QUANDO O “CARA” É MESMO O PR!
Volto a abrir um editorial endereçando, em meu nome e de toda a equipa deste jornal, profundos sentimentos de pesar a famílias enlutadas. Refiro-me às famílias dos compatriotas Segunda Amões, empresário, e do comandante Estanislau Rúben, o comandante Rúben, como era carinhosamente tratado pelos mais próximos. Eram ambos amigos deste jornal, filhos prodígios deste país, que partiram de forma prematura.
Aproveitando esta onda de solidariedade, deixo, de forma particular, os meus sentimentos de pesar pela morte da minha maior referência do futebol mundial, Diego Armando Maradona, um homem que trabalhou com amor e prazer.
Deixando os que partiram, na certeza de que descansam em paz, volto, porque as circunstâncias impõem, a tocar em João Lourenço, a quem endereço muitos anos de vida, preferencialmente em prol do bem-estar dos angolanos. E aqui parece estar a meter muita água.
O encontro com os jovens, no passado dia 26, bem pode ser equiparado a uma mão cheia de nada, com o PR a colocar em evidência o egocentrismo e a arrogância, ao invés de acalmar os ânimos, desta feita, nem conseguiu evitar a manifestação do dia 10 de Dezembro.
Assistimos a um Presidente com postura de “eu posso, eu mando, eu faço”. Sobre a questão da educação, foi capaz de acusar, como sempre, “os pais dos alunos que roubam as carteiras nas escolas dos próprios filhos”.
A frieza com que o PR chamou os pais angolanos de ladrões foi a mesma de um indivíduo que pratica tais actos e pensa que andam todos no mesmo saco. Nada mais natural, não fosse o PR um membro do MPLA.
Num encontro que se esperava voltado à reconciliação, JLo chamou os jovens de fanfarrões, ao afirmar que “quando eu estava a trabalhar no campo, vocês estavam nas festas”.
Em relação às autarquias, o Presidente João Lourenço mostrou-se céptico sobre se haverá em 2021. Mas isso não é novidade nenhuma, sendo certo que começa a ficar claro que as autarquias não fazem parte da sua agenda política.
A agenda política, tudo indica, prioriza o combate a figuras como Adalberto Costa Júnior e Abel Chivukuvuco, ainda que se saiba que tal investida envergonha a política nacional.
Parece que o PR até já conhece o resultado das próximas eleições – nada contra o optimismo, pois só desta forma podemos compreender que, em pleno caos social, afirme que “vocês dizem que vou gostar em 2022… vamos ver quem vai gostar”.
“Quem fala assim não é gago”, ou melhor, sabe que … há uma peça fundamental chamada Manico.
Com João Lourenço atarantado, o povo continua a sofrer, tal como, aliás, mostramos em duas matérias nesta edição.
É o caso da cidadã Vitória Manuel, 55 anos, encontrada no chão, debilitada por não comer há três dias.
De acordo com um relatório da Direcção Nacional de Saúde Pública, mais de 76.000 crianças estiveram internadas nos hospitais públicos de todo o país, nos primeiros seis meses deste ano, por desnutrição, das quais, 8.413 faleceram.
Já sobre o funcionamento dos hospitais em Angola, particularmente em Luanda, este jornal constatou, no dia 26 de Novembro, dificuldades diversas, destacando-se a má alimentação para funcionários e pacientes, a gritante falta de quadros e de materiais gastáveis.
Às vezes penso que o país que Lourenço diz governar não é a nossa mãe Angola; que o PR está a afundar mais ainda.