Em Cacuaco: AGENTE DA PNA E COMERCIANTE ESTRANGEIRO MORTOS A TIRO

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Um 2.º subchefe da Polícia Nacional de Angola (PNA) e um comerciante do oeste-africano foram assassinados por um grupo de seis marginais, durante uma tentativa de assalto no bairro da Cerâmica, arredores do município de Cacuaco, em Luanda. O crime ocorreu na madrugada de domingo, 6. 

Engrácia Francisco 

Para além do agente da corporação Moisés Augusto Grosso, de 35 anos, e do comerciante oeste-africano Mamadou Yaya Diallo, 47 anos, os marginais alvejaram, também, a esposa do efectivo, Rosalina Perpétua, de 32 anos, no braço esquerdo, e encontra-se a recuperar no hospital. 

As duas famílias que partilhavam o mesmo quintal, no bairro da Cerâmica, em Cacuaco, viveram uma madrugada aterrorizante, depois que seis marginais, fortemente armados, invadiram os seus domicílios. 

Segundo contou uma testemunha, os meliantes chegaram por volta das duas da madrugada enquanto todos dormiam. A adolescente que descreveu o evento à nossa reportagem, disse que estava a ver televisão, quando ouviu um barulho vindo da rua. Na sequência, explicou, correu até ao quintal, espreitou por um orifício do muro da sua casa, e viu quatro homens armados a dirigirem-se à casa do senhor Moisés.

“Fizeram uma passagem entre as grades da marquise, e, dois deles, introduziram-se na residência, enquanto os outros dois aguardavam no portão principal”, elucidou, para depois dizer que, minutos depois, ouviu um disparo de arma de fogo vindo do interior da residência do agente da Polícia Nacional. “Depois do primeiro disparo, ouvi mais dois. Corri para acordar os meus pais, no mesmo instante, um dos jovens saía pela mesma abertura por onde entrou”, descreveu.

Por seu turno, Domingos Sarrama, cunhado do agente da Polícia Nacional Moisés Grosso, disse que estava na cama quando os marginais escalaram o muro do quintal e introduziram-se nela. “Corri para a sala onde estava o meu cunhado e a minha irmã, contei o que acabava de ouvir, mas eles ignoraram dizendo que se tratava de um gato a brincar no tecto”, afirmou, para, seguidamente, dizer que instantes depois o seu cunhado ouviu passos no quintal e, tão logo abriu a porta, os marginais  receberam-no com um tiro das costelas que perfurou o coração. 

Por outro lado, explicou, ao tentar aproximar-se junto ao esposo, foi também baleada no braço esquerdo e imediatamente fechou a porta. “Apesar do tiro, a minha irmã foi ágil e fechou a porta porque os meus sobrinhos menores também estavam na sala a presenciar tudo”, disse Domingos Sarrama. 

Naquele triste acontecimento, juntou-se, também, o comerciante Mamadou Yaya Diallo, vizinho de Moisés, que, ao procurar saber o que se estava a passar, foi igualmente baleado pelos marginais. De acordo com Domingos, o primeiro disparo atingiu o abdómen e o segundo as costelas, causando a sua morte imediata. 

Após concluir o acto macabro, disse a fonte que vimos citando, os meliantes, que se faziam transportar por uma carrinha de marca Toyota, modelo Hilux, retiraram-se do local sem, no entanto, levar algum pertence das vítimas. 

O acto, segundo Domingos Sarrama, foi presenciado pelos filhos menores dos dois homens mortos. “O meu sobrinho ficou completamente traumatizado e tentava, em lágrimas, acordar o pai que estava estatelado ao chão já sem vida”, disse.

Já Mamadou Alpha Diallo, primo de Mamadou Yaya Diallo, lamentou o ocorrido e clamou para que as autoridades encontrem os responsáveis por este bárbaro crime. Mamadou Yaya Diallo foi a enterrar no dia 8 deste mês no cemitério do Benfica, enquanto Moisés foi a enterrar no dia 9 no cemitério do 14, no Cazenga. 

O infortúnio já é de conhecimento das autoridades, que já instauraram o competente processo-crime (processo n.º 725-021 PGR), a fim de se apurar as motivações deste duplo homicídio, bem como identificar os seus actores e responsabilizá-los. 

No entanto, uma fonte da Polícia Nacional confidenciou ao jornal O Crime que o assassinato do 2.º subchefe afecto ao Comando de Polícia do Cazenga pode ser um acto de revanche, em função de algumas acções praticadas por aquele cidadão enquanto agente da Ordem. “Sabemos que ele gostava muito de prender motos, e isso pressupões arranjar problemas, porque grande parte dos donos das motos são meliantes”, elucidou.

Ademais, segundo relato de alguns vizinhos, revelaram que nos últimos dias,  o antigo agente da PN mantinha-se muito isolado e pensativo, como se estivesse a passar por algum problema grave. “Inclusive, começou a beber muito, tornou-se uma pessoa irreconhecível”, contam. Já outro vizinho afirmou ter visto, por volta das zero horas do mesmo dia, dois jovens estranhos a rondarem a rua como se estivessem à procura de alguém.

Esposa do agente da PN luta pela vida no hospital 

Rosalina Perpetua, de 32 anos de idade, esposa do 2.º subchefe da PN afecto ao Comando Municipal do Cazenga, foi também alvejada durante a acção, e encontra-se nos cuidados intensivos do hospital Américo Boavida, uma vez que a bala que a atingiu ainda se encontra encravada no braço. “Os médicos disseram que não podem fazer a cirurgia agora, pois ela ainda se contra bastante debilitada e perdeu muito sangue”, disse Domingos Sarrama.

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