Crianças encontradas mortas: FAMÍLIA RECUSA VERSÃO DA POLÍCIA DE QUE NÃO HOUVE VIOLAÇÃO NEM AGRESSÃO

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Segundo descrição da família, a pequena Sany, de oito anos, apareceu com o útero fora e sinais de espancamentos, enquanto que Amélia Agostinho, carinhosamente tratada por Melícia, de seis anos, foi tirada do local com sinais de tortura e, presumivelmente, enforcamento.

Por: Jaime Tabo

Apesar da declaração, o porta-voz da Polícia Nacional em Luanda, inspector-chefe Nestor Goubel, explicou à família que, “geralmente, quando acontece casos do género, nós deixamos os especialistas trabalhar. Esperámos que os médicos legistas fizessem o seu trabalho e não foram encontrados quaisquer sinais de violação, o que devemos fazer é desmentir isso”, assegurou, para concluir “por isso, vimos com a imprensa, para desmentir, porque não tem nada a ver com estrangulações, violações ou cordas no pescoço”.mãe da primeira, Manuela Uongo, esteve presente, aquando da remoção dos corpos, e afirma ter visto a sua filha com sinais de corda no pescoço. “Os corpos estavam em estado deplorável, a minha filha com sinal de corda no pescoço e a outra com o útero fora, jorrando sangue” afirma a mãe, que não desconfia de quem terá feito tamanha maldade.

No entanto, a família não acredita que as crianças terão entrado no buraco sozinhas, por isso, uma das tias da pequena Melícia, aos prantos, insistia “alguém as colocou no local”.

Não tardou, um pequeno tumulto foi criado, por tentarem fazê-los crer que as crianças caíram no buraco por descuido, afinal, contam, é um local onde elas quase não brincavam e é pouco provável que caíssem as duas simultaneamente. “Se fosse a filha de um general, poderiam investigar”, disse um familiar.

O resultado da autópsia foi dado na segunda-feira e relata que não houve violação, versão que a família nega categoricamente e, por isso, pede ao Serviço de Investigação Criminal (SIC) que investigue o caso. “Algumas crianças viram um senhor desconhecido a levar as meninas para uma direção que não sabem precisar, mas que se tratava de alguém alto e corpulento, que vestia uma t-shirt branca e calças pretas”, contam.

Com muita convicção nas palavras, Faustina Manuel, 34 anos, tia de Melícia, diz que está mais do que evidente que as crianças foram raptadas, enforcadas e lançadas àquele buraco. “Minha sobrinha apresentava o peito inflamado, pescoço torcido e a cabeça virada para trás, a outra menina estava com sangramentos no corpo”, descreveu, reiterando ter visto sinais de corda no pescoço da menor.

Nestor Goubel, em esclarecimentos à imprensa, disse que as crianças, provavelmente, andaram desaparecidas e, na brincadeira, caíram no tanque. Porém, contrariamente o que diz a família, afirmou que quando foram retiradas, na presença da Polícia, não houve vestígios de estupro ou agressões. Para Nestor, deve-se acreditar naquilo que é ciência e a autopsia não revela nada do que se diz.

Segundo testemunhas, um agente da Polícia, que participou na remoção dos corpos, reconheceu que foi um acto de maldade perpetrado por assassinos.

O desaparecimento das crianças

A sexta-feira 13 foi um dia de má sorte para as famílias das duas pequenas, residentes no bairro 30, município de Cacuaco, pois, por volta das 14 horas, desapareceram da sua vista.

“Quando cheguei do serviço, procurei por ela em casa da minha tia, onde tem estado sempre a brincar com a outra criança, sua tia, que também morreu, mas as duas não estavam, pensei que foram brincar, eram 15 horas”, relatou Manuela Uongo.

Por volta das 17 horas, começaram as buscas pelas meninas, mas se encontrou apenas os seus chinelos. Manuela conta que procuraram pelas menores até às 19 horas do referido dia, sendo que, posteriormente, fizeram a participação da ocorrência na unidade policial que responde pela circunscrição.

Depois de uma noite mal dormida, na manhã de Sábado, colaram os cartazes nas ruas e fez-se uma publicação na rádio Cacuaco, mas sem sucesso. “Na escuridão da noite, a única esperança era que alguém ligasse a dar notícia das meninas”, desabafou.

No entanto, no domingo de manhã, a angústia tomou o coração dos familiares, afinal, eram duas noites passadas sem saberem do paradeiro das menores. Os familiares, novamente, saíram à procura, mas de um motoqueiro chegou a notícia que os deixaria de rastos: “há dois corpos num buraco vizinho”.

Assim, quando se dirigiram ao local, que fica a menos de 50 metros da residência, onde viviam as meninas, os corpos foram reconhecidos pela família que, prontamente, chamou as autoridades competentes, para efectuar a remoção dos cadáveres.

“Eu só quero justiça pela Melícia e a Sany, para evitar que outras crianças passem pelo mesmo, para que, também, nenhuma mãe sinta essa dor”, clamou, apelando a todas mães “que sejam mais zelosas e que controlem os seus filhos a sete chaves, porque no mundo existe muitos adultos com corações maldosos e sem piedade”, concluiu Manuela Uongo.

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