Jornalista José Gama denuncia alegado plano de assassinato de líder da UNITA

Em uma semana marcada por intensas declarações e denúncias sobre os vários sectores da nossa política,, o jornalista e analista político José Gama trouxe à tona um tema alarmante durante o programa “Ponto de Equilíbrio”. Segundo ele, estariam em curso três planos distintos para desestabilizar o maior partido da oposição e, mais especificamente, a liderança de Adalberto Costa Júnior.
De acordo com Gama, o primeiro desses planos seria um processo judicial relacionado a acusações de terrorismo, seguido de tentativas de fomentar divisões internas na UNITA, caso o primeiro plano não surta efeito. O cenário mais extremo, no entanto, envolve a possibilidade de um atentado contra a vida do presidente da UNITA, fora do território angolano.
Abias Monteiro
Essas revelações foram feitas no contexto de uma crescente tensão política no país, onde acusações de perseguição política e manipulação das instituições judiciais têm se intensificado. Gama fez um alerta explícito à Procuradoria-Geral da República (PGR) e às autoridades competentes para que se atentem a essas denúncias, que, segundo ele, estão diretamente relacionadas à manutenção do poder e à repressão dos opositores.
A Resposta do Comité Permanente da UNITA
O Comité Permanente da UNITA, por sua vez, reagiu com veemência às declarações de Gama, afirmando que tem recebido reiteradas denúncias sobre intenções de atentados contra a vida de Adalberto Costa Júnior e outros membros da direção do partido. Para a UNITA, essas ações não são meras coincidências, mas sim uma demonstração clara da “perseguição política” que o partido e seu líder estão sofrendo, principalmente por parte dos serviços de segurança do Estado. O Comité denuncia, ainda, a censura imposta aos órgãos públicos de comunicação social, proibindo-os de entrevistar ou publicar qualquer manifestação de Costa Júnior, o que, segundo o partido, viola os direitos constitucionais do líder da oposição e configura um grave atentado à liberdade de expressão.
Essa repressão é vista como parte de um cenário mais amplo de manipulação da justiça e da política em Angola, que visa a destituição de uma liderança legitimamente eleita dentro da UNITA. O partido também alertou sobre os perigos que essas tentativas de desestabilização representam para a estabilidade política e social do país, acusando os responsáveis de promoverem um ambiente de “ódio, racismo e imoralidade” em uma tentativa de enfraquecer a democracia e os princípios consagrados na Constituição de Angola.
O Contexto Internacional e a Reação do Partido
O Comité Permanente da UNITA também se posicionou de forma crítica em relação à postura do governo angolano no cenário internacional. Em uma referência direta ao atual presidente da República, João Lourenço, que também ocupa a presidência da União Africana, o partido lamentou que o governo permita que práticas autoritárias e antidemocráticas ganhem força no país, afetando diretamente a estabilidade e os direitos humanos. Nesse sentido, o Comité sugeriu a vinda de comissões internacionais para avaliar a situação política e judicial de Angola, incluindo representantes da União Africana, da Corte de Justiça e dos Povos Africanos, do Parlamento Europeu e das Nações Unidas, com o objetivo de verificar a independência do poder judiciário, a liberdade de expressão e a proteção dos direitos humanos no país.
O Perigo de uma Potencial Crise de Legitimidade
O alerta do Comité Permanente é claro: o que está em jogo não é apenas a segurança de um líder político, mas a própria estabilidade democrática de Angola. A alegada manipulação das instituições do Estado e a crescente repressão aos opositores sugerem que o país pode estar à beira de uma crise de legitimidade política. Se as denúncias de perseguição política e atentados se confirmarem, a situação de Angola poderá evoluir para um ponto de não retorno, com sérias consequências não só para os direitos civis internos, mas também para a imagem do país perante a comunidade internacional.
A questão agora é saber até que ponto as autoridades angolanas irão reagir a essas acusações e se, de fato, o país está caminhando para uma escalada de violência política. O comportamento do governo em relação à UNITA e seus membros, bem como sua postura diante das críticas e das ações externas, será crucial para determinar o futuro político de Angola e sua posição no cenário internacional.
Conclusão
As denúncias de José Gama e a resposta veemente da UNITA refletem um momento crítico na política angolana, em que a disputa pelo poder parece estar se intensificando de maneiras alarmantes. Enquanto as tensões aumentam, a necessidade de garantir a proteção dos direitos democráticos e a integridade das instituições nunca foi tão urgente. Se as denúncias forem verdadeiras, Angola pode estar à beira de uma grave crise política, com implicações significativas para a sua estabilidade e para a liberdade política. A comunidade internacional, assim como as autoridades internas, deve acompanhar de perto os desdobramentos dessa situação e tomar as medidas necessárias para evitar um colapso ainda maior da democracia no país.