MINSA: O PIOR MINISTÉRIO DE 2022: Até quando pessoas vão morrer por negligência médica?

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A Ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, assumiu recentemente que negligência médica foi a causa que vitimou a cidadã Angélica Morais, de 42 anos, no pretérito dia 01 de Dezembro, no banco de urgência do Hospital Geral de Luanda.

Maiomona Paxe

De acordo com o inquérito instaurado no início do mês de Dezembro naquela unidade hospitalar, sito no distrito urbano da Camama, a demora no atendimento da paciente por parte de alguns funcionários daquela instituição ditou a morte prematura da cidadã, cujo caso viralizou nas redes sociais através de um vídeo tornado público por Mariano Fernando Morais, filho da malograda, onde mostrava seu descontentamento correlação ao péssimo atendimento dos funcionários afectos àquela unidade hospitalar.
Segundo familiares, aquando da chegada ao hospital, a malograda contorcia-se de várias dores, porém, socorrida após volvidas mais de uma hora, sem claros sinais vitais, que lhes levou a crer que se fosse atendida tão logo se fez presente nas instalações, algo do género não teria acontecido. A cidadã perdeu a vida no banco de urgência daquele hospital público e, como de sempre, o Ministério da Saúde em conjunto com o Governo Provincial de Luanda, instauraram um inquérito no ano transacto que determinou a negligência médica como a causa da morte de Angélica Morais.
Em declarações, a Ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, garantiu que, após a conclusão do inquérito, decisões serão tomadas e os profissionais culpados pela morte da cidadã Angélica Morais, serão responsabilizados disciplinar e criminalmente.
No entanto, antes da confirmação da Ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, a antiga Direcção do Hospital Geral de Luanda, que foi exonerada a 04 de Janeiro deste ano, pelo Governador de Luanda, Manuel Homem em consequência deste infausto acontecimento, na altura, referiu em comunicado que a malograda tinha antecedentes de hipertensão arterial, com um estado clínico grave, descrito como uma doença cérebro-vascular agudo, o que de certa forma descartava negligência médica como a causa da morte da referida cidadã.
Como este caso, aconteceu vários outros que não tiveram a mesma repercussão, o que revela ser um problema de saúde grave que o Ministério de tutela deve solucionar. E com base nisso, o Jornal O Crime elaborou um inquérito, onde os cidadãos classificaram o Ministério da Saúde, dirigido pela Dra. Sílvia Lutucuta, como o pior Ministério do ano de 2022.
Nas explicações, constam as várias mortes por alegada negligência médica, falta de materiais gastáveis e medicamentos, o péssimo atendimento nas unidades hospitalares
públicas, especificamente nos hospitais Américo Boavida, Hospital Geral de Luanda, Josina Machel e Hospital Municipal do Kapalanga.Os cidadãos inqueridos advertem ainda a ministra Sílvia Lutucuta a proceder maior fiscalização nos referidos hospitais, sendo que vários funcionários exercem funções em estado de embriaguez, o que de certa forma contribui na péssima capacidade de reacção a casos considerados mínimos e de fácil resposta.
Por dentro dos hospitais
No intuito de apurar as constantes reclamações dos utentes e saber o que foi feito, depois do caso da morte daquela cidadã por negligência médica, uma equipa de reportagem do jornal O Crime se deslocou ao Hospital Américo Boavida, onde de uma forma camuflada vivenciou de facto o que vários cidadãos passam no interior do recinto hospitalar. Por volta das 00:00 horas, do dia 24 de Dezembro do ano transacto, logo na entrada do recinto, havia várias pessoas dormindo ao relento aguardando por qualquer informação sobre seus familiares internados ali e, quando menos se esperava, os agentes do corpo de segurança começaram a dar o “show”. Sem pedagogia nenhuma, obrigaram um dos quatro ocupantes que estavam no interior de uma viatura que tencionava entrar para o recinto a descer do veículo, com o pretexto de que as normas do hospital permitem apenas duas pessoas a acompanhar o doente, pelo que um deles deveria ficar de fora.
Após uma breve discussão, um dos ocupantes teve de descer para que os outros dois seguissem com o paciente.
No interior do referido hospital, vários pacientes aguardavam por atendimento, cuja prioridade não era o estado clínico do doente, mas sim a alegada influência, ou seja, as pessoas eram atendidas por serem familiares ou conhecidos de pessoas que lá trabalham e, os que não ostentam este requisito são obrigados a aguardar mais tempo, que, de acordo com os utentes, é uma prática constante do Hospital.
No dia 26 de Dezembro, após a celebração do Natal, a equipa de reportagem detectou em alguns funcionários semblantes desgastados e cheirando a bebidas alcoólicas, o que demonstrou falta de profissionalismo, seriedade e fraca fiscalização do hospital. “São esses que andam a assassinar os pacientes”, disse uma utente que preferiu anonimato.
A nota zero (0) é atribuída em função do péssimo serviço que tem prestado para a sociedade e não é de hoje que o Ministério da Saúde tem pecado nestes aspectos. Em 2018, recordamos o caso da menina que foi exposta ao HIV por transfusão de sangue, no Hospital Pediátrico de Luanda David Bernardino e que posteriormente foi enviada para a África do Sul para exames subsequentes.
“É necessário pensar Angola, o Ministério da Saúde tem de se reinventar e criar políticas credíveis para a humanização nas unidades hospitalares, desde a formação, contratação, capacitação e fiscalização de seus associados”, afirmou um técnico de saúde que não quis ser identificado. “ É inadmissível um enfermeiro ou técnico de saúde ter receio de tocar no sangue do paciente”, rematou.
A referida avaliação não foi concebida com o propósito de desmerecer o trabalho da ministra Sílvia Lutucula, mas com o intuito de mostrar que ainda há muito a ser feito em seu Ministério.

