“Por ciúmes”: 3.º SUBCHEFE DA POLÍCIA NACIONAL PÕE FIM À VIDA DA ESPOSA E DE SEGUIDA À SUA

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Com dois tiros na cabeça da esposa e um na sua, Francisco António Candomba Tutu, 3.º subchefe da PNA, pôs termo ao casamento de quase duas décadas. O crime ocorreu na noite de terça-feira, dia 13, no município do Kilamba Kiaxi.

Costa Kilunda

Arelação entre Natália Rufino Abel, 43 anos, e Francisco António Candomba Tutu, era um tanto quanto conturbada, segundo os familiares da jovem, que dizem, por exemplo, que o antigo agente da PNA vinha de duas relações fracassadas por conta das traições de que era vítima, uma delas envolvendo um primo seu. E como forma de evitar que o mesmo voltasse a acontecer, diz o tio de Natália, “Francisco transformara-se num homem amargo, excessivamente ciumento e agressivo com a esposa”.
Ademais, acusa Luís Raimundo Chipessala, “o ex-agente pagava jovens, e até crianças, para espionarem a esposa, mesmo não havendo indícios sobre uma alegada traição”.
Em meio a toda esta história, certo é que, em meio a toda esta confusão, na passada terça-feira, 13, por volta das 23 horas, Francisco Tutu, enquanto detentor de uma arma de fogo, decidiu pôr fim, de modo trágico, à sua vida e a da esposa. De acordo com este tio, o crime terá ocorrido num momento em que o marido acabava de chegar à casa e encontrado a mulher a dormir e, naquele mesmo instante, iniciado uma briga com ela.

o ex-agente pagava jovens, e até crianças, para espionarem a esposa, por ciúmes, mesmo não havendo indícios sobre uma alegada traição”.

“E num instante, sacou a pistola e fez dois disparos na cabeça da mulher e seguidamente outro contra si próprio”, explicou, Luís Chipessala.
Entretanto, uma outra versão dos factos, contados por uma das filhas do casal, Rosa Abel Tutu, dá conta de que, na manhã daquela terça-feira, a mãe tinha supostamente saído para visitar um irmão, e, quando o pai soube, deslocou-se, imediatamente, à sua busca e daí provocou uma acesa discussão.
“Ele não tinha a menor confiança na minha mãe”, revelou a filha, acrescentando que, de quando em vez, Francisco usava a filha mais velha para espionar, também, a mulher.
A menor fez saber que, certo dia, o antigo agente encontrou um rapaz no seu quintal, ameaçou-o com uma arma e, em seguida, fez o mesmo com as filhas. “Disse que se voltasse a vê-lo, o mataria, mataria a mãe e a nós e, por último ele próprio para fechar de uma vez com o assunto”.
Por outro lado, lembra a filha, o pai não tinha motivos para desconfiar daquela mulher, descrita pelas filhas como uma batalhadora, que se levantava às 6 horas da manhã, punha a sua bacia na cabeça e só regressava depois de conseguir o sustento para a sua família.
Aliás, a adolescente é de opinião que, se a mãe abandonasse a relação, possivelmente ainda estaria em vida. Para ela, não se justifica assassinar alguém por ciúmes, um sentimento que considera ser uma doença, mas que, infelizmente, só a progenitora não encarava assim.
Segundo ainda o tio de Natália, as agressões e promessas de morte eram tantas que, na mesma proporção, a sobrinha havia feito participações junto das autoridades, mas que em nada resultaram. “A Polícia reagia a tudo isto com a desculpa de que não podiam prender um colega, sugerindo que a malograda recorresse a outros órgãos, caso quisesse ver resolvido os seus problemas”, contou.
Todavia, lembra, ainda assim, o comandante da unidade em que apresentavam as queixas conversava com o agente, a título particular, encorajando-o a pautar por uma conduta mais urbana com a sua família, mas em nada resultou.
A dado momento, diz o tio, após várias tentativas fracassadas, a sobrinha tentou buscar por ajuda junto da sala da família do Tribunal Provincial de Luanda, e, ao aperceber-se dessa intenção, Francisco implorou pelo perdão da esposa, justificando que já sofria desconto salarial decorrente de uma participação de uma antiga companheira junto daquela instância judicial, e que não estava disposto a passar pela mesma experiência.
Aliás, revela Luís Chipessala, avisos não faltaram a Francisco, inclusive o seu sogro havia-se juntado às vozes de apelo a uma possível mudança de comportamento, tendo este, na ocasião, admitido os erros e prometido mudança.
“Sempre que conversávamos sobre as suas acções, ele mudava repentinamente e ficavam uns seis meses sem problemas. Porém, quando houvesse visitas em casa, espreitava ,ao invés de entrar, e sempre que a mulher fosse às vendas pagava alguns jovens para que a controlassem, quer na praça quer no bairro”, narrou.
Agora com cinco órfãos para cuidar, Luís Chipessala aproveitou a entrevista ao O Crime para apelar às mulheres, e não só, a colocar um fim a todo e qualquer relacionamento onde haja excesso de desconfiança e agressões. Disse que no caso em concreto, a sobrinha morreu por negligência.

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