Em Cacuaco: AGENTE DA PNA É ACUSADO DE AGREDIR VENDEDEIRA GRÁVIDA

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Um inspector da Polícia Nacional, afecto ao Comando Municipal de Cacuaco, está a ser acusado de agredir uma vendedeira ambulante grávida e provocar a morte do rebento, ainda no ventre desta. O caso ocorreu na Vila de Cacuaco, no passado dia 4 de Maio. 

Nzinga Manuel

Teresa Manuel José, a vítima de 28 anos, moradora do bairro Pedreira, no município de Cacuaco, estava grávida de oito meses, quando, alegadamente, foi agredida pelo agente da corporação, o inspector Guilherme Dala, enquanto estes realizavam uma operação para impedir que os vendedores ambulantes ficassem em locais considerados impróprios.

Como é habitual, Teresa Manuel José, mãe de três filhos, acorda cedo e percorre as ruas da cidade, faça chuva ou sol, suportando na cabeça o peso da bacia com abacates que vende, em busca do sustento para a sobrevivência da sua família.

Na tarde de 4 de Maio, por volta das 13 horas, explicou o esposo, João Francisco Banvo, de 42 anos, o inspector Guilherme Dala, que patrulhava na zona, aproximou-se da vítima e, sem contemplações, bateu com o porrete que carregava nas mãos contra a barriga da senhora.

Após a pancada, referiu, a esposa ficou estatelada ao chão e a contorcer-se com dores, sem que o referido agente prestasse auxílio. “Foram as colegas que a levaram para o Comando Municipal da Policia de Cacuaco”, disse João Banvo, acrescentando que só postos no comando fora autorizada a transportação da vítima para o Hospital Municipal de Cacuaco. 

Ademais, elucidou, neste momento estavam, para além da vítima, uma colega e alguns agentes, que, depois de aquela ser recebida pelo corpo clínico da unidade sanitária, retiraram-se, abandonando as duas senhoras no local.

Seguidamente, explicou, a colega da esposa o terá informado, por telefone, e quando ele, o esposo, chegou ao hospital, foi informado por uma enfermeira, indicando-lhe um centro médico próximo para realização de uma ecografia. 

Após a realização do exame de ecografia, regressaram ao hospital, por volta das 20 horas, e daí transferidos para a maternidade Augusto Ngangula, no Miramar. Ali, por volta das 22 horas do mesmo dia, a esposa foi submetida a uma intervenção cirúrgica para extracção do rebento, tendo em conta a gravidade do estado da senhora. “Mas, infelizmente, o bebé estava morto”, disse, sem esconder a mágoa que sentia, para mais adiante dizer que a equipa médica da maternidade o informou que a sua esposa perdeu, aproximadamente, três litros de sangue, e, mais a mais, viram-se forçados a virar o útero da senhora, impedindo assim que a jovem voltasse a ter filhos no futuro. 

No dia seguinte, 5 de Maio, João Francisco Banvo regressou para casa contando tudo à sua mãe, que o aconselhou a voltar para o hospital, junto da sua esposa, enquanto ela, a mãe, se tinha dirigido para o Comando Municipal da Polícia de Cacuaco informando o que havia acontecido com a sua nora.

“Já na Maternidade, por volta das 9 horas, recebi um telefonema do inspector Dala dizendo que estava na minha casa e, como não se encontrava lá, sugeriu que voltássemos a encontrar-nos no comando”, afirmou João Banvo, para depois dizer que, posto lá, por volta das 14 horas, o aludido oficial entregou-lhe AKZ 30 mil, tendo, alegadamente, sido coagido por um inspector-chefe do mesmo comando, apenas conhecido por Virgílio, de apresentar queixa-crime contra o acusado. 

“O inspector Virgílio insistiu, dizendo que não era preciso eu apresentar uma queixa-crime contra o seu colega, porque ele não iria fugir e que custearia todos os gastos, até a recuperação da minha esposa”, esclareceu.

Ainda assim, explicou João Banvo, não se intimidando com as aparentes ameaças do inspector-chefe Virgílio, avisou-os que comunicaria o assunto à imprensa, tendo daquele recebido a resposta, imediata, que mesmo que assim procedesse, em nada lhe valeria a acção. No entanto, no dia seguinte, 6 de Maio, Guilherme Dala, o acusado, dirigiu-se, por volta das 10 horas, à maternidade Augusto Ngangula ao encontro de João Francisco Banvo, a fim de tratarem boletim de óbito. Na ocasião, disse, o mesmo voltou a entregar-lhe cinquenta mil kwanzas, para aquisição da urna, mas ele recusou-se em receber o dinheiro.

“Mais tarde eu e os meus familiares compramos a urna, voltamos ao hospital para pegar o corpo e daí seguimos directo para o cemitério da Funda, onde enterramos”, contou. Realizado o sepultamento, João Francisco Banvo disse ter regressado ao Comando Municipal da Polícia de Cacuaco para conversar com o inspector Guilherme Dala. Alo longo da conversa, disse, o inspector prometeu-lhe que assumiria as despesas com o tratamento, bem como arcava com os gastos das crianças até que a sua esposa se recuperasse. “No mesmo dia ele deu-me 6 mil kwanzas”, contou, para depois clamar por justiça pelo que aconteceu com a sua família. 

João Francisco Banvo, de 42 anos, conta que está agora desempregado, depois que a empresa de segurança em que trabalhava o despediu por conta deste incidente, e faz algum tempo que Dala deixou de prestar o apoio que prometera. “E o estado de saúde da minha esposa deteriorou-se, encontra-se agora com as duas pernas inflamadas e não consegue locomover-se”, lamenta João Banvo. 

A família de João Banvo alega não possuir meios financeiros para ajudar na transportação da esposa para uma unidade hospitalar, tampouco o inspector tem atendido as suas chamadas. 

Contactado, via telefone, o comandante Municipal da Policia Nacional em Cacuaco este Fez saber que o tão logo se deu o incidente os seus homens prestaram socorro à vítima, levando-a até ao Hospital Municipal de Cacuaco, onde foi prestado os primeiros socorros, informações, no entanto, contrariadas pelo esposo da vítima.

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