PAÍS DAS EXONERAÇÕES E POUCO PROGRESSO

Há anos que o Ministério da Saúde tem sido visado pela população por alegadas mortes por negligência médica, porém sem progresso algum. A cada dia assistimos várias situações em que os funcionários do MINSA são os principais responsáveis.
O último foi o caso da cidadã Angélica Morais, de 42 anos, que perdeu a vida no início do mês de Dezembro do ano passado, no banco de urgência do Hospital Geral de Luanda. E como resultado, foi instaurado um inquérito que culminou com a exoneração do corpo directivo do Hospital Geral de Luanda a 04 de Janeiro do corrente ano, pelo Governador da Província de Luanda, Manuel Homem, empossado a 19 de Setembro, após a victória do partido político MPLA, no passado pleito eleitoral de 23 de Agosto.
As questões que não se calam diante desta situação são as seguintes: Será preciso quantas exonerações para que os angolanos gozem de bem-estar e um atendimento de excelência não só nos hospitais públicos como em outras instituições? Quantas vidas serão sacrificadas para termos profissionais de qualidade e acima de tudo humanos?
Segundo dados do próprio Ministério da Saúde, a malária é a doença que mais mata em Angola, porém, ministros são exonerados e exarados e, mesmo assim a problemática persiste até aos dias de hoje. Só no primeiro trimestre de 2022, o país registou mais de 3.900 mortes por malária e cerca de 2.580.388 casos da doença.
“Não é nomeando ou exonerando directores, que vamos melhorar a saúde em Luanda. Todos nós sabemos qual é a situação de saúde em Angola; falta quase tudo nos hospitais, desde luvas, medicamentos, fios de sutura e recursos humanos”, disse Dr. Adriano Manuel, presidente do sindicato nacional dos médicos.
Em defesa do corpo directivo do Hospital Geral de Luanda, que foi exonerado pelo Governador de Luanda, Manuel Homem, o presidente do sindicato nacional dos médicos, Adriano Manuel, afirmou em uma nota de repúdio que, a culpa é do governo provincial de Luanda, uma vez que é responsabilidade deste órgão disponibilizar materiais gastáveis, medicamentos e ambulâncias nos hospitais e até mesmo recursos humanos.
De facto, é um assunto que merece bastante atenção do executivo, não só pelo número de mortes, como também pela necessidade de mudança de quadro, que é caótico e, isso passa também pela implementação das autarquias.

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