No Cazenga: IRMÃOS ESFAQUEIAM-SE ATÉ À MORTE
Um desentendimento entre dois irmãos culminou com a morte de ambos, depois de se terem agredido e esfaqueando-se um ao outro sem piedade. O caso deu-se no distrito do Hoji-Ya-Henda, município do Cazenga, no passado dia 11 de Outubro.
Por: Engrácia Francisco
As reais motivações do desentendimento, que levaram à morte os irmãos Avelino Ndumba e Domingos Avelino, de 24 e 20 anos respectivamente, provenientes da província de Benguela, são ainda desconhecidas. Mas o certo é que ninguém teve piedade do outro no momento da briga, tendo os dois acabado mortos.
Segundo apurou ‘O CRIME’, tudo aconteceu quando o mais velho (Avelino Ndumba) advertiu o mais novo (Domingos Avelino), que, alegadamente, se encontrava sob efeito de álcool, sobre o seu comportamento. Porém, segundo Verónica Ndumba, viúva de um dos manos, o esposo foi mal-interpretado, tendo Domingos proferido ofensas contra o irmão vais velho.
Naquela tarde de domingo, por volta das 16 horas, depois de ter saído com amigos, Domingos regressou à casa já em estado de embriagues, destratando os seus familiares, e para acalmá-lo, Ndumba decidiu esbofeteá-lo, o que até resultou, porém, para pouco tempo. Quando tudo parecia estar bem entre Avelino e Domingos, ao passo que outros familiares já se encontravam ausentes, Domingos, ou simplesmente “Mingo”, partiu uma garrafa e foi para cima do irmão.
“Para se defender, o meu esposo foi buscar uma faca, tendo, depois, o irmão segurado outra faca também”, explica Verónica, para, seguidamente, descrever que o que veio a seguir era um acto de autêntica selvajaria. “Esfaquearam-se a torto e a directo, como se de inimigos se tratassem, sem dó nem piedade”, afirmou, boquiaberta, acrescendo que nem sequer puderam socorrê-los, tendo ambos morrido no local.
“Encontramos os corpos jogados ao chão, juntamente com as facas”, disse.
Em declarações ao “O Crime”, os familiares dizem não saberem, concretamente, as motivações deste incidente, já que, tanto quanto sabem, os dois irmãos, dificilmente, entravam em desavença.
Avelino Ndumba e o irmão, Domingos Avelino, escalaram Luanda há poucos anos, juntamente com a mulher, Verónica Ndumba e dois filhos menores, de 6 e 4 anos, tendo ainda um terceiro filho, esse último nascido já na cidade capital e conta com apenas quatro meses. Aqui, os manos trabalhavam como transportadores de mercadorias no mercado dos Kwanzas, ao passo que a mulher se dedica à venda ambulante.
Os dois irmãos foram a enterrar no dia 18 deste mês no cemitério do 14, no Cazenga.
Uso excessivo de álcool na base do incidente
Para o psicólogo Hélder Afonso, o consumo de bebidas alcoólicas, por parte de um dos irmãos, estará na origem do conflito que levou à morte os dois irmãos. “Muitos casos envolvem álcool e drogas, como podemos ver neste caso, o álcool estimulou o indivíduo, dando-lhe forças para partir para acção”, diz o psicólogo.
Segundo Hélder Afonso, na medida que o cidadão cresce em idade, urge a necessidade de crescer, também, psicologicamente — completando, para este processo de formação da personalidade do indivíduo, o acompanhamento dos progenitores. “Os meninos, embora adultos, ainda estavam em formação da sua identidade, sobretudo porque não tinham os pais ao lado.
Por outro lado, explicou, “vê-se que estes indivíduos vêm de uma família desestruturada, de um acúmulo de situação mal resolvidas, que culminou com este resultado, infelizmente triste para os familiares”.