Jlo: O MAU DA FITA EM 2020, PIOR SERIA IMPOSSÍVEL

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Segundo o dicionário, demagogia é a arte de conduzir um povo a uma falsa situação. Dizer ou propor algo que não pode ser posto em prática, apenas com o intuito de obter um benefício ou compensação.

Na nossa modéstia visão, tem sido a postura de João Lourenço, Presidente da República de Angola, desde que em 2017 chegou ao mais importante cargo do país.

Surgiu com discursos populistas, promessas que, agora, são vistas como impossíveis de alcançar, uma vez que o mesmo é desprovido de inteligência suficiente, encontrando-se atolado pelo sentimento de vingança.

Recordemos, pois, algumas das frases do PR que soam a demagogia:

“Uma vez investido no meu cargo, serei o Presidente de todos os angolanos e irei trabalhar na melhoria das condições de vida e bem-estar de todo o nosso povo.”

“Estamos optimistas que 2018 será um ano melhor para o país, para as empresas, mas sobretudo para as famílias e para os cidadãos em geral.”

A que angolanos se referia o PR? É que, quatro anos passados, a verdade é que o povo continua a sofrer mais e mais, a cada dia; a maioria do povo angolano que ainda trabalha para comer assiste a aumentos dos bens alimentares. Hoje, o quilo de arroz custa 200 Kwanzas, contra 120 de outrora; o pacote de massa, que anteriormente custava 100 kwanzas, é comprado a 150; o quilo de açúcar passou de 100 para 250 kwanzas; o preço da botija de gás butano varia entre 1.400 a 1.500 kwanzas, contra os 1000 kwanzas praticados anteriormente; um litro de óleo vegetal, que custava 250 kwanzas, passou a ser comercializado a 450 kwanzas e o quilo de feijão subiu de 200 para 450 kwanzas. Mas não é tudo no que à cesta básica diz respeito. O saco de fuba de milho (amarela) está a ser comercializado a 4.400 Kwanzas, contra os 3.100 anteriores; a caixa de massa espaguete passou de 1.300 para 2.100 kwanzas; uma caixa de coxas de frango de dez quilogramas saltou dos 3.600 para 9.000 kwanzas actuais.

Outra frase do PR a cheirar à demagogia: “Não há democracia sem liberdade de expressão, sem liberdade de imprensa. Direitos consagrados na nossa Constituição e que o executivo angolano, primeiro do que quaisquer outras instituições do Estado angolano, tem a obrigação de respeitar e cumprir.”

A morte do jovem Inocêncio Alberto Matos, 26 anos de idade, estudante do 3° ano de Ciências da Computação, na Universidade Agostinho Neto, deita por terra a frase que vem se tornando chavão à medida do aumento dos protestos.

Se este argumento não for suficiente, o que dizer do desaparecimento da imprensa privada? O governo de João Lourenço abocanhou, ou melhor, silenciou de forma astuta os órgãos privados com maior poder económico, deixando asfixiados os que tentam remar contra a maré.

Não existe uma política concreta tendente a baixar os custos da produção dos jornais em Angola, daí que, meu senhores, não se possa falar em liberdade de expressão ou liberdade de imprensa. Pior, se é que ainda existem margens para o insuportável, só mesmo a famosa “lei 333”, para inibir a criatividade, a arte.

Sobre as eleições autárquicas, o PR diz que não houve um adiamento porque nunca foram marcadas, numa clara demonstração de falta de seriedade. Basta lembrar, pois, que as eleições autárquicas não são uma realidade de hoje, e o Presidente da República não é uma personagem à margem das estruturas de liderança, sejam elas do MPLA, sejam do Governo. A Assembleia Nacional aprovou leis e, lembramos, já em Maio de 2015 aprovara um plano de tarefas para a realização das eleições gerais e autárquicas. Na altura o próprio João Lourenço era vice-presidente da assembleia, por isso sabe bem que havia um compromisso/calendário que o MPLA não cumpriu.

Em relação ao combate à corrupção, podemos, hoje por hoje, dizer que é hipocrisia e que ficou patente ao não pedir uma investigação ao seu chefe de gabinete, Edeltrudes Costa, suspeito de ter recebido 17,3 milhões de dólares de um empresário. É simplesmente um exemplo de conivência.

Então, o Presidente do combate à corrupção tem como ministro de Estado alguém acusado de corrupção, e nada faz? Neste combate, existem dois grupos, e Lourenço encabeça um deles, ao passo que o seu antecessor e colaboradores directos (por exemplo, os filhos e os generais) encabeçam o outro grupo.

Sem o poder económico a seu favor , João Lourenço preferiu sacrificar o povo com uma política de aumento da austeridade com a bênção do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, que tem resultado na corrosão da moeda nacional face ao dólar norte-americano e no desinvestimento público na economia. Se, por um lado, com a mão esquerda combate a classe dominante, que tinha em Isabel dos Santos o seu rosto mais visível internacionalmente, por outro, com a mão direita, entrega de bandeja importantes investimentos públicos em sectores estratégicos para grupos com reputação, no mínimo, duvidosa e a ele próximos.

Passados três anos desde que se tornou Presidente da República, João Lourenço não tem conseguido dar respostas às graves carências sociais, greves de trabalhadores, salários miseráveis, despedimentos, desvalorização da moeda, problemas nos sectores da educação, saúde e assistência social à população mais vulneráveis.

A penúria tem sido agravada sobretudo nos segmentos da população mais carenciados, o número de pessoas paupérrimas tem aumentado no interior do país, reeditando o fenómeno de pedintes nas ruas de Luanda, uma marca flagrante e escandalosa dos tempos da guerra civil dos anos 90 do século passado.

Há muita decepção para quem acreditou num homem que apareceu como reformista. João Lourenço, eleito por este jornal a pior figura de 2020, não tem medidas com reflexos na vida do povo.

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