O lado “positivo” de João Lourenço

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João Manuel Gonçalves Lourenço chegou à Presidência da República em 2017, num cenário, como       vimos, de dificuldades económicas, mas , no campo social, com os preços dos produtos da cesta básica minimamente razoáveis. Encontrou, sim, uma elite a dominar os grandes negócios, sublinha-se que ele também fazia parte. 

Por estas e outras teve de abraçar o “corrigir o que está mal e melhorar o que esta bom”. Nos primeiros cem dias, o chamado período de graça, João Lourenço recebeu nota positiva da maioria do povo de Angola, uma vez que surpreendeu tudo e todos. 

Visitas – surpresa a hospitais, criação de equipas para 

pôr fim aos monopólios, ainda que tais medidas representassem dissabores para “grandes camaradas”, justificaram, entre outras acções, os elogios a que nos referimos. 

A antiga PCA da Sonangol, Isabel dos Santos, hoje procurada como ninguém, e chefias militares foram sacrificadas. 

O ataque à corrupção surgiu no seu primeiro discurso como uma das principais frentes, para a satisfação de segmentos da sociedade civil que viam (e ainda veem) neste mal um dos principais entraves rumo ao desenvolvimento. 

Na relação com a imprensa, prometeu mais abertura, mais inclusão e pluralismo, sobretudo no sector público, em nome de uma informação fidedigna em todo o território angolano.

Passados sete anos, temos um país na amargura da miséria a todos os níveis, da falta de alimentos, saúde, educação até aos sinais de repressão e perseguição dos segmentos críticos. 

Os primeiros 100 dias do Presidente foram, na verdade, uma espécie de aproveitamento do fraco estado psicológico do povo, pois o PR, com o seu populismo, abusou dos angolanos. 

Até parece que João Lourenço, ainda agora vaiado em Benguela, sobretudo por mototaxistas, é odiado pelo povo. 

Até parece, já agora, que andou a prometer algo que sabia que não cumpriria. Hoje, os angolanos terão a certeza de que a incompetência é algo que não se consegue esconder, pelo menos por muito tempo. 

Nem tanto o aumento em si, mas os reflexos decorrentes da subida do combustível querem dizer muito, assim como a crise cambial, que coloca praticamente a nota de cem dólares na casa dos cem mil kwanzas. 

Não nos podemos esquecer da fuga de nacionais, sobretudo jovens, a tal “força motriz”, para o exterior ou dos índices de criminalidade. O lado “positivo” de Lourenço só pode ser a proeza de ter instalado, em sete anos, o caos social em todos os cantos de um país com potencial para crescer, com tudo para dar certo.

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