Processo e detidos somem do Comando de Talatona: Empresário Emanuel Madaleno e seguranças tentam executar Cláudio Dias dos Santos

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O empresário Emanuel Madaleno é acusado de, em companhia de dois guarda-costas seus, agredir e tentar assassinar, com uma arma de fogo do tipo AKM-47 em riste, Cláudio da Piedade Dias dos Santos, filho do antigo Presidente da Assembleia Nacional, Fernando Dias dos Santos ‘Nandó’. Os dois seguranças até chegaram a ser detidos, em flagrante delito, mas acabaram por desaparecer do Comando Municipal de Talatona, tal como, curiosamente, o processo-crime. Existem fortes suspeitas de corrupção, conforme apurou O Crime.  Este jornal teve acesso, por via do Serviço de Investigação Criminal (SIC), da participação de Cláudio Dias dos Santos, 47 anos de idade, contra o empresário Emanuel Madaleno e os seus seguranças. 

 A participação criminal com o n.º 7652/023-M.P, datada do dia 03/08/2023, refere que Cláudio foi ameaçado de morte, com arma de fogo do tipo AKM-47, e agredido pelo empresário Emanuel Madaleno e dois seguranças seus, cujas identidades não são reveladas (ver nas fotos que acompanha mo texto ). 

Tudo aconteceu quando Cláudio dos Santos, também empresário, se encontrava no condomínio Dolce Vita, sito no Talatona, em Luanda, onde é proprietário de alguns apartamentos, reunido com um grupo de funcionários e inquilinos. Foi, de acordo com dados disponíveis, surpreendido por Emanuel Madaleno e os seguranças, ambos de dois metros de altura e mais de 100 quilos. 

Não se conhecem as razões para a investida do trio, mas foi graças a uma funcionária que, ao tentar sair daquele ambiente, tocou na arma em posse do empresário, permitindo que Cláudio se jogasse contra Madaleno. O filho de Nandó acabaria, entretanto, por ser agredido pelos seguranças, indicam dados da participação criminal. Cláudio foi “neutralizado e espancado [também] pelo empresário Emanuel, a socos pontapés e cabeçadas”, revela o documento. Depois, Emanuel Madaleno abandonou o espaço, levando a arma, sem que os seguranças se apercebessem da sua retirada. A Polícia, alertada pelos cidadãos presentes, cedo apareceu e deteve os seguranças, que não ofereceram qualquer tipo de resistência, e que são acusados de agressões graves e tentativa de homicídio. Deveriam ter sido presentes, no dia seguinte, ao Ministério Público para o primeiro interrogatório judicial, como diz a lei, mas nada disso aconteceu.

Processo alterado e detidos colocados em liberdade na calada da noite

Entretanto, no dia seguinte, 4 de Agosto de 2023, Cláudio Dias dos Santos dirigiu-se à Esquadra do Talatona para dar continuidade à sua participação e obter informações, tendo sido informado que o processo e os seguranças detidos teriam sido transferidos para o Comando Municipal da Polícia de Talatona.

 Diante disto, Cláudio deslocou-se ao Comando Municipal de Talatona, onde, para o seu espanto e perplexidade, foi-lhe informado que o processo teria chegado e sido registado naquela unidade policial sem detidos , ou seja, a referência à existência dos seguranças teria desaparecido dos autos, desconhecendo-se, até ao fecho desta edição, o paradeiro dos mesmos. Não se sabia nem mesmo em que circunstâncias foram colocados em liberdade.

Os seguranças terão sido soltos de noite, sem que tivessem sido ouvidos pelo Ministério Público, livres, portanto, de qualquer medida processual de natureza cautelar. 

Pode ter havido um crime de libertação de reclusos. Na exposição que vimos citando, lê-se que Cláudio terá sido informado pela Magistrada do Ministério Publico junto ao Comando Municipal do Talatona, Dra. Constância, e pelo Chefe de Departamento de Instrução do SIC-Talatona, identificando apenas por Intendente Pacheco.

Perante tal cenário, Cláudio da Piedade Dias dos Santos exige da Polícia Nacional esclarecimentos sobre o sucedido, para o caso da libertação e o curso do processo. 

Que motivações teria o empresário ? 

É a pergunta que não se cala. Falamos sobre as motivações que terão levado o empresário Emanuel Madaleno a tentar matar e agredir o também empresário Cláudio Dias dos Santos. 

 Este jornal apurou que estará na base uma dívida contraída por Emanuel a Cláudio pela compra de alguns apartamentos no condomínio Dolce Vita. A dívida terá sido paga parcialmente, prevalecendo, na prática, o incumprimento. Depois das várias cobranças sem sucesso, Cláudio decidiu rescindir o acordo e, consequentemente, reaver os imóveis, num procedimento que revoltou Emanuel Madaleno. 

Emanuel Madaleno: o magnata da mídia angolana

É dono de dois dos principais semanários angolanos, o económico Expansão e o generalista Novo Jornal. Está prestes a anunciar a abertura de mais dois novos projectos jornalístico, uma Rádio Marginal e televisão. A emissora emite, neste momento, em fase experimental, na frequência 104.1. É neste seguimento da comunicação social que o “Balsemão angolano” tem feito toda diferença Nos últimos dez anos, resistiu a todos os cenários imprevisíveis, tendo, inclusive, sobrevivido ao embate da crise económico-financeira que eclodiu em 2010 e ao endurecimento do regime cleptocrata do MPLA e do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que, em 2017, repassou a sua ‘característica genética’ para o Governo de João Lourenço.

 Dono de um vasto património em Angola e no estrangeiro, Emanuel Jorge Alves Madaleno desfez-se das participações societárias que detinha no Banco Valor, vendendo-as, de seguida, ao seu irmão, Álvaro Madaleno Sobrinho, ex-presidente executivo do extinto Banco Espírito Santo Angola (BESA), actual Banco Económico.

 Em períodos em que as liberdades fundamentais estavam sob grave ameaça, com os sucessivos governos do MPLA a tentar controlar as liberdades de imprensa, de expressão e o direito de fazer oposição, Emanuel Madaleno manteve as duas publicações intactas e incómodas ao poder político.

 Nem mesmo a sua condição de militante do MPLA sensibilizou a travar o mais sensível dos dossiers trazidos à tona pelo Novo Jornal, dando conta de um “plano horrendo”, engendrado pela direcção do referido partido, que visava “vigiar e combater até à exaustão” Adalberto Costa Júnior, o líder da UNITA, principal partido na oposição.

 Madaleno tem feito da “tripa o coração”, seja pela pressão política ou, então, pelos prejuízos económicos, resultante da aposta neste seguimento pouco lucrativo, contrariamente à generalidade dos empresários e dirigentes angolanos que prefere investir em países com uma democracia já consolidada, sobretudo em Portugal.

 Em rigor, não se pode dizer que o empresário não interfere junto das redacções do Novo Jornal e do Expansão ou mesmo que os jornalistas das duas publicações não tenham receio de abordar determinados temas e só por isso é que também se várias desinformações sobre este caso, isto é, Madaleno esta usar os meios a seu favor para deturpar a veracidade do caso em que o mesmo é o acusado.

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