ESTUDANTE DE 18 MORRE BALEADA POR MELIANTES NA BOA-FÉ

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Elisa António Paulino Kiala, estudante de 18 anos, viu os sonhos interrompidos precocemente após ser vítima mortal da delinquência que predomina naquele subúrbio do município de Viana, em Luanda. . 

Afonso Benjamim 

Tudo aconteceu no dia 24 de Junho, por volta das 19 horas, no bairro Boa-fé, município de Viana, quando Elisa saiu da casa dos tios e solicitou o serviço de mototáxi, para levá-la até à paragem.

“Esperamos o motoqueiro, quando chegou, ela subiu e eu fui caminhando para casa. Depois de cinco minutos, ouço um disparo, vi pessoas a correrem, achei normal e continuei andando. Mas já em casa, quando escutei o barulho do segundo disparo, convidei uma amiga a acompanhar-me à zona onde se ouvia os tiros, para constatar o que se passava, uma vez que, minutos antes, a minha prima estava a caminho da paragem

“Esperamos o motoqueiro, quando chegou, ela subiu e eu fui caminhando para casa. Depois de cinco minutos, ouço um disparo, vi pessoas a correrem, achei normal e continuei andando. Mas já em casa, quando escutei o barulho do segundo disparo, convidei uma amiga a acompanhar-me à zona onde se ouvia os tiros, para constatar o que se passava, uma vez que, minutos antes, a minha prima estava a caminho da paragem”, conta Marieth Morais Baptista, prima de Elisa Kiala. 

Logo ao sair de casa, Marieth Baptista deparou-se com uma amiga que, de forma  agitada, disse que a sua prima tinha sido baleada. “Fomos correndo até ao local. Quando lá chegamos, encontramos a Elisa já no chão, ensanguentada. Os agentes do SIC já se faziam presentes, meteram-na no carro e pediram que eu também subisse para levarem-na até ao Hospital Municipal do Kapalanga”, acrescentou Marieth.

No hospital, conta, um dos médicos de plantão subiu na viatura para analisar o estado da vítima, porém, em poucos minutos, desceu e deu a triste notícia do falecimento de Elisa, atestando que aquela perdeu a vida pelo caminho. 

Pessoas presentes no momento do acontecimento contam que Elisa e o mototaxista que a levava foram surpreendidos por marginais, que perspectivavam roubar a motorizada em que ambos estavam abordo. 

Com a arma apontada, o mototaxista tentou continuar o trajecto, daí surgiu o primeiro disparo. Apavorados, abandonaram o veículo e puseram-se a correr, gritando por socorro, atitude que desagradou os meliantes que, em seguida, fizeram o segundo disparo, atingindo Elisa que gritava e corria desesperadamente no meio da rua. A seguir, os presumíveis assassinos meteram-se rapidamente em fuga, após o sucedido. 

Segundo o relatório médico, a bala que levou  a vida daquela estudante que se encontrava na fase final da formação média, com o sonho de ingressar para a universidade, cursar Direito e, posteriormente, ser juíza, entrou pelas costas e perfurou os órgãos torácicos.

Na residência onde a vítima vivia e decorreu o cortejo fúnebre, a mãe, Rosalina Paulina, quase sem voz, perguntava, de forma agoniada, “por que minha filha partiu tão cedo?”, enquanto o pai, António Kiala, incrédulo e abatido, mantinha um olhar distante sem saber o que dizer face à avalanche de lamentações e choros vindos da parentela. 

Elisa António Paulino Kiala, ou simplesmente Eisé, como era carinhosamente tratada, nasceu a 7 de Maio de 2003, foi a enterrar na segunda-feira, 28 de Junho, pelas 10 horas, no cemitério de Viana. “Ela era uma menina muito simpática e adorada por todo mundo. Na escola foi admirada pela sua inteligência, esteve sempre nos quadros de honra”, disse Josene Francisco, melhor amiga e colega de escola, que, consternada, acrescentou que Elisé esbanjava bondade e vivia a vida aproveitando a sua juventude.

Criminalidade no bairro 

Aristides Cruz, morador do bairro Boa-fé há aproximadamente uma década, relata que a delinquência em alguns pontos daquela zona tem sido demasiada. “Há ruas em que a pessoa pode ser assaltada três vezes seguidas num só dia e por diferentes meliantes”, atestou.

Já o mototaxista Domingos Quissanga diz que o serviço de mototáxi naquela circunscrição é lucrativo, devido à dimensão do bairro, porém, é perigoso, porque os meliantes vêm as motorizadas como aperitivo favorito. “Desde que os preços das motorizadas dispararam, os bandidos preferem roubar as motas, por saberem que podem revendê-las a um preço que os favorece”.

Os moradores da Boa-fé apelam à construção de mais esquadras no bairro, uma vez que, actualmente, só existe uma que cobre toda aquela zona. A Polícia adiantou que diligências estão a ser tomadas para a captura dos referidos autores. 

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