No banco dos réus: HOMEM QUE QUEIMOU ESPOSA POR CHAMÁ-LO DE CORNO

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 Dominado pelo ciúme, Paulo José Viriato, de 28 anos de idade, despejou gasolina no rosto da mulher e de seguida ateou fogo, por esta supostamente se recusar a reatar a relação. 

Felicidade Kauanda

Em audiência de julgamento, presidida pela juíza Diana Calueto, da 12.ª Secção, da sala Criminal do Tribunal de Comarca de Belas, o réu Paulo José Viriato, de 28 anos de idade, fez saber que mantinha uma relação conjugal com a vítima Cláudia Gonçalves de 28 anos, que durou cerca de dois anos. 

Entretanto, avançou ainda que o caso aconteceu no dia 6 de Novembro de 2021 no golf 1, quando por volta das 7 horas da manhã, procurava pela esposa que há mais de uma semana estava viver na casa de sua tia identificada apenas por Nelinha, como forma de pressioná-lo a arrendar outra residência longe da casa dos seus pais.

Ademais conta que, quando chegou à residência da tia Nelinha, esta lhe terá informado que a sua esposa não dormira em casa,  e que o bebé deles terá passado a noite toda a chorar.

Tempos depois, conta, terá avistado a esposa na rua, e por questioná-la onde saía, iniciou uma discussão entre ambos. Tendo no calor da emoção insistido a perguntar se saía da casa do seu namorado, ao que ela respondeu “estou a sair da casa do meu namorado, fiz sexo com ele hoje, a gravidez que tirei não era tua, mas sim dele, tu és um corno”. Alega que tais palavras o terão deixado enfurecido, tendo por isso tirado a garrafa de gasolina de cem ML que levava no quite de ferramentas de trabalho, despejando-a e ateado fogo de seguida.

Entretanto recorda o réu, que a mulher em chama terá corrido em direcção a um quintal, e um menino da rua depois de o ter visto começou a gritar” gatuno, gatuno…”, o que disse lhe ter deixado assustado levando-o a pôr-se em fuga, tendo a população ido em sua perseguição.

Avançou ainda que o terão agarrado, agredido, mas felizmente terá sido socorrido por  alguns efectivos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) que aí passava e dispersaram os populares que quase o lincharam, de seguida o detiveram, depois de confessar o crime foi levado à esquadra da Chapinha.

Questionado por que motivo andava com gasolina, sendo líquido inflamável e o isqueiro, respondeu que fazia parte do seu quites de trabalho, e uma vez que ia para um expediente levou na pasta. Já o isqueiro, alegou ter levado no bolso para acender cigarro, uma vez que é fumante.

Todavia, disse ainda ter ateado fogo à esposa com a intenção de matá-la. Dizendo que somente o fez por estar possuído de raiva, portanto, manifestou arrependimento pelo sucedido“. Sinto-me muito mal pelo que aconteceu, ela é minha esposa, estou muito arrependido, da próxima vez vou me conter não vou me deixar levar pelo nervosismo, eu amo ela e tenho planos para com ela”, frisou.

Por outro lado, Cláudia Gonçalves Gomes, a vítima, visivelmente com o rosto desfigurado, e com grandes sequelas tanto na região do pescoço como das mãos, disse que fala na qualidade de ex-esposa do réu e não de esposa como ele terá afirmado. Entretanto, conta que é mãe de dois filhos menores, sendo o primeiro da primeira relação e o mais novo fruto da relação com seu agressor.

Avançou que o seu ex-marido é caracterizado como um homem violento, possessivo e muito ciumento. Sendo um destes um dos maiores motivos da separação, pois, esta não é a primeira tentativa de morte que aquele a faz, uma vez que é um indivíduo agressivo.

Conta ainda, que no dia do sucedido, eram  por volta das 8 horas da manhã, quando regressava da padaria por não ter conseguido comprar pão por falta de troco,  uma vez que levava nota de dois mil kwanzas, terá voltado em casa na intenção de buscar quinhentos kwanzas, tendo, assim, pelo caminho, visto o ex-marido no meio da rua a conversar com uma jovem que ela desconhece. Ademais depois de ter andado poucos metros, Paulo, o ex-marido, terá corrido ao seu encontro perguntando-lhe de onde vinha aquela hora .

O que gerou uma discussão por ele não acreditar na resposta de que vinha da padaria, ao que o ex-marido passou a acusar-lhe que vinha da casa do seu namorado. Criando assim o nervosismo por sua parte, levando-a responder  “mesmo que tivesse a sair da casa do meu namorado não tens nada a ver porque tu  és meu ex-marido”, disse.

Conta que depois de ter dada esta resposta,  Paulo começou agredi-la, e enquanto isso tentava também despi-la para comprovar se realmente vinha da casa do namorado e se mantivera relações sexuais com um homem, tentando inclusive introduzir o seu dedo na sua vagina. Levando-a cair ao chão e, enquanto tentava levantar para fugir, notara que estava em chamas. 

De seguida correu para a sua casa, onde a irmã lhe terá jogado água, e dirigiu-se posteriormente à residência de um tio identificado por Napoleão, que a socorreu para o hospital do Zango, onde ficou internada um mês e submetida a uma cirurgia.

O desejo de Cláudia é que o seu ex-esposo pague pelo mal que lhe causou “eu só quero que ele pague o que me fez, eu não nasci assim, minha mãe deu-me à luz muito bem, hoje eu não consigo mas sair de casa, nem ficar com as minhas amigas por causa do que ele me fez”, lamentou.

 Questionada se tinha tido aborto enquanto vivia com Paulo respondeu positivamente “sim tinha abortado, mas a gravidez era mesmo dele e ele mesmo sabe bem disso”.  Por outro lado, Cláudia negou ter dito no dia do sucedido ao seu ex-marido que  “estou a sair na casa do meu namorado, fiz sexo com ele hoje, a gravidez que tirei não era tua mas sim dele, tu és um corno”, acrescentado que “eu sabia muito bem que ele é um homem possessivo e muito ciumento, nunca usaria estas palavras para ele muito menos lhe dizer que ele é um corno”. 

Todavia, disse também não ser verdade ter dito naquele dia, que estava a sair da casa do namorado. “Tudo que ele vem dizendo aqui que eu tinha dormido fora é mentira, eu também nem estava a sair da casa do namorado coisa nenhuma eu estava a sair da padaria”, finalizou. 

Já Inocência, irmã de Cláudia, disse que naquele dia por volta das 6 horas da manhã, enquanto se preparava para ir à vacina, Paulo terá chegado em sua casa, dizendo que estava à procura da esposa, tendo esta o informado que ela ainda não tinha aparecido aí. Uma hora depois, terá sido surpreendida pela Cláudia que vinha correndo em direcção à sua residência clamando por socorro e dizendo que o Paulo a tinha queimado. Tendo, assim, na boleia de uma motorizada, ambas se dirigiram até ao Hospital Neves Bendinha que infelizmente encontraram fechado. 

Depois disso, terão regressado em casa para buscar dinheiro e continuarem a marcha, tendo as vizinhas as informado que a Polícia terá detido Paulo e que pediam a presença da Cláudia. 

Na sequência, disse, terão ido ao comando, mas tendo em conta a gravidade da queimadura, foram aconselhadas pelos agentes da Polícia que fossem primeiro ao hospital do Zango tratar da lesada, e, com ajuda do tio Napoleão, ido à referida unidade hospitalar onde foram socorridos.

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