Algumas informações postas a circular nas redes sociais apontam para a detenção do comandante municipal de Belas, por suposto envolvimento no roubo de 40 milhões de dólares e morte de um oficial de investigação ligado ao “Caso Lussaty”. Porém, Pedro Bazuka refutou tais informações e disse que a sua ausência deveu-se ao cumprimento de um período de tratamento médico, em Portugal.
Por: Engrácia Francisco
Em relação às mesmas informações, o delegado do Ministério do Interior no município de Belas foi o mandante da morte de um agente do Serviço de Investigação Criminal (SIC), para alegadamente apoderar-se de, pelo menos, 40 milhões de dólares retirados de um dos apartamentos do major Pedro Lussaty.
Em entrevista exclusiva ao jornal ‘O Crime’, Pedro Bazuka disse que tomou conhecimento destas informações através das redes sociais, mas não deu importância por serem falsas. Porém, “nos últimos dias, essa situação atingiu grandes proporções”, disse, assegurando não existir qualquer processo contra si.
“Eu nunca estive detido e nem sequer há um processo aberto contra mim. Viajei por questões de doença. Nunca fui detido por qualquer assunto”, disse.
Quanto as buscas e apreensões dos bens do major Pedro Lussaty, o delegado do Minint afirmou que a operação foi realizada no Talatona, um território que não faz parte da sua jurisdição, e por elementos do SIC-Geral.
Ou seja, enquanto oficial da Polícia Nacional e comandante municipal do Belas, a sua participação dependia de orientação superior, o que não aconteceu.
Segundo avançou à este jornal uma fonte do SIC, entre os detidos do “Caso Lussaty” estão três oficiais do órgão de investigação, identificados por Massada, Rucinho e Jordão, os dois últimos em fuga no exterior do país.
Entre os nomes supracitados, o comandante Pedro Bazuka disse conhecer apenas, Celso Duarte Monteiro de Azevedo “Russinho”, por ser alguém com quem convive há muitos anos. “Fora isso, não faço ideia de quem sejam os implicados neste processo”, afirmou.
Contudo, ‘O Crime’ sabe que existe um processo sobre o assassinato do agente do SIC, mas o nome de Pedro Bazuka não consta nem como arguido, nem como testemunha ou declarante.
Comandante apontado como membro do grupo HDA
Segundo as informações que foram divulgadas nas redes sociais, Pedro Bazuka é, igualmente, apontado como membro dos HDA, antigo grupo da província de Luanda com cadastro criminal.
O superintendente negou as acusações e avançou como possível motivo da associação do seu nome ao grupo o facto de ter vivido mais de 25 anos na Zona 8 da Ingombota, muito próxima ao espaço de influência dos HDA.
“É impossível fazer parte de um grupo que há anos eu prendia os elementos”, garantiu, aconselhando, por outro lado, a comprovação das suas alegações junto dos membros do HDA, sendo que muitos deles ainda estão em vida.
Ademais, disse ser “um absurdo as pessoas pensarem ou falarem isso, porque eu ingressei na Polícia Nacional aos 19 anos e já era bacharel em Direito, pela Universidade Jean Piaget. Em 2006, aos, 21 anos, eu já fazia parte de uma área de investigação criminal e chefiava uma brigada de busca e captura de elementos que andavam contra a lei”.
Perfil profissional de Pedro Bazuka
Pedro Miranda Bazuka, 37 anos, é superintende da Polícia Nacional, colocado como delegado do Minint e comandante municipal do Belas.
Licenciou-se em Direito, pela Universidade Jean Piaget, onde ingressou em 2001, aos 16 anos, e é mestre em Direito pala Universidade de Braga, em Portugal.
Ingressou à Polícia Nacional em 2004, através de um concurso público, e cumpriu a instrução no Kikuxi, no centro de instrução da Polícia de Intervenção Rápida, afecto a escola Kapolo II.
Aos 19 anos, com o título de bacharel em Direito, foi seleccionado num grupo de 50 pessoas para o 1.° curso de Técnicas e Tácticas de Investigação Criminal.
Em 2006, já como especialista de Investigação Criminal, foi nomeado chefe de Operações de Busca e Captura na Direcção Nacional de Investigação Criminal.
Passou pelo cargo de instructor processual no Departamento dos Crimes Contra a Tranquilidade e Odem Pública e também pelo Departamento de Crimes Contra as Pessoas.
Passado algum tempo, Pedro Bazuka afastou-se da área de Investigação Criminal e abraçou a Ordem Pública. “Aí comecei no Comando Geral e depois no Comando Provincial de Luanda”, lembrou.
A sua primeira nomeação como comandante foi em 2010. De lá para cá, chefiou esquadras na Camama, no Palanca e na Vila Alice, em Luanda.
Foi também promovido ao cargo de comandante do distrito do Rangel, do Talatona e, posteriormente, como segundo comandante municipal de Luanda.
Actualmente, aos 37 anos, ostenta a patente de superintendente e ocupa o cargo de delegado do Minint e comandante municipal de Belas.