Caso Leandro: Obrigado, ‘diabos’ do SIC!

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A morte prematura do jovem Teodoro Renato da Cunha, 29 anos de idade, às mãos dos irmãos foragidos, João de Deus Oliveira Gomes dos Santos (Leandro Arrop), Lucélio dos Santos (Célio), Luís Ivanilson dos Santos (Luís) e Pedro Maninho dos Santos (Maninho), acaba, vista de outro ângulo, por vincar a decadência do Serviço de Investigação Criminal (SIC).

Inoperância e corrupção no órgão são realidades que revoltam a sociedade, em particular familiares das vítimas da criminalidade.

Tanto que já se analisa o que é melhor: aguardar pela justiça da Lei ou partir por justiça pelas próprias mãos. 

Passados dois meses desde que se soube que era procurado internacionalmente por crime de homicídio, Leandro Arrop, de 36 anos, apareceu em Portugal, onde viria a ser detido. Foi em função do mandado de captura internacional emitido pela Organização Internacional de Polícia Criminal, mundialmente conhecida pelo seu acrónimo INTERPOL (International Criminal Police Organization), por intermédio da sua congénere de Angola, liderada pelo subcomissário de Investigação Criminal, Destino Pedro. 

Uma vez solto, Leandro fez questão de publicar um vídeo em que aparece ao volante de uma viatura, a comemorar aquilo que para si foi uma vitória, uma espécie bênção divina. “Obrigado, Jesus! Obrigado, meu Deus! A justiça demora, mas não falha”, terminou, com um sorriso no semblante. 

Neste vídeo, publicado nas redes sociais, Leandro mostrou quem realmente é, mas, digamos, para quem não o conhece. É que, para quem o conhece, não foi novidade nenhuma vê-lo rir da desgraça alheia, gozar da dor dos familiares da vítima, em particular da mãe do jovem que ele tirou a vida. Uma mulher que, nesta altura, se encontra doente em função da perda irreparável do seu caçula, o jovem Teodoro Renato da Cunha, cheio de vida e futuro pela frente. 

Quando a incompetência dos ‘diabos’ do SIC se confunde com a bênção de Deus

Leandro é visto, na cidade de Luanda, como um indivíduo altamente perigoso, envolvido no mundo do tráfico de drogas, em que facilitava a entrada do ‘produto’ pelo Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro.

É membro de um dos grupos mais perigosos de Angola, denominado ‘Alameda Squad’. Mesmo não pertencendo a nenhum órgão militar, e não tendo licença de porte de arma de fogo, era visto a circular armado nas ruas de Luanda, e nada acontecia.

A sua comemoração deveria ter sido, isto sim, para agradecer aos seus amigos corruptos do SIC e PN que facilitaram a sua fuga para o exterior, assim como aos incompetentes da Interpol que não mandaram a tempo peças do processo para a justiça portuguesa. 

Esta foi uma das falhas que terão determinado a libertação daquele criminoso, mediante termo e identidade e residência, por se tratar também de cidadão português.

Ainda não se fez justiça, como alegou no vídeo e muito menos foi graças a Deus ou a Jesus.

A fuga de Leandro para o exterior – estamos cansados de denunciar – contou com a colaboração de alguns efectivos do SIC.

Para facilitar o processo de disciplina interno que, supostamente, decorre naquele órgão, entregámos alguns dados que tínhamos em nossa posse, assim como a fotografia dos dois agentes do município de Talatona, que se deslocaram à Clínica Multiperfil para ver a vítima, mesmo não sendo a sua área de jurisdição. Fizeram-no a pedido do investigador Teodoro, director do SIC-Talatona. 

Entregámos os dados a uma alta figura do SIC, mas até agora nada se fez e, pelo contrário, foram capazes de aconselhar, ou melhor, intimidar a nossa repórter no sentido de abandonar este caso, deixar de escrever sobre o assunto. Simplesmente vergonhoso!

Deixamos claro que este jornal não cede a intimidações, venham elas de onde vierem. Estamos comprometidos com a verdade, com o combate à criminalidade, estamos contra os corruptos e exploradores do povo angolano. Não ‘vão nos parar’ enquanto tivermos fôlego para respirar, uma vez que, temos dito, o que nos move é muito mais forte do que se usa para nos travar. 

