JOVEM MORRE BALEADO APÓS RITUAL PARA SER À PROVA-DE-BALAS
Victor Nzimbo Pascoal morreu, alvejado com três tiros no peito, depois de passar por um ritual que, supostamente, o transformaria à prova-de-balas. O caso aconteceu num alegado “templo satânico”, a 22 de Agosto último, no município de Cazenga, em Luanda.
Por: Engrácia Francisco
A informação sobre a morte do jovem foi prestada ao O Crime por uma fonte da Polícia Nacional no município do Cazenga, garantindo que já há dois cidadãos detidos, sendo que o autor dos disparos, o alegado quimbandeiro, continua a monte.
De acordo com a mesma fonte, o malogrado era um conhecido marginal, que fora ao alegado “templo satânico” à procura de “protecção divina”, de tal maneira que, se fosse baleado durante uma incursão criminosa, pudesse sair de lá ileso.
Entretanto, familiares da vítima contrariam a versão da Polícia, dizendo que o seu ente foi vítima de cabala. Ou seja, segundo a filha de Victor, Teresa Pascoal, no dia 22 de Agosto passado, por volta das 17 horas, o seu pai estava numa lanchonete com o amigo Safu, no bairro da Mabor, Cazenga, quando recebeu uma chamada e teve que se ausentar para poder falar ao telefone. Minutos depois, conta a filha, Victor regressou ao encontro do amigo e disse que precisava chegar até a Cacuaco com urgência, mas não demoraria.
A partir deste momento, prosseguiu, nada mais se soube do pai, sendo que o amigo (Safu) contou à família que ficou à sua espera na referida lanchonete durante horas, mas aquele não regressou, tendo acrescentado que ficou a saber que a ligação que Victor recebera era, afinal, de outro amigo, apenas identificado por Afonso, o suposto quimbandeiro e proprietário do alegado “templo satânico”, onde a vítima acorrera, em busca de “protecção divina”, com vista a ser uma espécie de “homem de ferro”.
No referido templo, contou, estavam, para além dele (malogrado), Afonso, o dito quimbandeiro, e outros dois indivíduos, agora detidos, cujas identidades são, até ao momento, desconhecidas.
O que de facto se passou no aludido “templo satânico” é, ainda, bastante confuso, mas o certo é que Victor Pascoal perdeu a vida, depois de ser alvejado, “como experiência”, com três tiros no peito, quando saiu do ritual que, supostamente, o transformaria à prova-de-balas. Seguidamente, ao ver o homem caído no chão, já sem vida, o dito quimbandeiro colocou-se em fuga, levando consigo a arma do crime e abandonando o cadáver no local.
Entretanto, para Teresa, a filha do falecido, uma coisa é certa: “O meu pai foi morto pelos amigos e não durante um ritual satânico, como se está a dizer”. A jovem recorda que duas semanas antes da morte do pai, este havia entrado em conflito com dois amigos, o Safu, com quem esteve horas antes da notícia do seu falecimento, e Papá Sompa. Ambos, afirma Teresa, eram amigos próximos da vítima e frequentavam a sua casa.
Aliás, explica, no segmento do caso em que foi vítima o seu progenitor, a família decidiu, junto das autoridades, abrir um processo-crime, com o n. º 7413/20, contra Afonso, o suposto quimbandeiro, e o comparsa, apenas identificado por Joel, um alegado efectivo das FAA, residente na Centralidade do Sequele, em Cacuaco.
Considerado como um pai exemplar, o provedor do lar, Victor Nzimbo Pascoal, até à data da sua morte residente no bairro Patrício, município do Cazenga, deixa ao cuidado da viúva quatro filhos.