Distrito Urbano da Baia: CERCA DE 60 EFECTIVOS DA PNA POLICIAM MAIS DE 180 MIL HABITANTES
Localizado no KM 30, em Luanda, o distrito urbano da Baia conta com uma densidade populacional de mais de 180 mil habitantes, num espaço de cerca de 86 quilómetros quadrados. Foi com o comandante da unidade policial local que chegamos à fala, em exclusivo, que, dentre outras informações, disse que conta com um efectivo de pouco mais de 60 agentes, para dar resposta aos gritos de socorro da população local.
Por: Jaime Tabo
Jornal O Crime: O distrito que controla conta com mais de 180 mil habitantes. Tem um contingente de efectivos suficiente para dar resposta ao grito de socorro desta população?
Comandante Luís Augusto Jones: Nós ainda não temos uma Esquadra, este é um posto policial. O comando provincial já está a trabalhar no sentido de colocar-nos numa Esquadra. Ao acontecer, receberei forças e meios que darão a cobertura da extensão territorial que controlo actualmente, que são de 86 quilómetros quadrados.
Aliás, o número total de efectivos também ainda não é suficiente para acudir, cabalmente, as lamentações dos moradores da Baia. Portanto, nesse momento. Precisamos colocar postos nos bairros.
Jornal O Crime: Quantos agentes tem neste momento?
Comandante Luís Augusto Jones: Por regra, um posto policial tem um total de 53 homens, mas nós contamos com 63 efectivos. Quando formos elevados à categoria de Esquadra, teremos mais de 200 efectivos.
Jornal O Crime: Tendo em conta o rácio que, aliás, diga–se de passagem, é bastante desigual, como tem conseguido contornar este problema e dar resposta aos apelos da população?
Comandante Luís Augusto Jones: É somente para quem ama este serviço. Dou graças por ter todos os serviços aqui, tenho o SIC e o Serviço de Sector. Quando tenho uma missão, descentralizo as minhas forças em cada região e eu vou, também, na frente, dirigindo as operações.
Jornal O Crime: É necessário a elevação desse Posto à categoria de Esquadra o mais breve possível?
Comandante Luís Augusto Jones: Sim. E estamos esperançosos que isto venha a acontecer o mais breve possível. Aliás, já temos uma luz verde para isso e, muito em breve, o povo vai ganhar uma nova unidade policial. E teremos forças e meios suficientes.
Jornal O Crime: Quando chegar esse momento, quantas viaturas terão?
Comandante Luís Augusto Jones: Poderemos ter até 10 viaturas e um número de agentes significativo. Olha, o problema é conjuntural. Luanda, no seu todo, precisa de mais efectivos, porque a cidade cresce de noite para o dia. Todas as províncias de Angola estão aqui representadas.
Jornal O Crime: Disse que precisam de postos polícias, quando passarem para categoria de Esquadra. De onde sairão os agentes para os postos?
Comandante Luís Augusto Jones: Esta é missão do Comando Provincial que, a partir da sua área técnica, vai determinar, através do nosso cartográfico, o espaçamento entre Esquadra e postos, para que não haja afunilamento.
Jornal O Crime: Que tipo de crimes são mais frequentes no distrito da Baia?
Comandante Luís Augusto Jones: São os crimes de ofensas corporais, provocados por discussões de terra. Estes têm preocupado muito.
Jornal O Crime: E quanto aos roubos?
Comandante Luís Augusto Jones: Existem alguns pequenos furtos na via pública, sobretudo de telefones. Agora, roubos a residências, de um tempo a esta parte, não temos registado. Aliás, qualquer tendência deste tipo de crime, os populares ligam para nós e, prontamente, atendemos a solicitação.
Jornal O crime: Quanto aos grupos marginais, têm aqui alguns identificados e que têm estado a acompanhar?
Comandante Luís Augusto Jones: Não taxativamente. Os que actuam são flutuantes, normalmente, vêm de motorizadas e saem dos distritos vizinhos, realizam as suas acções e vão. Assim fica difícil identificar a localização deles. Mas reitero que temos uma boa participação da população, que tem sido muito activa na cedência de informações que, normalmente, culmina com o esclarecimento destes crimes.
Por outro lado, haviam alguns grupos de adolescentes, com idades compreendidas entre os 14 e 15 anos, que lutavam entre gangs. Mas, felizmente, promovemos um encontro com a comunidade, conversamos com essas pessoas e, hoje, estas crianças estão integradas. Em breve, voltaremos a realizar a mesma actividade. De resto, aqui já não se ouve a falar de lutas entre gangs.
Jornal O Crime: Como consegue controlar a onda de criminalidade nas zonas além do Posto Policial?
Comandante Luís Augusto Jones: Conseguimos controlar, pois trabalhamos no âmbito da proximidade, ou seja, Polícia-cidadão. Nós inserimos os cidadãos nos nossos sistemas de combate à criminalidade, dando-nos informações. O povo identifica os criminosos e, de seguida, comunicam-nos o local tomamos as medidas necessárias e, assim, controlamos a criminalidade na área.
