Trabalhadores executados por marginais: ENQUANTO TRANSPORTAVAM ELEVADA SOMA DE DINHEIRO

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Os familiares de Gaspar Nunes, de 42 anos, morto a tiros por marginais no dia 31 de Março, no bairro Hoji-Ya-Henda, arredores do Cine África, quando transportava, com um colega não identificado, 9 milhões de kwanzas, da empresa ‘Sunguinar-Divisão de Segurança’, , acusam a direcção de negligência e cobram responsabilidades.

Costa Kilunda

Era suposto as vítimas estarem acompanhado por uma equipa de homens armados e altamente treinados, já que, Gaspar Domingos Nunes, de 42 anos, era apenas o motorista, e o outro, pendura, não menos importante, a viatura com a qual realizavam a escolta dos valores não era preparada para o efeito.
Ante todos estes condicionalismos, para a família de Gaspar, a questão é uma: houve negligência por parte da direcção da empresa, a qual agora imputam a responsabilidade pelas mortes. Ademais, volvidos pouco mais de 30 dias, segundo dizem, não foi ainda formalizado o processo-crime e nem a empresa, nem o Serviço de Investigação Criminal (SIC) se pronunciam sobre o caso. Por isso, apelam à solidariedade de um advogado que os ajude na resolução do caso.
Porém, soube ‘O Crime’ que a empresa ‘Sunguinar – Divisão de Segurança’ terá custeado as despesas das exéquias, com aquisição de bens alimentares, bem como a urna. Aliás, segundo informações, pagou ainda AKZ 150.000.00 (cento e cinquenta mil kwanzas) à viúva de Gaspar, valores correspondentes a três meses de salário do falecido, que exercia a função de motorista.
Outrossim, prometeu, também, dar emprego à viúva na referida empresa, bem como comprometeu-se a fazer chegar os cerca de AKZ 300.000.00 (trezentos mil kwanzas) de subsídio de morte.
“Tudo isso, no meu ponto de vista, não paga a vida do Gaspar. Apesar de ser leigo em questões jurídicas, acho que do jeito que a empresa utilizou o meu irmão, tem responsabilidades acrescidas”, começou por dizer Filipe Domingos Nunes, irmão mais velho do malogrado, para quem não se deve colocar pessoas despreparadas a transportar elevadas somas em dinheiro num veículo impróprio para o efeito. “É um risco enorme”, atesta.
Para Filipe Domingos Nunes, o transporte de valores financeiro deve ser feito em viaturas recomendadas, no caso, blindadas. “Acha que o Hyundai Tucson é o instrumento realizado para o efeito?”, questionou, para depois responder “acho que não”. Portanto, implora pelo apoio das autoridades competentes para que o assunto seja levado e resolvido em tribunal.
E diz mais: “o meu irmão foi uma pessoa saudável. Apesar da sua idade, não sofria de nenhuma patologia. Ele poderia fazer e trabalhar em qualquer empresa para sustentar a sua família. Agora, quem vai assumir os filhos órfãos?”, indaga, acrescentando que o emprego para a viúva, bem como o subsídio de morte jamais preencher o vazio que o finado deixa para os filhos.
No entendimento do interlocutor, a supracitada empresa deve arranjar uma habitação para os quatro filhos e responsabilizar-se pela escolarização dos mesmos por, “propositadamente”, ter colocado a vida do trabalhador em risco. “Achamos que o Ministério, ao licenciar tais empresas para realizar o serviço de segurança privado, recomenda também os meios utilizados para o transporte de valores monetários”.
…também já ouvi e li informações que orientam tais empresas, sobretudo aquelas que não dispõem de meios para o efeito, para que comuniquem a Polícia, no sentido de se fazer o devido acompanhamento e auxiliar na escolta, por se tratar de uma actividade de elevado risco, prosseguiu.

Os factos

O caso deu-se no passado dia 31 de Março do corrente ano, no bairro Hoji ya Henda, município do Cazenga, arredores do Cine África. Tinha decorrido alguns minutos da hora 15, quando os marginais, que se faziam transportar numa motorizada, interceptaram a viatura de marca Hyundai, modelo Tucson, onde se transportava AKZ 9.000.000.00 (nove milhões de kwanzas).
Os mesmos, munidos de arma de fogo do tipo AKM, anunciaram o assalto com vários tiros ao peito do motorista, Gaspar Domingos Nunes, e do colega ao lado não identificado pelas nossas fontes, tendo ambos conhecido a morte no local. Porém, uma terceira pessoa que se fazia transportar na mesma viatura, cujo nome é desconhecido até ao momento, mas que se sabe que é a presa responsável financeira da empresa, saiu ilesa do trágico incidente.
Após a execução dos cidadãos, os marginais retiram os valores na viatura divididos em duas sacolas ,tendo-se retirado do local num à-vontade, como se nada tivesse acontecido.
Apesar de haver uma esquadra próxima do local onde tudo aconteceu, a 3.ª Divisão do Cazenga.
De acordo com as nossas fontes, a sobrevivente do incidente esteve sob custódia policial por alguns dias por suspeitas no envolvimento do crime. Todavia, foi liberada, por razões ainda desconhecidas. “Todas as informações que temos até ao momento são, simplesmente, vagas e, como se não bastasse, decorrido mais de um mês, ainda desconhecemos o número do processo”, lamentou a fonte.
Quanto à tragédia, as nossas fontes fizeram saber que tudo aconteceu a escassos metros do armazém de onde o dinheiro foi retirado cujo o destino seria o Banco de Fomento Angola (BFA) que dista a menos de um quilómetro do local da tragédia.
Salientar que a equipa de reportagem d’ O CRIME tentou contactar o director operativo da empresa em causa, apenas identificado por Walter por via do seu telefone, mas sem sucessos.

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