Em Cacuaco: MUNÍCIPES SENTEM-SE ENGANADOS PELO GOVERNADOR MANUEL HOMEM

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Após a visita campal do governador da província de Luanda, Manuel Homem, no bairro Paraíso, em Cacuaco, os moradores mostraram-se insatisfeitos com a continuidade das situações adversas do quotidiano, que, há cerca de três meses, lhes foi prometido melhorias pelo titular da pasta em Luanda.

 Maiomona Paxe

Volvidos pouco mais de três meses, os moradores revelam ser “fintados” pelas promessas apresentadas pelo governador Manuel Homem, aquando da sua visita no bairro paraíso, que decorreu de 10-14 de Abril do corrente ano, concretamente na zona denominada “Campo do Petro”. Para os moradores, a visita campal do governador, que durou cinco dias e que consta da agenda de trabalho do governo provincial, “não passou de uma propaganda política”, sendo que até então não se notaram grandes melhorias, excepto os quatro autocarros da companhia Cidrália, que já circulam no município e a inauguração do sistema de iluminação pública com cerca de 56 quilómetros, que cobre as ruas da Pedreira, Cerâmica, Eco-Campo, Kicolo e a rua principal do Paraíso.

Dentre as promessas do governador, constam o projecto água e energia eléctrica  para todos, construção de escolas estatais e postos de saúde, polícia de proximidade para fazer frente ao elevado índice de criminalidade, igualdade de género, apoio ao auto-emprego e registo para todos.

Os moradores daquele que é tido como um dos bairros, senão o mais perigoso de Luanda, relatam que após a auscultação, foram orientados a inserirem nomes em listas, mas que de nada adiantou, pois, “a situação continua na mesma”, disse um morador.

No âmbito do projecto água e energia para todos, os habitantes do bairro, que de paraíso só tem o nome, cujo o significado faz menção a um lugar bonito e bom para viver, reclamam da falta de chafarizes na zona, já que a maioria não tem água da rede em suas casas e casebres e, também a falta de energia eléctrica em algumas casas por alegadamente “estar em becos ou distantes dos postes portadores de electricidade”. À população, segundo contam, foi lhes prometido a redução do preço da banheira plástica utilizada para transportar ou carrectar água nos tanques, de 30kz para 10 kwanzas, porém, “não se efectivou”, disse Domingas Sebastião Miguel, de 32 anos, grávida de quatro meses, que acrescenta ser desgastante levantar da cama por volta das 4 ou 5 horas da manhã para ir à procura do líquido precioso, sob pena de não mais encontrar disponível nos tanques caso acorde tarde.

No sector da saúde e educação, os moradores reconhecem que as obras levam algum tempo para serem erguidas, mas admiram que, volvidos três meses da visita do governador Manuel Homem, naquela zona, não terem ouvido falar de alguma obra do sector em construção, situação que estes revelam ser “mais uma das fintas do Executivo”. Na referida circunscrição, apenas existe um posto de saúde do FAS (Fundo de Apoio Social), que acode somente situações consideradas leves ou menos gravosas, que obriga de forma recorrente os moradores a acorrerem a outros hospitais públicos longe do bairro, até mesmo do município. O mesmo procede no sector da educação.

“Quase nada foi cumprido até ao momento”, declarou com brevidade Paulino Domingos Pedro, coordenador do quarteirão 4.

Quanto ao policiamento, os moradores são unanimes em afirmar que o patrulhamento não é feito de forma regular e que os agentes da ordem se limitam apenas nas estradas, onde aproveitam a ocasião para “pentear os taxistas e moto-taxistas”, disseram, acrescentando que os agentes da Polícia só se apresentam no interior do bairro quando são chamados com emergência. A criminalidade no Paraíso ainda prevalece, “a título de exemplo é a falta de cantinas e supermercados”, salientou Reis João Vale, morador há 24 anos, que acrescenta que os discursos do governador de Luanda não passaram de “falácias”.

No quesito registo, respectivamente a emissão de Bilhetes de Identidade a cidadãos que por alguma razão perderam alguma documentação para o efeito, os mesmos afirmam que são complicados por funcionários dos postos de emissão, que culmina na desistência de muitos. 

Dentre as várias situações adversas em que são desafiados diariamente, os moradores desta zona sita no município de Cacuaco, apelam ao Executivo o cumprimento das promessas e acrescentam entre as necessidades, a instalação de mais postos de venda de gás butano, cujos preços estejam em conformidade com o estipulado, uma vez que a botija cor laranja compram no valor de 1.800kz e a azul chega a custar até 3.000 kwanzas; construção de multiusos e áreas de lazer.

Combate ao desemprego e promoção ao auto-emprego

Cacuaco é um dos municípios com maior taxa de natalidade em Luanda e, também com vários casos de fuga a paternidade resultante da falta de emprego de seus munícipes e, Paraíso não deixa de ser um bairro que engrossa nestes números.

Para se ter uma ideia do caos, a partir de um inquérito instaurado a nível do referido bairro, levado a cabo pelo Jornal O Crime, dá conta que em cada 10 moradores com maioridade, apenas 1 é empregado, 2 trabalham por conta própria (biscates) e os 7 restantes são desempregados. A falta de infra-estruturas empresariais e o nepotismo estão na base desta problemática.

Outrora, vários jovens haviam sido mobilizados a frequentar os cursos técnicos do MAPTESS, de formas a estarem melhor preparados para o mercado de trabalho ou a criação do auto-emprego. A esses, como relatam, foi-lhes prometido materiais e kits de trabalho, na altura, mas que até então não se cumpriu e, olham para as promessas do actual governador como o repetir da situação. “Prometeu inserção e apoio ao auto-emprego aos portadores de deficiência, o que ainda não se viu”, rebateu Domingos Manuel.

A falta de empregabilidade tem atirado muitas crianças fora do processo de ensino, o que demonstra ser um retrocesso aos planos do Executivo no sector da educação. No paraíso há famílias compostas por mais de seis crianças e nenhuma se encontra matriculada em alguma escola, “não por negligência dos progenitores, mas a falta de escolas estatais e meios financeiros para custear uma instituição privada”.

Por outra, o desemprego tem levado, não somente jovens, mas senhores idôneos a práticas indecorosas, elevando desta forma o índice de criminalidade e a consumação do título de o bairro mais perigoso de Luanda, o Paraíso, que deveria ser harmônico e maravilhoso como ostenta o nome.

Curriculum:

Manuel Gomes da Conceição Homem

Data de Nascimento: 24 de Novembro de 1979

Naturalidade: Cabinda

QUALIFICAÇÕES

Mestrando em Tecnologias e Sistemas Web, Universidade Aberta de Lisboa.

Licenciatura em Engenharia Informática de Sistemas, Universidade Privada de Angola.

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

2020 Ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social.

2017 – 2020 Secretário de Estado para as Tecnologias de Informação.

2016 – 2017 Director Geral do Instituto Nacional de Fomento da Sociedade da Informação.

2013 – 2016 Director Geral do Centro Nacional das Tecnologias de Informação.

2009 – 2011 Docente nas Universidade Lusíada de Angola e Universidade Privada de Angola.

2006 – 2008 Especialista de Sistemas do Centro Nacional de Processamento de Dados – CNPD para o Registo Eleitoral.

PERCURSO POLÍTICO

Membro do Bureau Político do MPLA.

OUTRAS REFERÊNCIAS

Idiomas

Inglês.

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