Em Cacuaco: MENOR DE 14 ANOS MATA AMIGO COM A ARMA DO PAI DESERTOR DAS FAA

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Um cidadão perdeu a vida depois de ter sido alvejado pelo próprio amigo com uma arma de fogo pertencente ao seu pai, um alegado desertor das FAA. O caso ocorreu no passado dia 21 de Julho, nos Mulenvos de Baixo, município de Cacuaco, em Luanda.

Por: Costa Kilunda

A vítima, que em vida atendia pelo nome de Adelino Francisco Manuel Maquela, de 18 anos de idade, perdeu a vida na sequência de um disparo de arma de fogo efectuado pelo amigo, um adolescente identificado por Adão Dembi, de 14 anos. A referida arma, segundo o que contou à nossa reportagem, o progenitor do malogrado, pertence ao pai do autor do disparo, um suposto desertor das Forças Armadas Angolanas (FAA).

Segundo fez saber Justino Eduardo, no dia do incidente, por volta das 13 horas do dia 21 de Julho, terça-feira, Adelino, o filho agora falecido, Adão, o autor do disparo, e um outro amigo não identificado, se encontravam na sua casa, quando, depois, foram convencidos por Adão a irem consigo até à sua residência, com intuito de mostrar-lhes uma arma do tipo AKM, que o seu pai tinha guardado em casa, sendo que antes lhes havia mostrado outra do tipo pistola, também pertencente ao pai.

Curiosos em ver a dita arma, os três seguiram até junto da residência daquele, de onde, ao manuseá-la, Adão disparou contra o amigo, que teve morte imediata. Seguidamente, ele, Adão, e o outro amigo, voltaram até junto do pai da vítima, dando-lhe a conhecer do que havia sucedido.

Ao chegar ao local, disse Justino, encontrou o filho estatelado no chão, já sem vida, tal como o haviam descrito os amigos do filho. Ademais, explicou, não tardou para que uma multidão de curiosos, entre eles amigos de longa data do malogrado que, furiosos, tentavam invadir e atacar o seu algoz. “Tive de erguer-me e evitar que evadissem aquela família”, revelou.

Por outro lado, afirmou o pai da vítima, deram a conhecer o sucedido à Polícia que, prontamente, se fez ao local, e depois de remover o cadáver, procedeu, também, a recolha do acusado sob custódia. Todavia, ao aperceber-se também do que havia acontecido, o pai do acusado, Américo Dembi, deslocou-se até a unidade da Policia, onde o filho tinha sido levado, declarando-se proprietário das duas armas de fogo, argumentando, seguidamente, que estas estão em sua posse desde o período em que esteve nas FAA.

Ademais, ao SIC, Américo Dembi disse que quando demoveu-se das Forças Armadas Angolanas decidiu ficar com as duas armas, por residir numa zona com alto índice de criminalidade, sendo que apenas as usa em situações de perigo. Entretanto, este argumento não foi colhido pelas autoridades, que ordenaram, também, a sua custódia.

Loja de Registo Civil em Cacuaco altera dados da causa da morte

Erro humano ou de propositado, certo é que os familiares do malogrado mostram-se, agora, agastados com a loja de Registo Civil de Cacuaco, que alterou a causa da morte, colocando, no boletim de óbito, que Adelino Maquela faleceu em consequência de doença, ou seja, de causa natural.

No referido documento, ao que o ‘O CRIME’ teve acesso, consta que o jovem morreu de anemia aguda e traumatismo.

Entretanto, o pai da vítima afirma, de pés juntos, que o filho não padecia de anemia aguda, temendo, agora, que tal venha a ter implicações no processo.

Outrossim, Justino acusa a família do autor do disparo que vitimou mortalmente o seu ente de estar a ocultar a sua verdadeira idade, dizendo ser uma manobra dilatória para que aquele se furte a ser preso.

Familiares do malogrado incendiam a residência do acusado

Entretanto, depois de ficar cerca de duas semanas sob custódia, a Procuradoria da República, junto da Divisão de Polícia de Cacuaco, ordenou a libertação de Américo Dembi, que havia sido acusado de posse ilegal de arma de fogo. Todavia, depois de ter sido avistado nas ruas do bairro, os familiares do malogrado, revoltados com a decisão da PGR, decidiram atear fogo na residência daquele, tendo esta ficado parcialmente queimada e se perdido alguns bens.

Por este facto, as autoridades detiveram a mãe do malogrado, promotora do incêndio na casa do acusado, tendo sido levada até à Divisão de Polícia no município de Cacuaco, onde se encontra detida desde o passado dia 8 do mês em curso, juntamente com um recém-nascido, de apenas cinco meses.

Aliás, segundo deu-nos a conhecer, o pai do malogrado, depois de reapreciado o processo, a PGR reordenou a recolha de Américo e o filho, de apenas 14 anos, à cadeia.

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