Jornal O Crime: Há informações de que este Posto conta apenas com duas viaturas patrulhas. confirma está informação?
Comandante Luís Augusto Jones: Sim! Mas neste preciso momento temos apenas uma carrinha patrulha, a outra encontra-se inoperante por questões técnicas. Mas estamos a envidar todos os esforços para poder pô-la a circular novamente. Por isso, antecipadamente, temos colocado efectivos nas zonas que julgamos serem distante para reagir às preocupações dos populares, enquanto isso, a patrulha serve para as necessidades emergentes.
Jornal O Crime: Os populares, a cerca de 300 metros do Posto, no bairro Cokwe, queixam-se de haver alto índice de criminalidade na zona, sobretudo junto à linha de comboio?
Comandante Luís Augusto Jones: Não confirmo, pois, temos tido maior atenção a esse bairro, por ser vizinho do Posto. Eles beneficiam mais do patrulhamento-auto ou apeado. Quando dizem que atravessar a linha férrea é difícil, não confirmo, apesar de que tudo seja possível. Pode ser que na nossa ausência aconteça alguma coisa, porém, não é frequente.
Jornal O Crime: Apesar de não ser uma missão policial, os moradores falam da falta de iluminação na estação dos comboios, o que facilita a acção dos marginais, qual é o seu comentário?
Comandante Luís Augusto Jones : Isso é um caos. Há tempos, estivemos junto da administração e mantivemos uma conversa com o senhor administrador, que tem sido um pai. Está em curso uma campanha de implementação de postes de iluminação, partindo da estação até à cadeia dos estrangeiros, pois, este perímetro carece mesmo de iluminação, por ser uma zona utilizada pelos utentes dos comboios nas horas ainda escuras. Não digo que se vai colocar brevemente, mas está em carteira.
Jornal O Crime: Após o mercado do trinta (30), há uma baixa onde a criminalidade assusta os moradores, o que se tem feito para conter essa onda?
Comandante Luís Augusto Jones: Sim, tem sido um caos, também, principalmente quando os vendedores terminam o seu labor. Mas temos estado no local para dar resposta. Noutrora já houve problemas maiores naquela zona. Entretanto, desde que tomamos a rédea da situação naquele ponto, pouco aparece as ocorrências de assaltos.
A insegurança existe, porque o bairro está além do mercado e a zona fica baldia, então, enquanto Polícia, mantemos sempre um foco da nossa atenção lá. Temos um grupo que trabalha civil, junto do SIC, um do serviço de sector e, assim, temos colmatado o problema naquela zona. Faz três semanas que não recebemos casos daquela circunscrição.
Jornal O Crime: Há uma desobediência por parte das vendedeiras ambulantes, ante às regras impostas pelo Decreto que regula a situação de Calamidade Pública. Como tem sido a reacção da polícia local?
Comandante Luís Augusto Jones: Nós sensibilizamos elas, para que saiam das ruas, principalmente na Estrada Nacional (EN) 230, com o fim de evitar, até, acidentes por atropelamentos e, certamente, recomendamo-las que vendam nos mercados autorizados.
Em caso de desobediência, o decreto 184/20 trouxe algumas medidas punitivas, estamos a tentar tirá-las, de forma coerciva, nos sítios onde é impróprio, trazendo-as para a Esquadra e temos alguns modelos oriundos da direcção do comando provincial, onde passamos as devidas multas, conforme os artigos do Decreto Presidencial.
Jornal O Crime: Tem sido recorrente os casos de desacatos às autoridades neste distrito?
Comandante Luís Augusto Jones: Sim, tem sido. Principalmente no uso de máscaras.
Mas, temos estado a disciplinar essas pessoas. Por isso, hoje, o nosso distrito está bem no cumprimento deste Decreto, até as crianças usam as máscaras, fruto da disciplina imposta por nós.
Jornal O Crime: Os populares criticam, constantemente, a frágil actuação da Polícia. O que lhe apraz dizer?
Comandante Luís Augusto Jones: Quem veste essa farda e jurou a bandeira, aceita críticas, pois elas nos ajudam a crescer. Devemos ter o autodomínio e saber dar resposta ao que o povo precisa. O povo, quando recebe um serviço positivo, diz que trabalhamos muito bem, mas se atrasarmos alguns minutos e sofrer algum dano, então “vira o disco” e diz que a Polícia não presta. O importante, para mim, é defender a bandeira, “Pela Ordem e pela Paz, ao serviço da Nação.
Jornal O Crime: Quer dizer algo que não foi questionado, comandante?
Comandante Luís Augusto Jones: Quero agradecer o senhor jornalista, por estar aqui, hoje, no meu gabinete. Peço que incentive, cada vez mais, a população, a trabalhar estreitamente com a Polícia que hoje já é moderna, no sentido de que o cidadão não pode encarar o polícia como um “bicho de sete-cabeças”, que nos vêem como irmãos ou pais. Precisamos estar unidos e juntos caminhar para uma Luanda melhor. Muito obrigado!