Moradores da Centralidade do Squele : PREOCUPADOS COM A CRIMINALIDADE e curculação de drogas

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Os moradores dos vários blocos da Centralidade do Sequele manifestam a sua preocupação ante o aumento da criminalidade, ainda que em pequenas proporções, praticada, maioritariamente, por adolescentes, bem como a venda de estupefaciente no mercado local.

Afonso Benjamim

Uma equipa do jornal O Crime efectuou uma ronda pelo interior da Centralidade, localizada no município de Cacuaco, em Luanda, para apurar as informações sobre eventual escalada da criminalidade, prestada por moradores. Entre o rol de denúncias destacam-se a circulação de drogas diversas, com maior incidência à liamba, os assaltos e furtos.
No que se refere às drogas, O Crime soube, por meio de uma conversa descontraída com alguns adolescentes que preferiram o anonimato, que grande parte da liamba por ali consumida é comercializada no mercado que se acha no interior da Centralidade, de maneira clandestina, sendo os jovens e adolescentes os principais compradores.
“Os jovens agora usam os parques como lugar adequado para fazerem o consumo da liamba. Já não importa se é manhã, tarde ou noite, quando lhes dá vontade, amontoam-se nos parques e fumam”, explicou Ana Fernandes, moradora.
Durante a ronda, chegamos à Escola Comparticipada do II Ciclo ‘Inácio Tambu’, onde surgiram depoimentos preocupantes, como o que recebemos de uma aluna da 8ª classe, cuja identidade omitimos, revelando que “dentro da instituição, o consumo de liamba e bebidas alcoólicas é frequente por parte dos alunos”.
A adolescente referiu, também, que a droga é adquirida no mercado local, que dista a poucos metros daquele estabelecimento de ensino, sendo que, para isso, os alunos, maioritariamente rapazes, pulam a vedação da escola.
De acordo com informações colhidas de alguns alunos, a Escola Inácio Tambu é a única do II Ciclo existente na Centralidade do Sequele, albergando alunos de vários distritos e comunas de Cacuaco, e alguns de municípios vizinhos, mas, maioritariamente preenchida por moradores locais.
Um dos seguranças da referida instituição, que não quis ser identificado, revelou que muitos alunos são encontrados com lâminas, facas, liamba e cigarros. O vigia, num tom de lamentação, contou que em 2019, um dos seus colegas foi agredido por alunos da escola, quando tentava impedir um professor que pretendia pular o muro para ter acesso à instituição. “Bateram-lhe ao ponto de tossir sangue”.

Assaltos e furtos

Para os habitantes do Sequele, os assaltos com uso de armas de fogo e armas brancas passaram de falácia à realidade. Alguns deles, ouvidos pela nossa reportagem, referiam que de um tempo a esta parte, se podia andar a qualquer hora do dia sem temor aos “amigos do alheio”. Actualmente, a partir das 22 horas, já há o receio de ir à rua, embora haja iluminação pública.
Telma Salvador, por exemplo, frisou que foi interpelada e assaltada por um jovem que portava uma arma branca, às 21 horas, quando regressava do culto religioso. “Levou o meu telemóvel”, disse a jovem, acrescentando que, a seguir, o marginal foi-se embora sem que o pudesse impedir.
Hoje por hoje, ouvem-se muitos relatos de motoqueiros que circulam armados, em altas horas da noite, com intuito de efetuarem roubos a transeuntes.
Segundo uma fonte da esquadra local, a situação já é do conhecimento da Polícia, e já estão a ser feitas as diligências para a resolução do problema.
Os crimes de furtos são cometidos, maioritariamente, à noite, sendo que a preferência dos amigos do alheio são as placas dos carros, roupas estendidas e objectos de valor deixados nas varandas dos apartamentos. “Num domingo, lavei toda minha roupa que usava durante a semana para ir à escola, deixei-as passar a noite no fio a secar, no dia seguinte de manhã, para o meu espanto, não encontrei nem uma única peça!”, contou Esperança Estefânia.
No dia 17 do mês passado, no bloco 8, um meliante escalou até ao 4º andar, durante a madrugada, invadiu um apartamento, enquanto os donos da casa dormiam, e furtou um receptor digital, modelo «LEXUZ BOX», que estava na sala, levando consigo o comando e todos os acessórios. Felizmente, segundo a comissão de moradores do referido bloco, a família está bem, mas, até ao momento, não se sabe a identidade e o paradeiro do presumível autor.
As placas de carros são as preferenciais dos assaltantes, sendo que os moradores se mostram admirados com a ousadia destes, pelo facto de, em alguns casos, vandalizarem viaturas estacionadas nos parques que se encontram a poucos metros de distância da esquadra da Polícia.
“Infelizmente, os nossos parques não têm segurança e a maior parte dos carros que se encontram lá são automáticos, por isso, eles retiram mais as placas e os rádios”, afirmou Celso Borges, morador, acrescentando que, na maioria das vezes, são os adolescentes locais que optam por essas práticas, de modos a sustentarem os seus vícios.
A Centralidade do Sequele, que a 12 de Agosto deste ano completará o seu 7.º aniversário desde a sua inauguração, encontra-se situada no município de Cacuaco, em Luanda, dividida em 12 blocos, e possui 426 edifícios residenciais, com dez mil e dois apartamentos.

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