António Bendje a ‘ver fumo’

O actual director-geral do Serviço de Investigação Criminal, comissário-chefe António Paulo Bendje, na sua tomada de posse, presidida pelo ministro do Interior, Eugénio Laborinho, tinha assegurado que, além do esclarecimento de casos de crimes, o SIC iria priorizar o combate à criminalidade e o respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos com base na legalidade. “Vamos reforçar, a partir de agora, a sua capacidade de intervenção para dar maior celeridade processual no esclarecimento dos crimes”, dizia na altura.

Na cerimónia, em que o seu director-adjunto, comissário Pedro Lufunguila, também tomou posse, Paulo Bendje frisou que uma das apostas é continuar a manter os níveis de operatividade e de organização, visando aperfeiçoar o trabalho deixado pelo director cessante, mesmo em termos de organização administrativa. 

A alta patente da Investigação Criminal garantiu que o SIC vai, igualmente, reforçar a capacidade operacional dos efectivos e estreitar a cooperação com outros órgãos de Defesa e Segurança no combate à criminalidade.

A formação contínua e a capacitação dos quadros são, conforme salientou, outras iniciativas a ter em conta.

Paulo Bendje frisou que trabalharia para tornar o SIC num órgão de referência em matéria de investigação criminal, através da consolidação da acção proactiva e reactiva, no âmbito do combate à criminalidade violenta.

“Vamos, ainda, trabalhar para elevar os níveis de formação contínua e técnico-profissional, visando elevar a produtividade processual dos instrutores”, referiu o comissário-chefe.

“Vamos, ainda, trabalhar para elevar os níveis de formação contínua e técnico-profissional, visando elevar a produtividade processual dos instrutores”

Analisado o discurso face à realidade, facilmente se percebe que Paulo Bendje foi politicamente correcto, fazendo promessas inalcançáveis para si. A caminho do quarto mês na liderança de uma casa que há muito conhece, até porque já foi director-adjunto, ele denota falta de capacidade. 

Reprovou, se quisermos, nos vários testes que surgiram, e o 

caso Leandro está a ser desastroso , com a postura daquele órgão a revelar-se uma vergonha.

O director, que já tem uma certa idade, teme os seus efectivos, configurando um cenário de retrocesso.

É preciso que António Bendje se imponha como tal e, para alcançar os seus objectivos, tinha de combater a corrupção que corrói todo sistema do SIC.

Tem uma excelente oportunidade no mediático ‘caso Leandro’, para mostrar que, realmente, merece estar neste lugar.

O SIC precisa de um director inteligente, corajoso, moderno, conhecedor dos meandros de investigação, assim como de cada um dos seus directores provinciais e municipais.

Em abono da verdade, perante os factos do ‘caso Leandro’, num país sério, onde realmente se valoriza e respeita-se a vida e competência profissional, toda direcção do SIC e da Interpol Nacional estariam no olho da rua, mas estamos em Angola, onde a incompetência e influência é critério fundamental para se exercer um cargo. Desta feita, vamos continuar assistir a tais injustiças.

A vida deve ser respeitada e valorizada, pelo que ninguém tem o direito de tirar a de quem quer que seja. 

Não há glória em matar um ser humano de forma deliberada e por motivos fúteis. Não é ser ‘dred’, ‘durão’ ou mais ‘fudido da ‘city’ rir da dor de uma mãe que perdeu o filho que o próprio foragido causou a morte. 

Leandro e todos aqueles que o apoiam são uns pacóvios. O mesmo não deve esquecer que também tem filhos, mãe, irmãs e irmãos e família é sagrada. 

Ao Leandro Pacóvio e não Arrop, se não sabia, saiba que neste mundo ninguém sai sem antes pagar pelos seus pecados e o Deus a quem clamou é, realmente, justo e a sua justiça tarda, mas acontece. Ela, por tardar, às vezes é confundida como vitória, como o fez no vídeo que publicou e, quando a real justiça divina chegar, aí sim, Leandro Pacóvio vai saber diferenciar entre Deus e os ‘diabos’ do SIC.

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