, 19, pelos efectivos da direcção de investigação de ilícitos penais (DIIP), a caminho da província do Cuanza Norte.
A história que culminou na morte de Laurindo Vieira “Mfumu-ya-Nkanda”, como também era chamado entre os familiares, levanta várias suspeitas, não só pelo cargo que exercia, bem como as circunstâncias e os supostos assassinos.
No caso do suposto atirador, Hélder Ricardo Dala de Carvalho, morador do bairro Tala Hady, município do Cazenga, nada se sabe sobre ele nos últimos meses. Há muito que ninguém o via naquelas bandas. Integrante da “Dope Shine”, um staff criado por jovens organizadores de eventos, Hélder de Carvalho, desapareceu de convívios festivos de que gostava, um dado que eleva as suspeitas de que o mesmo já se encontrava encarcerado. Por outro lado, amigos e familiares, se recusam prestar qualquer declaração sobre o implicado, passando uma ideia clara de medo.
No entanto, entre especulações e declarações, é a terceira morte que ocorre naquela zona do patriota. Um local que se julga estratégico para o cometimento de crimes.
Laurindo Vieira, 60 anos, natural do Dange, comuna do Kitexe, província do Uíge, foi abordado por dois jovens que se faziam transportar numa motorizada, que dispararam contra o mesmo, sem levarem nada (apenas um telefone apresentado pelo SIC), tendo os assassinos abandonado o local de forma tranquila e serena. O sociólogo, faleceu a caminho de uma unidade hospitalar, após ser atingido na artéria femoral por uma arma de fogo. Docente, reitor da universidade Gregório Semedo, militar, membro do comitê central do MPLA, consultor do SISM – Serviço de inteligência e Segurança Militar, comentarista de assuntos políticos, graduado em Ciências da Educação pela universidade do Porto, foi a enterrar no pretérito dia 16, terça-feira, no cemitério da Santana, antecedida de uma cerimónia fúnebre, realizada no complexo do R20. As exéquias fúnebres contaram com a presença de órgãos da defesa, membros do partido MPLA, OMA, estudantes, colegas, amigos e familiares.