Com excelente atendimento: FALTA SERVIÇOS E TÉCNICOS NO HOSPITAL MUNICIPAL DE CATETE

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Dezenas de pacientes encontrados no Hospital Municipal de Catete mostraram-se, na última semana, satisfeitos com o atendimento prestado naquela unidade hospitalar do município de Icolo e Bengo, em Luanda, mas se queixam da falta de muitos serviços, o que os força a buscarem em outras paragens. 

Por: Jaime Tabo

A deficiência no atendimento, em quase todas as instituições hospitalares de Luanda, é uma realidade insofismável. O hospital em causa tem sido o refúgio de muitos pacientes que carecem de um atendimento célere e qualificado.

É o caso de Flávio David Manuel, de 35 anos, que diz ser a segunda vez que procura pelos serviços daquela unidade. “Pela primeira vez, o atendimento foi bom e eficaz”, disse, acrescentado que “nada paguei pelo excelente atendimento”.

Todavia, lamenta apenas o facto de o hospital não estar a realizar exames de Raio X e que, por isso, teve de desembolsar cinco mil kwanzas numa instituição privada.

Um outro paciente é o ancião Alfredo João, de 67 anos, que, pela quarta vez no hospital, confessa ser sempre bem atendido e nunca ter experimentado largas horas de espera. “Marquei uma consulta às 8 horas e, imediatamente, fui atendido”, asseverou, para mais tarde acrescer “fiz o exame de Pesquisa de Plasmódio (PP) sem custo nenhum”.

Entretanto, outro utente, não querendo ser identificado, conta que o Hospital de Catete, se comparado ao Américo Boa Vida e outros de referência na capital do país, este primeiro perde apenas na questão de medicamentos e alguns serviços em falta, visto que o atendimento é satisfatório. “Não há medicamentos no hospital, tudo tem de ser comprado fora”, reivindicou.

Contrariamente, Fernando Ferraz, que frequenta o hospital há cinco anos, atesta que “o hospital tem dado assistência medicamentosa aos pacientes, quando há medicamentos”, revelando ainda que, recentemente, viu um paciente a receber, gratuitamente do hospital, os devidos medicamentos para combater a malária diagnosticada em exames.

“Falta muitos serviços aqui, como o de urologia, por exemplo. Precisamos de um hospital maior, para que se aumente os serviços no município, evitando, assim, as longas viagens para Luanda, que dista quase sessenta quilómetros daqui”, clamou, pois, há quatro anos tenta realizar uma consulta daquela especialidade no Hospital Américo Boa Vida, mas, devido às “voltas” no processo, acabou por não concretizar.

Hospital vive de gestão de contenção

Por seu turno, o director geral do Hospital Municipal de Catete, doutor Renato Palmas, revela-nos que o segredo do atendimento eficaz está na comunicação saudável que procura estabelecer, sempre, entre a direcção, a equipa médica e os pacientes.

“Todos os sectores da unidade hospitalar sabem quais os objectivos a serem atingidos na organização e isso faz com que todos estejam envolvidos na mesma missão”, assegurou.

Para Palmas, o hospital só verifica escassas filas na hora do atendimento por conta da rica rede sanitária que há no município, comportando vários postos de saúde nas periferias. Deste modo, os pacientes com casos leves recorrem às unidades mais próximas. “A isso chamamos de sistema de referência e contra referência”, frisou.

O director refere, ainda, que há insuficiência de médicos e enfermeiros na unidade, para assumir a demanda populacional da região, e não só, uma vez que recebe pacientes de vários pontos de Luanda e, até mesmo, da vizinha província do Cuanza Norte.

Na visão desse doutor, com dezenas de anos na área médica, falta muitos técnicos para completar o quadro orgânico da instituição que dirige, pois, ao contrário dos vinte médicos de que se necessita, nesse momento, o hospital conta apenas com 12, sem excluir os membros directivos.

“Somos um hospital geral, que atende as quatro especialidades básicas: Pediatria, Medicina, Ginecologia e Obstetrícia e Traumatologia, devido à localização geográfica do hospital, estamos num eixo viário e casos de acidentes são recorrentes”, declarou.

Diariamente, só na Pediatria, são atendidos, em média, 30 a 45 casos, sem que ninguém fique de fora, pelo que, somando com os casos de urgência, pode-se atingir a cifra de 80 casos. O bloco operatório encontra-se inoperante por falta de pessoal.

Para a transferência de pacientes carentes de maiores serviços, Renato Palmas responde que tem duas ambulâncias, uma das quais inoperante por razões técnicas. Porém, quando ficam sem meios, a Repartição Municipal, o Corpo de Bombeiros e, até, a Polícia Nacional apoiam com as suas viaturas.

Nesta unidade hospitalar, como nas demais, a malária, na sua forma complicada, tem sido a patologia com maior registo. Ao nível dessa, as doenças diarreicas aguda e, também, pelas condições demográficas, a desnutrição fazem parte da estatística de patologias com maior incidência nas crianças dos 0 aos 5 anos.

Renato Palmas não revela o valor que recebe da Administração local, mas assegura que o que tem recebido serve para atender somente as necessidades básicas do hospital e que, certamente, não chega para fazer face aos projectos que se pretendem implementar.

“Neste momento, faz-se uma gestão de contenção”, disse, adicionando que o hospital depende do valor alocado mensalmente à Administração Municipal, os 25 milhões de kwanzas.

Dentre muitos outros serviços, o hospital regista a falta de serviços de Estomatologia e Imagiologia. Os de Medicina, Cardiologia, Cirurgia, Ortopedia, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Hemoterapia, Laboratório de análises e salas de partos, por falta de manutenção nos equipamentos e pessoal especializado, muitos deixaram de funcionar.

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