Tribunal adia julgamento pela terceira vez: FAMILIARES DA VÍTIMA ALEGAM HAVER MANOBRAS PARA FAVORECER O EX-NAMORADO

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O julgamento de Alcides Pedro dos Santos, presumível autor do assassinato da ex-namorada, Josefa Tâmara Quissenguele, em Setembro do ano passado, foi adiado pela terceira vez por, alegadamente, a nova mandatária do acusado encontrar-se doente. Familiares e amigos da infeliz, insatisfeitos, falam em manobras dilatórias.

Por: Felicidade Kauanda

Depois de o réu ter provocado a suspensão da audiência de julgamento no passado dia 6 do mês findo, por ter surpreendido o tribunal com uma nova mandatária, sem, previamente, comunicar ou reunir o auto de renúncia do seu anterior advogado, a 17.ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda, localizada em Viana, foi obrigada a remarcar para sexta-feira, 21 de Agosto, para que o acusado pudesse cumprir os procedimentos legais.

No entanto, o julgamento, novamente, não aconteceu no dia citado, por indisponibilidade da juíza da causa, ou seja, segundo informação a que tivemos acesso, vinda do cartório, a meritíssima não se encontrava no tribunal, porque estava doente, tendo a audiência sido remarcada para o dia 28 de Agosto.

Nesta nova data, quando tudo parecia estar a postos, para o desagrado dos familiares, amigos da infeliz e não só, novamente não se deu início do julgamento, por, alegadamente, a nova advogada do réu se encontrar doente, em consequência de um acidente que sofreu.

Remarcado para terça-feira, 8 deste mês, os familiares auguram que, finalmente, a justiça comece a funcionar, pois já aventam que os sucessivos adiamentos sejam propositados, para que o réu beneficie de liberdade provisória.

“Por favor, que se faça a justiça, estamos agastados, estamos cansados”, reiterou a tia da malograda, Fernanda Viera, enquanto Eva Costa, também parente da infeliz, enfatizou “ele está na cadeia e depois será solto, a minha sobrinha Joel está morta, estamos muito descontentes com esta situação, só queremos que ele seja julgado” clamam.

Por outra, Azinaida Nguia, amiga da malograda, manifestando ainda sua dor e tristeza pela perda prematura de Joel, lamentou: “o Alcides não atropelou um saco de arroz que pode ser substituído… tudo bem que não teremos a nossa amiga de volta, mas queremos que o tribunal cumpra com o seu verdadeiro papel, estamos cansados com os adiamentos do julgamento, queremos que a justiça seja feita”.

 “Estamos há meses que viemos ao tribunal e voltamos sem que a situação se resolva. Deixamos os nossos “a fazer” e filhos doentes, para vir acompanhar o caso, mas até hoje nada se resolve. O Alcides matou uma filha, irmã e amiga, clamamos por ajuda, porque o tribunal não está a dar resultados, estamos muito insatisfeitas, só queremos justiça”, juntou-se mais uma amiga.

Para finalizar, Esmeralda Alexandre, amiga que convidou Joel para comemorar o seu aniversário, no dia do infortúnio, com tristeza, sublinhou, em poucas palavras, “estou muito triste com a situação, não entendo porquê destes adiamentos, tenho bebé pequeno para cuidar, quero que a justiça seja feita”.

Pessoas próximas ligadas ao caso confidenciaram-nos não haver dúvidas que o processo esteja perante manobras dilatórias de prazo, sugerindo que o tribunal nomeie um defensor oficioso, isto tendo em conta que, no requerimento que refere o pedido de adiamento, não se juntou provas do estado de saúde da mandatária, uma vez que foi este o real fundamento.

Sustentam os autos que, em Setembro do ano passado, Josefa, a infeliz, encontrava-se a festejar o aniversário de uma amiga, em Viana, quando o ex-namorado, o réu, apareceu, convidando-a a saírem daquele ambiente, o que foi negado, tendo desembocado uma discussão entre ambos.

Por essa razão, Alcides começou a agredi-la, puxando-a pelo braço, a ofender verbalmente e fazendo promessas de revanche, alertando, ainda, que tem familiares influentes e que a faria desaparecer de Luanda Sul.

Na sequência, Josefa foi ao encalço do réu, implorando que parasse com as ofensas, prometendo que iria procurá-lo na residência de seus familiares no dia seguinte. Em resposta, o réu atirou-lhe um tapete no rosto, tendo, de seguida, entrado na viatura.

Desnorteada com a agressão que acabava de sofrer, Josefa seguiu-o, mas esse manobrou a viatura e lançou-se contra ela. Vendo Josefa a se levantar, o réu arrancou novamente o veículo e passou-lhe por cima, arrastando-a por alguns metros, tendo, de seguida, se posto em fuga.

Socorrida pelos que estavam próximos, Josefa, de apenas 23 anos, acabou por morrer quatro dias depois de hospitalizada, em função do atropelamento, que lhe provocou contusão bilateral do pulmão e fractura da clavícula e costelas, resultando em stresse respiratório, de acordo com exame do médico-forense.

Alcides Pedro Florindo dos Santos, 33 anos, réu nos autos, responde pelo crime de homicídio qualificado, previsto e punível pelo artigo 351.º do Código Penal, cuja moldura penal vai de 20 a 24 anos de prisão maior.

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