No Kapalanga: JOVEM É MORTO POR SE RECUSAR A PAGAR CERVEJA AO SEU CARRASCO

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Elvis da Silva Mateus, de 19 anos, está a ser acusado de ter desferido sucessivos golpes, com faca, ao peito de Domingos Armando Reis Pingo, de 35 anos, que se recusara a pagar-lhe uma cerveja. De acordo com testemunhas, esta é já a terceira pessoa que morre nas mãos do suposto homicida, todos com recurso à faca.

Costa Kilunda

Ocrime ocorreu no passado sábado, dia 10 do corrente mês, no bairro Kapalanga, em Viana. De acordo com o que ‘O Crime’ apurou, tudo aconteceu por volta das 22 horas, numa altura em que a vítima, de 35 anos, também conhecido por “Ti Chuky”, encontrava-se em casa de um amigo a conviver, onde também estava o suposto agressor, um jovem de apenas 19 anos. Pouco tempo depois, contaram as testemunhas, instalou-se o caos, com Elvis da Silva a insurgir-se com o malogrado por este, alegadamente, ter-se recusado a pagar-lhe uma cerveja.
“Isso foi o suficiente para ele agredir o meu esposo e desferi-lhe vários golpes de faca no abdómen”, explicou, Elizabeth Francisco Oficial, a viúva de Domingos Pingo.
Ademais, contou Elizabeth, apesar de ferido com gravidade, o marido tentou, em vão, reagir à agressão, já que o amigo, proprietário da residência onde se encontrava a conviver, o impediu. E, acto contínuo, elucida a esposa, este amigo apagou todas as luzes da casa, deixando o recinto completamente às escuras, para que ninguém pudesse notar o que se estava a passar.
Seguidamente, disse Elizabeth, o marido, já moribundo, conseguiu arrastar-se até a casa, gritando pelo seu nome. “Ele repetia «minha mulher vou morrer»; «minha mulher vou morrer», até que eu saí, vi o seu estado e fui a busca de socorro na rua”, asseverou.
O jovem foi depois transportado para um posto médico, algures do mesmo bairro, onde recebeu os primeiros socorros, e depois transferido para o hospital do Kapalanga, onde veio a falecer à madrugada.
Segundo a esposa, Domingos Pingo não recebeu qualquer assistência no hospital do Kapalanga porque, explica, a unidade sanitária não dispunha de quaisquer meios para o assistir. “Prescreveram-nos apenas uma receita, e quando regressamos com tudo o que nos haviam pedido, já o meu marido tinha falecido”, lamentou a jovem.
Por outro lado, contou que a Polícia local tomou conhecimento da situação, rapidamente fez deslocar uma patrulha até à residência onde o suposto homicida, proveniente do município do Cazenga, reside com a avó, mas este já se tinha evadido do local.

Familiares clamam por justiça

“Nós exigimos justiça, não é normal que a Polícia não consiga encontrar um rapaz criminoso que, como sabemos, não abandonou o município. Está a deambular e vai continuar assim até quando?”, questionam para posterior o acusarem “ele já matou duas pessoas, entre eles, um estrangeiro de nacionalidade maliana e outro nacional, ambos no município do Cazenga”.
Para Armando Reis, o pai do defunto, a Polícia enquanto autoridade competente deve tudo fazer para encontrar o homicida. Porque, no seu entender, quando assim não acontece, abre-se a possibilidade de se realizar justiça com as próprias mãos. “Quando se assassina alguém muito importante para a sociedade e sobretudo para a família, o sentimento de vingança não desaparece facilmente”, argumentou.
Disse ainda que se o apanharem antes das autoridades poderão dar-lhe o mesmo destino que o filho, por isso, para evitar que tal aconteça, a Polícia deve o encontrar o mais rápido possível. Outrossim, o que tanto inquieta a família, de acordo com Ana Oficial, a sogra do defunto, é a postura do então amigo do finado diante de tudo que aconteceu.
“Para além do criminoso, também exigimos um esclarecimento por parte do proprietário do estabelecimento. Como é que ele vai assistir a assassinarem o amigo e nada fez para o acudir ou ajudá-lo para chegar em casa no sentido de os familiares o levarem para o hospital?”, perguntou sublinhando que o mesmo abandonou a residência após ser interrogado pelas autoridades.
“A Polícia o liberou alegando que está «livre» porque nada tem a ver com tudo aquilo que aconteceu. Como é que não tem culpa se o que morreu, para além de melhor cliente, foi um amigo-irmão para ele? Entendemos que, provavelmente, tudo tenha acontecido muito rápido, mas pela amizade e, sobretudo, pelo local onde se deu o facto, ele seria o primeiro e o mais interessado em ajudá-lo”, disse.
Referir ainda que, segundo as nossas fontes, há informações segundo as quais, o assassino está a ser protegido pelo tio, um suposto agente do Serviço de Investigação Criminal (SIC) que, negou tais acusações. Porém, ao oferecer AKZ 150.000.00 (cento e cinquenta mil kwanzas) para ajudar nas exéquias prometeu tudo fazer para encontrar e entregar o sobrinho às autoridades competentes.

Mãe da vítima necessita de cuidados especiais

Acamada já há algum tempo, Teresa José de 68 anos, tem as pernas e os braços paralisados por conta de uma trombose que a enferma. Disse que é por causa dos cuidados e atenção do filho que ainda se mantém viva, mas agora com a sua morte, mais uma vida poderá ser levada, “a minha”, disse.
“Quem tomava conta de mim, é esse que o mataram. Vejam como estou, quem cuidará de mim?”, interrogou ao apontar pelas pernas paralisadas. “Por que quando o gatuno mata não vai preso, mas se eu o matar na rua ou na minha casa quando ele tentar tirar o que é meu, irei à cadeia? Isso assim é lei? Quero justiça!”, exigiu.
Realçar que o malogrado era empreiteiro de obra e dele, directamente, dependiam mais de duas dezenas de jovens que abandonaram o mundo do crime para aprender uma profissão e sustentar suas famílias, bem como poder realizar o sonho de obter uma formação superior. “É muitas vidas que esse miúdo destruiu…não sei o que será de nós sem o nosso mestre e conselheiro”, disse um dos colaboradores do finado.

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