O preço da ambição desmedida

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A última semana foi, no que à actualidade informativa diz respeito, marcada por factos horrorosos, como os casos do enteado que matou o seu padrasto, irmão e ou primo e o do agente do SIC que assassinou um comerciante e  que, posteriormente, terá sido morto  a tiro. Isto, claro, está, sem contar com o caso do major das FAA apanhado com milhões de dólares guardados em malas, num país em que falta tudo aos seus cidadãos. 

Todos estes casos, curiosamente ou não,  têm algo em comum: a ambição desmedida.  

Com a crise a “dar nos ossos”, o nosso majorzinho surge com  milhões em malas guardadas em casa, supostamente à espera de uma oportunidade para fugir. 

O que dizer, então, do jovem Wander, 29 anos, que, segundo  o Serviço de Investigação Criminal, matou o seu padrasto, irmão e primo para ficar com  o dinheiro de quem o criou com carinho, pagando a sua formação?

São episódios que me fazem recordar uma das conversas que mantive com o colega Rafael Marques, para mim um dos jornalistas mais íntegros e patriotas deste país.

Na ocasião, falávamos sobre os nossos ricos, que eram ambiciosos e que não sabiam o que fazer com tanto dinheiro.

Dizíamos, quase que unânimes,  que “eles (nossos ricos), não sabem usar o dinheiro, têm carros mas compram mais carros, têm casas, compram mais casas, têm relógios, compram mais relógios e todas as compras sem necessidades, porque não usam tudo”. 

Já os ricos de outros países, prosseguíamos, investem em causas nobres, em projectos que beneficiam as sociedades, desde estudos científicos, criando fundações de apoio aos mais necessitados, a ajuda no desenvolvimento dos seus países. 

Olho para o caso do ‘Major milionário’, Pedro Lussati, funcionário da Casa de Segurança do Presidente da República, o homem de quem se fala. 

Foi apanhado com várias malas de dinheiro em casa, várias viaturas, algumas da mesma marca, modelos e cor, várias casas e relógios caros. Só me resta reconhecer, claro, que o Rafael tinha razão.

É de uma boçalidade sem precedentes, quando se sabe que falta tudo nesta Angola que assiste a mortes à fome, por inexistência de fármacos nos hospitais e por muito mais. 

Com a crise a “dar nos ossos”, o nosso majorzinho surge com  milhões em malas guardadas em casa, supostamente à espera de uma oportunidade para fugir. 

O que dizer, então, do jovem Wander, 29 anos, que, segundo  o Serviço de Investigação Criminal, matou o seu padrasto, irmão e primo para ficar com  o dinheiro de quem o criou com carinho, pagando a sua formação?

Por mera ambição desmedida,  não pensou duas vezes e, de forma cruel, acabou com três vidas. 

É triste, simplesmente! 

Quando pensávamos já ter visto tudo, surge o caso do agente do SIC, Sílvio da Rocha Silva, morto com dois tiros, supostamente, pelos próprios colegas, depois de ter participado com os mesmos num roubo de mais de doze milhões de kwanzas antecedido  do assassinato, por carbonização, do cidadão Egnésio Filipe da Silva.

Abrimos parênteses para, em nosso nome e do colectivo de trabalhadores do Jornal O Crime, endereçar condolências ao meu amigo Francisco Silva, ou simplesmente Chico Silva, pai do malogrado agente do SIC.

No Serviço de Investigação Criminal, assim como em qualquer sector da sociedade, existem bons e maus profissionais. 

Por algum motivo foi detido o cidadão Egnésio Filipe da Silva, encontrado morto horas depois. Para as suas contas bancárias,  foram transferidos mais de doze milhões de kwanzas.

A transferência, segundo os autores, teve o aval do malogrado 

agente do SIC, Sílvio Silva, a troco, como se alega, de cem mil Kwanzas. 

Sabe-se que a execução de Sílvio foi uma espécie de queima de arquivo. 

É, portanto, a ambição desmedida a falar mais alto, em todos os casos, diga-se. 

É preciso apelar à justiça para que  haja punição severa para todos os envolvidos em cada caso acima referenciado. 

No caso de Pedro Lussati, o fundamental é encontrar o verdadeiro dono daqueles valores. Mesmo que o major apareça a dar o peito às balas, assumindo ser o único proprietário do dinheiro, a sociedade não deve aceitar que os angolanos sejam tidos como parvos.

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