PR e a vice do MPLA podem ter laços familiares com o ex-líder zairense, considerado de traidor naquele país vizinho

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As semelhanças, bem patentes nestas imagens, de João Lourenço, Luísa Damião e Moïse Kapenda Tshombe estará muito para lá de simples aparências físicas, podendo mesmo, segundo um parente próximo do PR e da antiga jornalista, representar laços de familiaridade. As origens são as províncias das Lundas, em Angola, e Katanga, República Democrática do Congo.

Fazendo fé na nossa fonte, o Presidente da República, João Lourenço, e a Vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, são parentes e têm origem congolesa, em Katanga, que fez parte do sul da República Democrática do Congo entre  1971 e 1997, de nome oficial Shaba.

Fazendo fé na nossa fonte, o Presidente da República, João Lourenço, e a Vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, são parentes e têm origem congolesa, em Katanga, que fez parte do sul da República Democrática do Congo entre  1971 e 1997, de nome oficial Shaba. De acordo com a nova constituição, acabou dividida em  quatro províncias, bem menores em termos de dimensão, a partir de Fevereiro de 2009. A sua capital regional era Lubumbashi (ex-Elisabethville, em francês, ou  Elisabethstad, em neerlandês).

Tanto o PR como a Vice do MPLA podem ser parentes de Moïse Kapenda Tshombe, que foi escritor e político congolês, nascido em 1919. Morreu em 29 de Junho de 1969.

As ligações familiares de João Lourenço e Luísa Damião com Moise Kapenda Tshombe, o homem da foto que acompanha este texto, surgem das lundas, que faziam parte dos congos antes da divisão colonial.

“Pode surgir daqui a origem katanguesa do PR de que muito se  fala”, salienta a fonte.

Conforme reza a história, Moise Kapenda Tshombe, filho de um homem de negócios, Joseph Kapend Tshombe, era o primogénito de 11 filhos e descendente directo de Mwata Yamvo, rei Lunda. Estudou numa escola de missionários vindos dos Estados Unidos da América, tendo escolhido a contabilidade. 

Na década de1950, dirigiu uma cadeia de lojas em Katanga e entrou na política, fundando o partido CONAKAT, que propunha a independência em Katanga.

Nas eleições legislativas de 1960, o CONAKAT assumiu o poder na província do Katanga. Tshombe e o CONAKAT declararam a separação da província do resto do Congo em 11 de Julho de 1960. Houve graves distúrbios étnicos e os katangueses expulsaram os imigrantes kasais, da etnia luba, os quais a administração colonial belga tinha levado para que trabalhassem nas minas. Houve muitas mortes violentas.

O sangue da traição

Diferente do suposto parente, Moise Tshombe  era cristão, anticomunista e pró-ocidental. Tshombe foi eleito presidente de Katanga em Agosto de 1960, anunciando que “nos separamos do caos” (referindo-se aos distúrbios produzidos no país após a proclamação da independência).

Alguns analistas creem que Tshombe tenha proporcionado  esta divisão ao não ser incluído no governo de Lumumba. Como pretendia manter relações privilegiadas com a Bélgica e em especial com a União mineira do Alto Katanga, Tshombe solicitou ao governo belga ajuda para constituir e treinar um exército katanguês. A França, também desejosa de aproveitar o mineral katanguês, enviou como reforço o mercenário Bob Denard e alguns dos seus homens.

O primeiro-ministro Patrice Lumumba e o seu sucessor Cyrille Adoula pediram a intervenção das Forças das Nações Unidas, que responderam favoravelmente.

Quando Lumumba, depois das tensões com Joseph Kasa-Vubu e Joseph Mobutu, foi enviado ao Governo de Katanga, em Janeiro de 1961, foi torturado e executado. Supõe-se que o próprio Tshombe tenha assistido  pessoalmente a tudo, com os seus ministros Kitenge, Munongo, Kibwe e os belgas Gat e Verscheure. 

No entanto, uma investigação feita pelo Parlamento belga em 2001, chamada “Comissão Lumumba”, desculpou de modo claro o líder secessionista enquanto questionava de modo implícito o comportamento dos serviços paralelos estado-unidenses e belgas. As Nações Unidas demoraram dois anos a retomar o controlo de Katanga para o governo congolês.

Em 1963, a tomada de Katanga por parte das forças das Nações Unidas obrigou Moïse Tshombe a exilar-se primeiro na Rodésia do Norte (actual Zâmbia) e depois na Espanha.

Em 1964, regressou ao Congo para fazer parte de um novo governo de coligação como primeiro-ministro. Decidiu expulsar de Kinshasa os congoleses de Brazzaville (as duas capitais estão frente-a-frente, os seus habitantes estão bastante misturados e falam as mesmas línguas). Tal acto foi revogado um ano depois pelo presidente Joseph Kasavubu. Em 1966, Joseph Mobutu, que tinha sido expulso para Kasa-Vubu um ano antes, acusou Tshombe de traição, pelo que teve que voltar a fugir para a Espanha.

Em 1967, foi condenado à pena capital, à revelia. Em Junho, o avião em que viajava foi sequestrado e desviado para a Argélia, onde ficou preso no seu domicílio até à sua morte em 1969 por um ataque cardíaco.

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