MULHER ESQUARTEJOU CUNHADO POR VINGANÇA

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Irene Matos e Silva, 31 anos de idade, agente da Polícia Nacional, foi condenada a 25 anos de prisão pelo Tribunal da Comarca de Viana, por matar de forma cruel o irmão do seu esposo, por alegada vingança.

Felicidade Kauanda

“Tenho como provar que o Arnaldo mandou matar o irmão, mas tenho medo, porque me foi declarada uma guerra se abrisse a boca, a minha família acordaria em guerra”, foram essas as últimas palavras da ré, Irene Matos e Silva, antes de ser recolhida para cadeia.
Aparentemente inteligente, de altura média e boa dicção, apesar das evidências que a incriminaram, Irene Matos procurava, a todo o custo, livrar-se da culpa, imputando ao ex-marido, Arnaldo Francisco, sem se compadecer da dor dos familiares, que choram pela perda prematura do seu ente querido que foi forçado a deixar o mundo dos vivos de forma violenta.
Embora jure sua inocência, as evidências apontaram claramente a ré, Irene Matos, como autora do bárbaro crime que vitimou Fernando Francisco, 31 anos, ocorrido em Fevereiro de 2021, e descoberto apenas um ano depois, isto é, em Fevereiro de 2022.
Dos autos, ficou suficientemente provado que Irene Matos e Silva praticou os crimes de homicídio e sequestro e foi condenada à pena maior de 25 anos de prisão efectiva e no pagamento de AKZ 2.000.000.00 (dois milhões de kwanzas) de indemnização à família enlutada, bem como ao pagamento de AKZ 50.000.00 (cinquenta mil kwanzas) de taxa de justiça. Por outro lado, Arnaldo Francisco, co-réu nos autos, citado por Irene como o mandante, foi absolvido por insuficiência de provas.
O representante do Ministério Público disse, em sede de alegações, que apesar de a ré Irene negar a autoria do crime em audiência de julgamento e muitas vezes se contradizendo, a mesma já tinha confessado a autoria do crime durante o interrogatório na instrução preparatória, citando, inclusive, nomes de comparsas.
O advogado de defesa, por sua vez, pediu ao tribunal que tivesse em conta as circunstâncias atenuantes em favor da ré, enquanto a defensora do réu Arnaldo Francisco, (irmão mais velho do malogrado), solicitou absolvição deste por falta de provas, pois ele não estava presente no período em que o crime ocorreu, uma vez que se encontrava em serviço no alto mar, tendo sustentado, por outro lado, que Irene lhe terá arrolado apenas por vingança, pelo simples facto de aquele ter terminado a relação amorosa com ela, uma vez que o tinha como fonte de rendimento para suprir as suas despesas.
Depois das alegações, Irene Matos tomou a palavra, começando por se desculpar apenas aos magistrados e clamar por sua inocência. “É bom que a justiça triunfe com a verdade e todas as acusações que foram lidas contra mim, delas não irá tirar da minha mente aquilo que o meu coração sabe que o Arnaldo mandou matar o irmão. Meritíssimo, quem testemunha a verdade ajuda a justiça a triunfar, que a justiça seja feita, melhor do que ninguém, o senhor Arnaldo sabe o que mandou fazer com o seu irmão… inúmeras coisas eu via, mas nunca percebi, quando percebi, foi tarde demais, pois, já estava presa sob as ameaças”, disse.
“Meritíssimo, eu sempre trabalhei por conta própria, nunca precisei pedir a ninguém para suprir as minhas necessidades, sempre paguei as minhas rendas da casa sozinha, sem precisar extorquir namorado ou homem algum. Foi o Arnaldo quem mandou matar o irmão, ainda que a consciência dele não pese, dentro do subconsciente dele sabe o que ele mandou fazer, conforme ele me usou, eu não tenho nada a ver”, finalizou.
Por sua vez, Arnaldo Francisco, o então namorado, sempre manteve a sua versão, dizendo que nada tinha a ver com a morte do irmão, pois em tal período encontrava-se longe a trabalhar e, que muitas vezes, sofria ameaças por parte da namorada “eu passava a fugir de país a país, devido às ameaças, sabemos que aqui em Angola não é fácil comprar arma, mas eu precisava proteger a minha vida, foi por isso que adquiri a arma, mas com propósito de legalizar”, justificou as razões de possuir uma arma de fogo de forma ilegal.

O triângulo amoroso

Nos termos da acusação, os réus Irene de Matos e Silva, 31 anos, e Arnaldo Fernando Macongo Francisco, 37, irmão mais velho do malogrado, tinham uma relação amorosa por cerca de cinco anos, tendo Irene, por motivos desconhecidos, arquitectado um plano macabro para se vingar do namorado. Assim sendo, em datas não precisas, de forma ardilosa e calculista, criou um perfil falso no Facebook, passando a interagir com o malogrado, Fernando Francisco, mais conhecido por Yuda, sem que este tivesse conhecimento que era sua cunhada.
Na tarde do dia 25 de Fevereiro de 2021, aproveitando-se da ausência, por trabalho, do namorado, Irene agendou um encontro com o cunhado. Mas para que não fosse reconhecida, contratou uma jovem, apenas conhecida por Janice, a quem pagou AKZ 100.000,00 (cem mil kwanzas), com o objectivo de atrair o malogrado até à residência do irmão, situado no Zango 0, Projecto Vila Pacífica, onde Irene já se encontrava na companhia de outro indivíduo, tido como prófugo.
Já no interior da residência, Janice, previamente orientada por Irene, serviu sopa à vítima, preparada pela ré, contendo substância entorpecente, vulgo diazepam. Após tomar, Fernando adormeceu, tendo Irene aproveitado sair do seu esconderijo, enquanto Janice abandonava o local. Seguidamente, Irene chamou o comparsa, que levara Fernando desacordado até um dos quartos.
Aquele vendou-lhe o rosto, cobriu-lhe as vias respiratórias com fita-cola, amarrou-lhe os membros superiores e amputatou-lhe os membros inferiores com a ajuda de um instrumento cortante. Enquanto isso, Irene dirigiu-se a um ATM, situado no interior da Cidade da China, onde efectuou uma transferência bancária a favor do comparsa foragido.
De regresso, Irene entregou ao comparsa um reservatório de 200 litros, onde colocaram o corpo de Fernando, que permaneceu no interior daquele apartamento por 48 horas, sendo que de seguida foi abandonado na via pública, na zona do Km 30, em Viana.
Depois do desaparecimento do malogrado, Irene partilhou comentários sobre os motivos da sua morte numa plataforma da internet, tendo aí enviado várias mensagens ameaçadoras a um dos declarantes no processo.
Porquanto, passados seis meses da morte de Fernando, o réu Arnaldo Francisco decidiu pôr fim à relação amorosa com Irene, pedindo que a mesma abandonasse o seu apartamento, situação que gerou desavenças e um novo plano de vingança. Desta vez, Irene arquitectou o sequestro do namorado, na zona do Grafanil Bar, no município de Viana, levando o Serviço de Investigação Criminal (SIC) a investigações que culminaram na descoberta do crime anterior.

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